Crítica – Malignant

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Malignant é mais um excelente filme de origem de uma nova saga criada por um dos cineastas de horror mais bem sucedidos do século, James Wan.

Sinopse: “Madison (Annabelle Wallis) sente-se paralisada por visões chocantes de assassinatos horríveis e tudo piora à medida que descobre que estes sonhos acordados são, de facto, realidades aterradoras.”

James Wan é, sem dúvida, o cineasta de horror mais bem sucedido do século. Afinal, é ele a mente criativa por detrás das maiores sagas do género: desde Saw ao universo de The Conjuring, sem esquecer os menos apreciados Insidious, Wan está na origem de alguns dos projetos que impactaram profundamente como o horror popular é realizado hoje em dia. Além disso, Wan deixou a sua marca em outras sagas bem conhecidas, realizando Aquaman da DCEU e Furious 7, o que prova o seu talento versátil para se aventurar em diferentes géneros e ainda ser incrivelmente bem sucedido.

Malignant pode muito bem ser o início de uma nova saga de horror. Quem é que quero enganar?! Evidentemente, esta é apenas a primeira de muitas, muitas sequelas. Wan inspira-se no género giallo: termo italiano para horror-thrillers com elementos narrativos de crime/mistério. Pessoalmente, a parte mais cativante da história é, de facto, o “trabalho de detetive” em redor da vida da protagonista, principalmente o seu passado. Akela Cooper é a única responsável pela escrita do argumento – a sua estreia numa longa-metragem depois de trabalhar em algumas séries de TV populares (The 100, Luke Cage).

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Em primeiro lugar, Malignant conta uma história tematicamente rica. Adoro um bom jumpscare como qualquer outro fã de horror, mas o argumento de Cooper contém temas essenciais que requerem alguma reflexão. Do abuso doméstico ao sistema de adoção, bem como do tumulto emocional inevitavelmente presente nestas situações, este filme desenvolve estes temas sensíveis sem parecer um mecanismo forçado para dar mais substância à história. Com o passar do tempo, apercebi-me que realmente me importava com a protagonista ao ponto de genuinamente possuir um forte desejo de descobrir mais sobre o seu passado.

O género de horror tornou-se gradualmente mais formulaico ao longo dos anos, por isso, é super refrescante finalmente assistir a um filme tão imprevisível. O terceiro ato guarda revelações surpreendentes e uma conclusão ousada que elevam Malignant a um dos melhores filmes de horror do ano. Annabelle Wallis (Tag) entrega uma prestação poderosa como a personagem principal convincente, Maddie, incorporando toda a sua dor e sofrimento na perfeição. Apesar da inegável eficiência, o terceiro ato possui exposição pesada que prejudica parcialmente o filme algo original.

A primeira metade poderá ser melhor apreciada numa segunda visualização, mas a falta de algo inovador ou fora da narrativa habitual do género faz da mesma a porção mais fraca do filme. Em retrospetiva, “prepara bem o terreno”, mas os clichés e fórmulas ainda estão muito presentes no início. Até mesmo algumas das prestações – talvez devido aos guiões em si – são algo pobres nesta fase. Além disso, uma relação irrelevante e sem impacto envolvendo duas personagens secundárias demonstra ser completamente inútil e não tem qualquer tipo de conclusão.

Tecnicamente, todos os componentes têm um impacto importante no filme geral. Malignant oferece sequências de ação melhor construídas do que em muitos filmes de ação atuais. Definitivamente, um dos elementos que mais me chocou positivamente. Desde uma cena de perseguição extremamente cativante, longa e impecavelmente editada (Kirk Morri) até uma brutal e impiedosa sequência de luta repleta com coreografia excecional (Glenn Foster, coordenador de stunts), um trabalho de câmara notável (Michael Burgess) e um detalhe visualmente criativo o qual não vou revelar, Wan cercou-se com uma equipa fenomenal com a qual já trabalhou noutros projetos. O resultado é impressionante, no mínimo.

A banda sonora de Joseph Bishara é o único componente técnico que não consigo entender se realmente gostei ou não. Algumas transições pesadas com uma mudança abrupta de volume não são propriamente agradáveis, mas tal como o final do filme, aprecio a coragem de algumas decisões criativas. Uma coisa é certa: nenhum espetador se sentirá indiferente para com a música de Bishara, visto que pega numa cena simples e faz com que esta receba um nível muito maior de atenção e importância geral.

Em relação ao final, escrevo apenas que não me surpreenderei se criar uma resposta divisiva. Ousado é o adjetivo óbvio, mas ousado também implica que não vai funcionar para todos. Pessoalmente, deixa demasiados nós por atar, mas tendo em mente que este é apenas o começo de uma nova saga, considero um final decente para um filme que merecia algo diferente dos últimos minutos ocos de todos os outros filmes genéricos de horror. Também devo elogiar bastante os artistas de efeitos especiais e o departamento de maquilhagem, que produzem alguns elementos visuais de fazer levantar a sobrancelha.

Malignant é mais um excelente filme de origem de uma nova saga criada por um dos cineastas de horror mais bem sucedidos do século, James Wan. O talentoso realizador agarra uma narrativa tematicamente rica e misteriosamente intrigante redigida pela estreante em longas-metragens, Akela Cooper, e deixa-se inspirar pelo género giallo.

Possuindo uma protagonista fascinante, brilhantemente interpretada por Annabelle Wallis, as revelações inesperadas, mas pesadas em exposição, do terceiro ato, ousado melhoram definitivamente uma primeira metade bastante genérica e pouco entusiasmante. Ao passo que as impressionantes sequências de ação roubam os holofotes técnicos, a banda sonora de Joseph Bishara toma algumas escolhas criativas divisivas que não irão agradar a todos os espetadores.

Para fãs de horror, não podia recomendar mais.

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