Face à procura, muitas companhias aéreas estão a cancelar voos à última da hora. O motivo é principalmente um: falta de pessoal.
Após muito tempo sem viajar, derivado dos problemas que a pandemia veio trazer, pessoas em todo o mundo querem, de forma geral, algo como recuperar o tempo perdido. É por isso que, por estes dias, os preços estão caríssimos: seja em alojamentos – afinal de contas, já estamos em época alta – mas principalmente com voos, que têm estado lotados e com níveis já superiores aos registados em altura de pré-pandemia.
Mas isto veio trazer um problema: caos nos aeroportos. Esta não é uma situação exclusiva em Portugal, antes pelo contrário. Um pouco por toda a Europa, assim como nos Estados Unidos, temos assistido a dias que, para muitos, são de verdadeiro terror. Voos cancelados à última hora, bagagens perdidas… e poucas opções de resolução dos problemas.
Não parecendo, este caos é algo que se explica “facilmente”: são negócios. Ou melhor, está diretamente relacionado com a falta de pessoal, algo que a indústria da aviação parece não ter previsto.
Greves e falta de pessoal qualificado
Após a crise que a pandemia veio provocar durante esse tempo, o que fez com que muitas pessoas experientes fossem dispensadas – despedidas ou saídas voluntárias -, estamos a assistir a uma nova crise no setor, diretamente relacionada com a falta de pessoa qualificado.
Com essa dispensa, e face à procura que se tem vindo a sentir nos últimos meses, o setor não se preparou para o que aí vinha, não contratando pessoal em número suficiente, ou, se o fizeram, não foram buscar pessoal qualificado para trabalhar num avião ou aeroporto. E dar aos colaboradores essas valências, bom, é algo que demora tempo.
E sem pessoal em número suficiente, os que ficaram deparam-se com excesso de trabalho, logo más condições para poderem exercer as suas funções. Por exemplo, quem está nos balcões de check-in, onde os passageiros também depositam as suas malas que vão para o porão, não têm qualquer culpa do que vai acontecendo, mas são eles que acabam por levar por tabela, ouvindo milhares de queixas de passageiros desesperados. Tudo ingredientes que deixam qualquer um com a cabeça feita em água.
Isto tem levado a greves um pouco por todo o lado. Recentemente, devido à greve de controladores aéreos franceses, muitos voos foram afetados, inclusive os de e para Portugal. São trabalhadores que exigem melhores condições de trabalho, melhores salários. É normal.
Situação em Portugal: voos cancelados, milhares de malas perdidas e famílias divididas
Por cá, várias dezenas de voos já foram cancelados. No início desta semana, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, relativizou a situação, dizendo que está a haver problemas nos aeroportos “por todo o mundo”. Por sua vez, o presidente executivo da ANA Aeroportos, Thierry Ligonnières, reconheceu que há problemas graves com alguns subsistemas nos aeroportos portugueses, destacando o controlo de passaportes a cargo do Serviço de Estrangeiros, mas indica que a culpa é, sobretudo, das companhias aéreas. No entanto, não parece haver dúvidas que a Infraestrutura em Lisboa é frágil face a disrupções.
Nos últimos dias, principalmente em Lisboa, milhares de malas foram perdidas, e isto pode representar um problema massivo para as companhias aéreas: milhões em indemnizações. O extravio das malas de porão pode chegar até aos 1.300€ por unidade. Na passada terça-feira, de acordo com André Teives, presidente do Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos, havia cerca de oito mil malas por entregar aos passageiros.
Já em relação a atrasos ou cancelamentos de voos, as indemnizações variam entre os 250€ e os 600€ por passageiro. De acordo com a AirHelp, empresa à qual podem recorrer para fazerem valer os vossos direitos, entre maio e junho, cerca de dois milhões de passageiros europeus podiam, se quisessem, pedir uma indemnização. Entre os afetados estarão 75 mil portugueses.
Esta semana, só para terem noção, quase 300 voos foram cancelados só em Lisboa.
Entretanto, está a acontecer outra situação: muitas famílias estão a ser separadas para conseguirem embarcar em direção ao destino. Mas isto fará surgir outro problema. Imaginemos que uma família, com crianças e idosos, é, de facto, “repartida” por diferentes voos. Ora, com tantos voos cancelados, se se repartem as pessoas entre vários, existirá uma maior probabilidade de uns conseguirem embarcar… e outros ficarem em terra. Isto, com crianças e idosos, é especialmente chato, e acaba por não fazer muito sentido.
Algumas dicas para, de alguma forma, minimizar a situação
- Viajar noutros períodos ou considerar alternativas ao avião: Se for possível fazer a viagem de comboio, barco, autocarro ou automóvel, talvez devam considerar essa opção, principalmente se o vosso voo vier a ser cancelado e remarcado somente para dias depois. Além disso, e se por acaso tiverem facilidade de viajar no outono, o melhor é optarem por esta hipótese, pois a situação deverá melhorar a partir de setembro/outubro;
- Evitar voos com escalas a todo o custo: Tendo em conta que centenas de voos estão a ser cancelados a nível europeu, devem, desde que a diferença de preço não seja exorbitante, optar sempre por voos diretos. Nesta altura do ano, voos com escala têm tudo para ter um desfecho nada positivo;
- Escolher aeroportos menores: Façam uma pesquisa por aeroportos que funcionem bem e que não tenham historial recente de problemas;
- Viajar bem cedo e optar por companhias aéreas que ofereçam muitos voos para o mesmo destino: Isto porque, se forem apanhar um voo de madrugada, e essa companhia aérea viajar para o mesmo destino algumas vezes por dia, existe uma maior probabilidade de serem realocados para um voo mais tarde;
- Evitem malas no porão: tendo em conta os milhares de casos de malas perdidas, esta é uma das coisas que devem MESMO evitar. Viajem com menos roupa ou acessórios e levem somente uma mala – ou duas, se for possível – na cabine.
