Crítica – Friends: The Reunion

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A reunião de amigos mais desejada da história da televisão que muitos queriam, mas que poucos sabiam que precisavam, está aí e é memorável.

Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer. Acima estão os nomes dos seis protagonistas da série de comédia mais popular da história da televisão. Estes seis jovens atores (na altura em que o episódio piloto foi gravado) embarcaram numa aventura que transformou por completo as suas vidas e, segundo eles, teve um impacto positivo a nível pessoal. O facto de nunca ter havido um protagonista (que era algo impensável na altura) e o protagonismo ter sido sempre repartido entre os seis teve influência direta no sucesso da série, pois tornou todas as personagens importantes à sua maneira, oferecendo-nos seis protagonistas muito sólidos.

Segundo os produtores, David Crane, Marta Kauffman e Kevin Bright, a inspiração para a criação do conceito de Friends foi fortemente influenciado pelas suas próprias experiências em Nova Iorque, no mesmo contexto da série. Basicamente, esse conceito passava por retratar a vida de seis jovens no início da sua vida adulta, que cruzaram caminhos e, apesar de serem senhores de si próprios (longe do conforto das suas famílias), encontram uns nos outros uma segunda família. Ao longo de 10 anos, as personagens cresceram juntas e foram desenvolvendo fortes laços de amizade, tirando lições umas dos outras. Em simultâneo, aconteceu a mesma coisa com os atores, coisa que vem ao de cima nesta reunião.

Este especial tem 1h44m de duração, mas facilmente podia ter duas horas e ninguém se chateava com isso. O episódio em si está bem aproveitado e encontra um ponto forte na boa organização do conteúdo apresentado. Esse conteúdo passa por uma abertura cheia de nostalgia, um apresentador bem disposto e ponderado (James Corden), dinâmicas divertidas (tais como o quiz do Ross ou a recriação de momentos passados em episódios, através da leitura dos guiões originais), testemunhos de convidados especiais, como foi feito o casting para o elenco, tudo o que acontecia atrás das câmaras, a explosão de popularidade da série e o impacto cultural e emocional que teve.

friends the reunion crítica

No entanto, parece que, por vezes, fica algo por dizer, e dá a sensação que há partes onde as coisas foram cortadas para o episódio não sair longo demais. Na minha opinião não foi uma boa decisão, porque para além de ninguém se importar caso o episódio ficasse mais longo, nota-se em algumas situações a necessidade em otimizar o episódio a nível de duração. Não é grave nem condiciona nada, mas podia ter sido evitado. Entre todos estes momentos que me proporcionaram um turbilhão de emoções (gostei de todos), há três partes que achei muito bem conseguidas.

Uma delas foi sempre que se revisitou o arquivo de bloopers em determinadas cenas e os atores davam o seu parecer sobre o sucedido e como se sentiram na altura. Fascina-me ver este tipo de coisas, pois é possível conhecer melhor o artista por detrás da personagem e a conclusão a que chego é que, por detrás das câmaras, estiveram seis pessoas fantásticas e tudo o que viveram juntos foi genuíno.

Outra parte que gostei bastante foi perceber o impacto cultural que a série teve na vida de outras pessoas. Desde testemunhos de desconhecidos aos de celebridades, é fácil concluir que esta foi uma produção extremamente transversal, independentemente de classes sociais, crenças ou ideologias. A importância deste fator é gigantesca, dado que, mesmo sendo todos diferentes, houve uma produção capaz de meter essas diferenças de lado e oferecer-nos algo para termos em comum. Para além disso, teve um papel importante a nível pessoal para milhões de pessoas, quer tenha sido na ajuda a enfrentar e ultrapassar momentos complicados, a ganhar confiança para enfrentar a vida de cabeça erguida ou até a ajudar a aprender inglês (curiosamente tenho um amigo que desenvolveu o inglês com a ajuda de Friends, por isso é verídico).

Por fim, apesar de inicialmente ter tido algum receio deste reencontro poder vir a proporcionar momentos desconfortáveis, tal não aconteceu. Muito pelo contrário! Esta reunião de Friends é tudo o que um fã da série poderia desejar. Claro que não é a mesma coisa que estar a ver um episódio, mas é um alívio perceber que os atores continuam a ter a magia na recriação das suas personagens. É um alívio maior constatar que, apesar de não ter havido uma reunião mais cedo, as relações de amizade entre eles mantiveram-se ao longo dos anos e nunca perderam contacto uns com os outros.

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Após duas horas e meia a ver o episódio, com muitas pausas pelo meio para tirar apontamentos e rever determinadas cenas, a conclusão a que chego é que esta reunião tem uma importância enorme, ainda mais nos dias que correm. Não é de hoje o desejo dos fãs em ter uma reunião de Friends com transmissão global. Na minha opinião, quando Friends começou a tornar-se novamente popular em 2015 (durante o boom das séries televisivas), teria sido o momento perfeito para efeitos de marketing e merchandising.

No entanto, considero que não teria o mesmo impacto emocional que pode ter agora. Isto porque no ano passado, enquanto sociedade, entrámos numa fase complicada que mudou a vida de milhões de pessoas. Principalmente a nível psicológico devido ao isolamento forçado, remetendo a maioria das interações de amizade para meios virtuais, criando, assim, um fosso na aproximação humana.

Agora, à medida que tudo melhora progressivamente, às vezes há um certo desconforto em reconetar com as outras pessoas por receio ou até falta de hábito. Este episódio de reunião serve em muito para nos relembrar da panóplia de momentos que acontecem, única e exclusivamente, através da interação pessoal e o quão bem nos fazem. Anexado a isso vêm as memórias criadas, que ficam marcadas, fazem de nós aquilo que somos e nos deixam com um sorriso esboçado sempre que as recordamos. Chega a ser encorajador. Se este grupo de amigos o consegue fazer, mesmo tendo passado 17 anos desde o último contacto no contexto que os fez felizes e os ajudou a crescer uns com os outros, nada nos impede de fazer o mesmo.

Friends não é a minha série de comédia favorita. Porém, é a série de comédia que mais influência teve no meu desenvolvimento pessoal e social, logo é impensável não lhe atribuir a importância que tem. No fim do dia, afortunados são aqueles que conseguiram encontrar conforto, refúgio ou aprendizagem em Friends, pois indiretamente ganharam um “grupo de amigos” para a vida, não só em Friends, mas em toda a gente que partilha o gosto por esta magnífica produção.

Obrigado, Jennifer, Courteney, Lisa Kudrow, Matt, Matthew e David. Espero que cumpram com o prometido e se encontrem com mais frequência, pois vocês são maravilhosos e merecem ser felizes juntos.

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