Crítica – 65

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65 é tão pouco imaginativo e previsível quanto antecipava, apenas com ainda menos entretenimento e muito mais maçador.

Realizado e escrito por Scott Beck e Bryan Woods, responsáveis pelo argumento de A Quiet Place. Adam Driver (White Noise) e Ariana Greenblatt (In the Heights) como protagonistas. Premissa clássica de um “disaster flick” englobada num ambiente pré-apocalíptico, com dinossauros à solta e um asteroide catastrófico prestes a atingir o planeta. Alguém auto-proclamar-se cinéfilo e não se sentir minimamente entusiasmado para um blockbuster que grita “entretenimento puro”, é caso para estranhar. A única pergunta importante é a mesma de sempre: consegue 65 atingir o seu potencial ou afoga-se nas suas fórmulas expetáveis?

Infelizmente, 65 encaixa-se no grupo de desilusões do subgénero respetivo. Afirmar que entrega aquilo que promete é “esticar a corda”, visto que a promessa mais básica era de entretenimento constante envolvendo dinossauros e situações de sobrevivência, mesmo que tudo seja pouco lógico – entrar numa sala de cinema para assistir a uma obra deste tipo com o cérebro ligado significa não entender o propósito da premissa. Mas 65 nem levanta esse tipo de problemas mais superficiais. O maior crime do filme é ser tão desinteressante durante toda a narrativa.

Apesar da duração curta, Beck e Woods não fogem à previsibilidade do enredo, seguindo todos os passos de desenvolvimento genéricos sem uma única semi-surpresa pelo caminho, tornando a visualização mais lenta e monótona. Os cineastas não conseguem construir sequências de ação cativantes, sendo que os efeitos visuais só ajudam no momento mais climático da obra – a colisão do asteroide com a Terra é dos melhores dos últimos anos. No entanto, apesar das muitas críticas pessoais aos últimos dois filmes da saga Jurassic World, os visuais desta sempre foram absolutamente arrebatadores. Os dinossauros de 65 são, no máximo, razoáveis.

Existe uma tentativa de criar um arco de redenção para Mills (Driver), um pai longe da sua família que se vê numa situação de elevada responsabilidade ao ter como objetivo salvar Koa (Greenblatt), uma miúda que não fala a mesma língua. As prestações dos atores são dedicadas, bem-humoradas e, para quem os segue desde os seus primeiros papéis, o esforço de ambos em tentarem elevar os guiões pouco criativos é mais do que notório. No entanto, o tal arco de Mills peca por falta de exploração dos temas introduzidos pelo filme: ausência parental, balanço vida-trabalho, perda, luto e até fé.

65 não se preocupa em aprofundar nenhum dos tópicos acima mencionados, mas também não contém ação suficiente para se poder defender que o intuito era apenas este de entreter a audiência com monstros, perseguições e. explosões. Sinceramente, é complicado perceber verdadeiramente o objetivo principal da obra. Acredito que os últimos minutos deixem a maioria do público satisfeita, especialmente aqueles que entrem exclusivamente em busca daquele único momento mais épico, mas no geral, deixa muito a desejar.

VEREDITO

65 é tão pouco imaginativo e previsível quanto antecipava, apenas com ainda menos entretenimento e muito mais maçador. Adam Driver e Ariana Greenblatt dão o seu melhor, mas tirando o final climático que entrega uma das melhores execuções visuais dos últimos anos no que toca a asteroides colidirem com planetas, não existe um único aspeto memorável nesta obra pertencente a um subgénero bem cheio de histórias mais merecedoras de atenção. Um filme com dinossauros ser tão desinteressante como este devia ser considerado crime cinéfilo.

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