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Killer Heat conta com um elenco talentoso, mas acaba por se perder em diálogos guiados por exposição entediante, falta de imprevisibilidade e twists extremamente desmedidos.

Pessoalmente, basta um elenco interessante para me convencer a sentar no cinema ou no sofá de casa para ver o filme em questão sem sentir necessidade de procurar qualquer outra informação sobre a obra. Killer Heat encaixa-se nesta “categoria” ao conter um trio de protagonistas representados por Joseph Gordon-Levitt (Don Jon), Shailene Woodley (Ferrari) e Richard Madden (Eternals). Realizado por Philippe Lacôte (La Nuit des rois) e com argumento de Roberto Bentivegna (House of Gucci) e Matt Charman (Bridge of Spies) – adaptação da história curta The Jealousy Man de Jo Nesbø -, os espetadores seguem Nick Bali (Gordon-Levitt), um detetive privado contratado para investigar a morte acidental de Leo Vardakis (Madden), um magnata da transportação, irmão gémeo idêntico de Elias – também representado por Madden – e cunhado de Penelope (Woodley), mulher do falecido que não acredita no relatório oficial da polícia.

Mistérios de assassinatos são um subgénero com potencial tremendo. Não só conseguem ser histórias incrivelmente cativantes quando executadas propriamente, como têm o valor adicional de chocarem a audiência com twists inesperados, para lá da “competição” entre espetadores que querem ser os primeiros a decifrar tudo. Killer Heat possuía os ingredientes certos para um serão caseiro interessante, mas quaisquer expetativas mais altas gradualmente desaparecem. O primeiro ato introduz as personagens e o caso de investigação respetivo, mas rapidamente as respostas às perguntas teoricamente complicadas se tornam óbvias.

Killer Heat depende muito de exposição direta e frequentemente forçada para explicar ao público não só as ações que se foram desenrolando ao longo do tempo, mas também o que as personagens sentem e pensam, incluindo uma narração de Gordon-Levitt que não ajuda a contrariar o tom aborrecido, monótono e pouco ativo da obra. O argumento de Bentivegna e Charman segue todas as fórmulas e clichés conhecidos pelo que, quando se chega finalmente ao último ato, existe uma avalanche de twists insanos cuja lógica é tão far-fetched que até o espetador mais desatento e despreocupado considerará demasiado conveniente.

Como qualquer desenvolvimento de enredo ou arco de personagem é levado para a frente através de exposição, Killer Heat também entrega estas revelações teoricamente chocantes com diálogos forçados para informar a audiência do que se está a passar e, apesar de serem twists sem nexo, entram num campo de previsibilidade extrema devido à narrativa genérica. Sem poder contar com o elemento de mistério para cativar o público ao longo do filme, Lancôte depende das prestações decentes do elenco para conseguir levar o filme até ao fim.

Infelizmente, nem Gordon-Levitt, nem Woodley, nem Madden trazem performances memoráveis para o grande ecrã. Incapazes de ultrapassar as barreiras genéricas dos seus guiões, os atores fazem o melhor com o que têm, cumprindo com o tema central sobre ciúme e inveja, apesar de ser um tópico explorado superficialmente. Killer Heat tem ainda problemas com a luminosidade de algumas cenas onde parece que os atores se encontrar à frente de um pano verde devido a saturação exagerada quando, na verdade, a obra foi filmada na Grécia e em local.

VEREDITO

Killer Heat conta com um elenco talentoso, mas a obra acaba por se perder em diálogos guiados por exposição entediante, falta de imprevisibilidade e twists extremamente desmedidos. As prestações são competentes, mas não conseguem salvar um argumento genérico que falha igualmente em explorar de forma impactante o seu tema central sobre ciúme. Um murder-mystery banal e facilmente esquecível de apenas 95 minutos que… parece demasiado longo. Algo certamente não correu bem.

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