Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition

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Por muito ótimas que sejam algumas remasterizações, serão elas o suficiente para dar uma segunda oportunidade a quem resistiu durante décadas às obras originais?

Não vou julgar Beyond Good & Evil de forma desonesta, dizendo que é objetivamente um jogo “ok”. Porque é melhor do que isso. Mas não consigo afastar o sentimento de que nunca atingiu aquele estatuto dourado que, ao longo de duas décadas, foi partilhado pela comunidade de jogadores. Pessoalmente, nem mesmo agora com a remasterização da obra original.

Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition não é apenas o jogo lançado originalmente em 2003. Como o nome indica, é uma edição de aniversário, de celebração, com um objetivo muito específico: trazer até aos jogadores uma versão revista e adaptada às plataformas modernas, preservando a essência do original.

É, como qualquer boa remasterização, um projeto de louvar e, por vezes, necessário para preservar jogos, que neste caso “lava a cara” para convidar gerações mais recentes a um dos grandes títulos da história dos videojogos, um projeto ambicioso de aventura e espionagem com uma fantástica construção de mundos e mecânicas de jogabilidade variadas que, para a altura, marcaram uma geração. Ao mesmo tempo que antecipa fervorosamente por uma sequela que, pelo que fomos conhecendo até agora, parece o videojogo mais ambicioso alguma vez produzido.

Com visuais refeitos, de onde se destacam as altas resoluções, altas taxas de frames, texturas e efeitos melhorados, há que dar crédito ao trabalho feito em Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition para tornar o jogo mais moderno, em particular no tratamento da iluminação e na re-texturização de todos os modelos com novos materiais e efeitos reativos ao ambiente, como as texturas de pele das personagens ou das vestes das personagens com uma fidelidade impossível na altura de lançamento do original.

Para esta modernização, houve alguns sacrifícios artísticos no que toca à correção da paleta de cores, devido ao novo sistema de iluminação, mas tudo o resto é preservado, incluindo toda a vertente mecânica do jogo, desde a navegação pelo menu, interação direta com o jogo e, claro, todas as dimensões da jogabilidade.

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Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition (Ubisoft)

Dentro do que era prometido, a versão para PC a que tive acesso para jogar é fantástica. Mas não obstante de algumas idiossincrasias, nomeadamente o facto de ter sido na versão da Ubisoft Connect (Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition também está disponível na Steam Store e na Epic Games Store) e pelo facto de, por defeito, o jogo estar trancado a 60FPS nesta versão. Tendo um computador bem apetrechado – com uma Gigabyte GeForce RTX 4090 GAMING OC 24G e um monitor capaz de altas taxa de atualização -, este tipo de limitações impostas não são propriamente boas, pelo que me obrigou a procurar um guia da comunidade para poder jogar Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition em todo o seu esplendor.

Mas a questão que fiz a mim mesmo foi: será que esta remasterização é o suficiente para me deixar encantar pelo aclamado projeto da Ubisoft? A resposta é um infeliz não. Este é mais um caso de um “não és tu, sou eu” e não foi por falta de tentativas. Ao longo dos últimos 20 anos, não me faltaram oportunidades para me juntar a Jade, Pey’j e amigos, na missão de explorar o planeta Hillys e descobrir o passado da protagonista. Na minha memória guardo as vezes que joguei a demo de Beyond Good & Evil na PlayStation 2, e as edições de oferta em revistas e giveaways foram acumulando, assim como todas as vezes que joguei as primeiras horas de Beyond Good & Evil sem nunca ficar encantado ou motivado para continuar.

É uma sensação estranha ficar fora do consenso geral, especialmente quando não há propriamente algo para apontar o dedo, ou havia, pois com Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition, torna-se aparente aquilo que sempre me afastou do jogo. Começando pelo seu início de história lento, que demora até percebermos a natureza e a missão principal de Jade neste mundo, passando pelas mecânicas de jogo arcaicas e constantemente interrompidas por menus e elementos visuais de leitura inicialmente confusa, Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition acaba por não mudar nada na minha perceção geral do jogo original, tornando este novo contacto com o aclamado jogo numa espécie de arrependimento onde, quanto mais avançava, menos queria jogar.

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Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition (Ubisoft)

E é pena. Apesar de “antigo”, a remasterização podia ter dado à jogabilidade o mesmo tipo de tratamento que deu aos visuais, em vez de apenas os adaptar aos novos comandos. Ou a nível de exploração e de resolução de puzzles, adicionar novos elementos de acessibilidade para tornar alguns desafios obtusos mais claros. A título de exemplo, recordo-me de Halo: Combat Evolved Anniversary que, no modo “moderno”, resolvia os problemas de navegação de um dos níveis mais labirínticos ao simplesmente adicionar indicadores visuais no seu chão – por muito controverso que tenha sido.

Tempos de resposta de ações também poderiam ter sido melhorados, assim como afinações de movimento de câmara e de lock on no combate, ou até um log de missões mais claro e acessível, para avançar a história a melhor ritmo.

É claro que tudo o que Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition é, de facto, um produto do seu tempo, quase imaculado, como bem deve ser quando se fala em remasterizações ou de preservação de jogos, mas sinto que é uma oportunidade perdida para aliciar novos jogadores, especialmente se Beyond Good & Evil 2 ainda estiver nos planos da Ubisoft e o mesmo peça um conhecimento vasto da história e mitologia do primeiro jogo.

Para os fãs do original, Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition pode ser mesmo um excelente remaster, e objetivamente falando, a nível técnico tendo a concordar, pois não faltam jogos com o mesmo ou até pior tratamento neste modelo, os quais adoro, defendo e recomendo. Infelizmente, continuo desligado e afastado da saga Beyond Good & Evil para querer ir mais a fundo no seu universo, e esta nova versão não me encantou.

Beyond Good & Evil – 20th Anniversary Edition está disponível para PC, consolas PlayStation, Xbox e Nintendo Switch.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela Ubisoft.

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