Análise – Wonder Boy: Asha in Monster World (PlayStation 4)

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Um clássico reinventado, mas demasiado próximo da versão original para se destacar dos restantes títulos do género.

Passo a passo, a série Wonder Boy, cujas origens se cruzam também com a franquia Adventure Island (da Hudson Soft), parece estar finalmente a preparar o seu regresso. Depois de Wonder Boy: The Dragon’s Trap e Monster Boy and the Cursed Kingdom, duas homenagens muito sentidas às aventuras de infância nas consolas da SEGA, chegou a ver de reencontrarmos Asha e o mítico Monster World IV. Apesar de ter falhado o seu lançamento original na Mega Drive, tornando-se num dos exclusivos japoneses mais apetecíveis da consola, o clássico de ação e aventura estreia-se nas novas consolas de cara lavada, mas com a mesma jogabilidade de sempre, num remake tão fiel ao original que somos levados a pensar: qual é o seu propósito?

O propósito, no entanto, é tornar-se mais acessível para uma nova geração de jogadores. Apesar da jogabilidade se manter inalterada, apostando novamente na ação rápida e nas secções de plataformas mais desafiantes, Wonder Boy: Asha in Monster World apresenta controlos mais limados, fluídos e naturais, mantendo a perspetiva 2D, mas expandido os cenários para a tridimensionalidade. A nova versão apresenta também barras de energias para todos os inimigos, que facilitam os combates e a leitura dos mesmos – não existindo tantos riscos como no original –, e a possibilidade de gravarmos a partida em qualquer parte do mapa. O feiticeiro, encarregue de gravar a campanha no original, continua presente na nova versão, mas apenas com o intuito de ajudar os jogadores com dicas e informações sobre as zonas e masmorras em que se encontram.

Se jogaram Monster World IV, podem contar com a mesma jogabilidade clássica da série da SEGA, com a mesma aposta nas habilidades especiais, desta vez a cargo do adorável Pepelogoo – que nos permite, por exemplo, utilizar um duplo salto ou ajudar em puzzles, transformando-se em novos objetos –, na aquisição de armas, escudos elementais e braçadeiras que melhoram os pontos de vida de Asha. Também temos a possibilidade melhorar permanentemente o número de corações através da recolha de pontos de vitalidade, que funcionam como os colecionáveis do jogo e adicionam alguma variedade e motivação à exploração e repetição de zonas.

Mas a nível mecânico tudo se mantém igual. Asha pode atacar para cima e para baixo, tal como utilizar a magia da sua espada para infligir maior dano aos inimigos. Até as animações são idênticas, apesar dos modelos 3D apresentarem agora uma maior fluidez e personalidade nos seus movimentos. O mesmo se aplica ao level design, dentro e fora das masmorras, que, pelo que pude averiguar, não sofreu quaisquer alterações. É mais um revisitar do que um remake, uma pintura de fresco com novos modelos e um estilo visual que nem sempre funciona – ora os cenários são vibrantes pelas suas cores, ora têm um aspeto plástico e com texturas básicas. Não existe uma consistência visual e a passagem para 2.5D não foi a mais feliz. Ao contrário de Wonder Boy: The Dragon’s Trap e dos seus cenários desenhados à mão, o regresso de Asha aproxima-se mais de Adventures of Mana no que toca ao seu estilo visual – e isto é, peço desculpa, uma enorme ofensa.

Se não existiu criatividade visual na direção de arte, ou uma vontade sincera em readaptar o clássico a um novo estilo – ainda que o modelo de Asha seja sólido -, este relançamento cai um pouco no vazio. Não existem novidades suficientes que justifiquem a sua existência, fora alguns elementos que tornam a experiência mais acessível, e terminei o jogo a sentir que Asha merecia algo novo e diferente do original o suficiente para viver por si só. Não deixa de ser uma aventura sólida, apesar de algumas masmorras serem cansativas devido ao seu tamanho, mas existiam mecânicas que podiam ser melhoradas – como a utilização do nosso companheiro adorável para ações tão simples como um duplo salto – nesta nova versão e tal não aconteceu.

Ainda bem que existe, é a conclusão a que se chega, pois novos jogadores terão acesso à série e a este capítulo perdido do catálogo da SEGA, mas fico a aguardar pelo regresso a sério de Wonder Boy.

Nota: Satisfatorio

Disponível para: PlayStation 4 e Nintendo Switch
Jogado no PC
Cópia para análise cedida pela PR Hound.

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