Crítica – Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls (Sundance 2023)

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Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls não é para todos, mas pode muito bem surpreender.

Antes de começar a ver este filme, confesso que desconhecia totalmente a popularidade de Andrew Bowser no YouTube, bem como o seu personagem, Marcus J. Trillbury, mais conhecido como Onyx the Fortuitous. Como estava a poucos segundos de começar o filme, reparei num parágrafo após a sinopse oficial que acrescentava algumas informações sobre o youtuber e como esta era a sua tentativa de trazer o seu famoso personagem para o grande ecrã, algo que me deixou imediatamente preocupado. Uma coisa é alguém encontrar um pequeno vídeo online e rir de algumas coisas engraçadas aleatórias que uma personagem diz ou faz. Outra coisa completamente diferente é fazer um longa-metragem sobre esse mesmo personagem.

Vou ser totalmente honesto: quando se trata de espetadores sem conhecimento prévio sobre o que é e sobre quem é o filme, não há dúvidas que me incluo numa minoria muito, muito pequena de pessoas que realmente poderão gostar de Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls. A primeira e principal razão para isso é o facto de o protagonista ser uma pessoa terrivelmente irritante. Para ser claro, esta é uma observação objetiva: Onyx é intencionalmente assim. Bowser construiu o personagem justamente para ser conhecido como “o rapaz esquisito”. Alguém que fala e age de maneira extremamente desajeitada, o que pode ser – e provavelmente será – insuportável para a maioria dos telespetadores. Mas não para o igualmente estranho autor desta crítica.

O humor único e idiota que rodeia todo o filme está mesmo no meu limite de estupidez. Se os primeiros cinco minutos fazem o público fugir, no meu caso deixou-me interessado para saber o que é que Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls tinha para oferecer. Há, inegavelmente, momentos em que a comédia falha e Onyx é muito difícil de tolerar. No final das contas, o sucesso do filme está inerentemente ligado ao quanto o público consegue não apenas “entender a piada”, mas também relacionar-se com o protagonista e a história o suficiente para ajudar nas fases menos divertidas.

Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls

A segunda razão está relacionada com a visão orgulhosa e comprometida de Bowser. Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls está longe de inovar em termos de storytelling, seguindo uma narrativa bastante genérica sem quaisquer surpresas. Dito isto, acaba sempre por contar com algo que, como espetador, estou ansioso para ver como será resolvido. De personagens que precisam de completar rituais e jogos a profecias sem sentido que têm de ser cumpridas, senti-me surpreendentemente cativado durante todo o tempo de execução. Já a terceira razão também pode ter algo a ver com isso…

É que a produção do filme começou do nada. Uma campanha do Kickstarter financiou Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls, e é impossível não apreciar isso. Tenho a certeza de que os fãs de Bowser e Onyx vão adorar esse filme e, no final, isso é tudo o que importa, pois eles são a razão pela qual o filme foi possível. No entanto, e ignorando tudo isso, fiquei genuinamente impressionado com os visuais, com o guarda-roupa e com os designs divertidos das criaturas. Na verdade, gostaria que mais filmes desse subgénero pudessem abraçar mais a parvoíce de sua premissa.

O elenco também é muito bom. Todos entendem o que têm a fazer na perfeição, incorporando a superabundância de Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls. Jeffrey Combs traz de volta o tipo louco e caricatural de vilões eficientemente, enquanto Olivia Taylor Dudley serve como uma espécie de equilíbrio tonal, interagindo com todos os personagens ao longo do filme. Terrence ‘T.C.’ Carson é viciante de ouvir – que voz! – e Rivkah Reyes tem a personalidade mais atraente, acrescentando mais emoção à história do que eu esperava. Finalmente, o final climático contém uma cena épica e absolutamente hilariante que faz toda o filme valer a pena.

Mais uma vez, sinto a necessidade de ser claro: Onyx the Fortuitous and the Talisman of Souls não é para todos. Na verdade, devo afirmar que dificilmente agradará a alguém além de seus próprios fãs. No entanto, se os primeiros minutos não vos deixarem frustrados por algum motivo, sugiro darem uma hipótese ao filme. Não, não vos vai deixar malucos. A história é bastante estereotipada e as piadas nem sempre são boas. Mas se forem capazes de alinhar, então certamente irão divertir-se.

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