Crítica – Extraction 2

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Extraction 2 é, de facto, impressionante no que toca às sequências de ação.

2020 foi um ano complicado para o cinema por motivos que todos preferimos não recordar. Mesmo assim, foi nesse ano fatídico que surgiu o melhor filme de ação original da Netflix, Extraction. Na altura, a obra surgiu de forma semelhante ao primeiro John Wick: uma espécie de prova para coordenadores de stunts conhecidos demonstrarem o seu talento como realizadores, sem qualquer plano de construir uma franchise. Tanto Chad Stahelski como Sam Hargrave obtiveram mais sucesso do que o esperado e, Hollywood sendo Hollywood, aqui estamos para Extraction 2, novamente realizado pelo último com um argumento de Joe Russo.

A crítica não contém quaisquer spoilers de Extraction 2, mas terá da obra original, logo fica desde já este pequeno aviso.

Uma das grandes questões deixadas pelo final do filme de 2020 foi sobre o estado do protagonista, Tyler Rake (Chris Hemsworth). Tudo apontava para a sua morte, mas a partir momento em que a sequela foi anunciada como tal, deixaram de existir dúvidas. Extraction 2 mostra nos seus trailers como Tyler sobreviveu e, em defesa da obra, esta apenas faz aquilo que praticamente todas as sagas de ação de sucesso fizeram ao longo dos seus anos: proteger o herói da história com imenso “plot armor”, a famosa caraterística narrativa essencial para a construção de uma franchise sem fim definido.

Extraction 2 possui exatamente os mesmos atributos e defeitos do original. A única diferença prende-se com o aumento de orçamento, o que permite uma escala maior e sequências de ação ainda mais impressionantes. Se a obra original entregou um oner – sequência de ação filmada de forma a parecer um take contínuo – de 12 minutos, a sequela eleva o nível de todos os componentes necessários para construir tal sequência e oferece um oner de 21 minutos! Este deve ser observado e estudado como um exemplo perfeito de como misturar brilhantemente trabalho e coreografia de stunts, cinematografia, montagem, efeitos especiais e prestações.

Extraction 2 (Netflix)

Há pouco mais de uma década, um filme como Extraction seria altamente esquecível – John Wick veio mudar o jogo. O nível mediano e genérico das obras de ação não continha nenhum momento memorável, sendo que as poucas stunts eram escondidas por montagem agitada e um trabalho de câmara horrendo. Hoje em dia, apesar do argumento carecer do mesmo cuidado e atenção que a ação recebe, este último aspeto técnico evoluiu imenso ao ponto de transformar uma história formulaica numa sessão de entretenimento bastante satisfatória.

Dito isto, Extraction 2 sofre com a sua narrativa previsível e com a falta de ligação emocional com personagens pouco desenvolvidas. Rake é o único que recebe alguma exploração pessoal do seu arco, mas todos os momentos mais dramáticos que lidam com um aspeto sensível do seu passado parecem mais uma obrigação estrutural narrativa do que algo espontâneo que vem a ser construído ao longo da obra. A prestação de Hemsworth merece elogios atrás de elogios – tem tudo para se tornar numa super-estrela do género – tal como o resto do elenco, especialmente Golshifteh Farahani (Nik).

No fim, Extraction 2 entrega precisamente aquilo que vende. Uma visualização de duas horas repleta de ação genuinamente cativante e carregada de adrenalina – para além do oner, existem mais duas sequências longas de arregalar os olhos de qualquer fã do género. Pessoalmente, desfrutei a obra original um bocado mais do que a sequela nas alturas respetivas de lançamento. Como espetador, espero sempre que os cineastas abordem aquilo que devem melhorar, pelo que a história da sequela manter-se extremamente genérica é mais desapontante do que no original.

VEREDITO

Extraction 2 é, de facto, impressionante no que toca às sequências de ação. O “oner” de 21 minutos (!) é um exemplo perfeito de como juntar trabalho de stunts, cinematografia, montagem, efeitos especiais e prestações – Chris Hemsworth tem tudo para ser uma enormíssima estrela de ação. Se ao menos o mesmo cuidado fosse entregue ao argumento genérico e às personagens esquecíveis…

No fundo, esta sequela tem precisamente os mesmos pontos a favor e contra que o original, apenas com momentos de ação maiores devido ao orçamento. Quem desfrutou do primeiro, sem dúvidas irá desfrutar deste segundo e dos próximos que inevitavelmente chegarão.

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