Frozen II compensa a espera de seis anos com uma sequela digna de enfrentar o seu original.
Sinopse: “Porque será que Elsa (Idina Menzel) nasceu com poderes mágicos? A resposta está a atormentá-la e a ameaçar o seu reino. Juntamente com Anna (Kristen Bell), Kristoff (Jonathan Groff), Olaf (Josh Gad) e Sven, Elsa parte numa perigosa e memorável aventura. Em Frozen, Elsa temia que os seus poderes fossem demais para o mundo; já em Frozen II espera que sejam suficientes.”
Como já deverão saber, gostei de Frozen mais do que esperava. Portanto, encontrava-me realmente entusiasmado com a sua sequela, seis anos depois. É um dos poucos filmes em 2019 no qual entrei 99% cego. Não assisti a um único trailer, mal vi alguma imagem ou clips televisivos e não sabia nada sobre onde a história se iria focar. Então, com expetativas moderadamente altas, como correu? Muito, muito bem.
Vou escrever imediatamente: gosto mais da sequela que o original. Por uma simples razão: possui uma narrativa emocionalmente mais complexa, que até acho que o público-alvo (basicamente, miúdos) não vai conseguir entender na sua totalidade.
É muito difícil criar um filme de animação com uma história que funciona tanto para adultos como para crianças. Os melhores dos melhores são os que são capazes de praticamente contar duas narrativas diferentes: uma mais simples para crianças com lições de vida básicas e outra para adultos com temas mais profundos. Frozen II não atinge este último nível, mas o seu argumento com camadas permite uma exploração dos poderes de Elsa que genuinamente não esperava.
No entanto, há uma desvantagem evidente deste foco extremo na jornada de Elsa… As outras personagens são colocadas de lado com subplots irrelevantes que esticam o tempo de execução em demasia e, infelizmente, chegam a um certo ponto em que ocorrem ações fora-de-personagem.
Existe inclusivé um período em que uma determinada personagem simplesmente desaparece da história porque Jennifer Lee e Chris Buck não conseguiram descobrir o que fazer com esta durante o último ato. Apesar das histórias secundárias não serem impactantes ou capazes de desenvolver ainda mais as suas personagens, não posso negar que algumas sequências são divertidas e engraçadas. Olaf é o MVP absoluto do filme e, tal como no original, não tem exatamente um arco. No entanto, possui uma das sequências mais hilariantes do ano. Chorei de tanto rir. A sua canção, além de mais um par de cenas onde Josh Gad deita tudo para fora, são alguns dos momentos mais engraçados de todo o filme.
O elenco de voz é novamente perfeito. Anna, Kristoff e Sven vão passeando, com o trio a fazer apenas algo de realmente útil nos últimos 15-20 minutos. Elsa é a verdadeira estrela do espetáculo. Desde o primeiro plano até ao último, é tudo sobre ela e a origem dos seus poderes. Pode ficar muito complicado para as crianças, mas, apesar de alguns pequenos tropeços, é um guião extremamente bem desenvolvido. Com um build-up notável e algumas canções verdadeiramente fantásticas, Elsa passa por vários momentos de ação onde mostra tudo o que sua magia pode fazer. E é visualmente deslumbrante. Tal como no primeiro filme, a qualidade da animação é extraordinária.
De facto colocaram mesmo 200% de esforço nas sequências mágicas de Elsa. Desde a sua corrida contra as ondas do mar até à luta contra os quatro elementos (água, fogo, terra e ar), há cenas imaginativas e incrivelmente divertidas que dão ao filme um nível de entretenimento superior ao seu antecessor. Juntando isto com a banda sonora maravilhosa e poderosa, obtém-se um filme bastante épico, em termos de escala. Isto é, “Into the Unknown” não vai chegar ao nível de loucura mundial de “Let It Go”, mas é uma canção fenomenal. É ainda melhor ouvi-la enquanto se assiste à cena em si. Tanto esta como “Show Yourself” têm um build-up digno de enviar arrepios pela coluna abaixo.
“All Is Found” também é uma canção de embalar memorável que milhares de pais vão cantar para os seus filhos. “When I Am Older” é o momento musical hilariante de Olaf que me deixou a rir durante toda a sua duração. Adoro a banda sonora de Frozen II, bem mais do que a do original. É algo que realmente não estava a antecipa,r de todo. Olhando para trás, até penso que a primeira parcela nem sequer tem canções significativas suficientes. Esta sequela tem imensas músicas que são extremamente importantes para as personagens ou então são paródias engraçadas. Todas são muito cativantes, memoráveis e emocionalmente ressoantes.
Um conselho: por favor, não ouçam as canções antes de assistir ao filme. Não só os títulos e letras oferecem spoilers do enredo, mas arruinam a sensção única da “primeira experiência”. Senti arrepios durante um par delas precisamente porque assisti para além de apenas as ouvir.
Concluíndo, Frozen II compensa a espera de seis anos com uma sequela digna de enfrentar o seu original e, na minha opinião, superou-o. Com uma narrativa emocionalmente complexa, os poderes de Elsa são explorados e desenvolvidos de uma forma cativante, criativa, divertida e cheia de puro entretenimento. A Disney colocou, sem dúvida, os seus melhores animadores a trabalhar, pois a qualidade da animação nunca foi tão visualmente impressionante como aqui. Parece genuinamente um filme mágico.
A demonstração de magia de Elsa, juntamente com a banda sonora original poderosa e arrepiante, são dois aspetos que, juntos, proporcionam alguns momentos verdadeiramente épicos. No entanto, Olaf é o MVP com muito mais tempo de ecrã do que no original e com um par das cenas mais hilariantes do ano. É uma pena que o foco no arco de Elsa tenha posto todas as outras personagens de lado, fazendo-as sentir inúteis e sem histórias emocionantes ou impactantes.
A duração estica-se em demasia devido a estas aventuras secundárias e a exposição chega a ser muito pesada ao longo do filme. No final, Frozen II continua a ser um candidato a Melhor Filme de Animação de 2019.