Análise – Trigger Witch (PlayStation 5)

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Num mundo onde bruxas usam armas automáticas, o aborrecimento é a grande surpresa.

A Rainbite continua a tentar criar, quase à força, o seu próprio The Legend of Zelda. Depois de Reverie, que também bebia da mesma fonte de Earthbound, a equipa independente regressa ao género de ação e aventura com Trigger Witch, um jogo que mistura a descoberta e exploração das aventuras de Link com os combates frenéticos de Enter the Gungeon, criando uma experiência desafiante, mas longe de ser memorável.

A comparação a The Legend of Zelda é inevitável e não a faço negativamente, antes pelo contrário. Existe aqui uma boa compreensão no que toca ao design do mundo e dos níveis da série da Nintendo. Em Trigger Witch, somos transportados para uma realidade onde as bruxas perderam a sua magia e foram obrigadas a trocar as varinhas por metralhadoras, naquele que é um dos conceitos mais cómicos que tive o prazer de descobrir este ano. E como The Legend of Zelda, a nossa protagonista tem de explorar zonas interligadas e com biomas diferentes enquanto recolhe itens, mata dragões e melhora o seu arsenal à medida que desvenda novos segredos, resolve puzzles e desbrava masmorras extensas – demasiado até, para o meu gosto – numa aventura bastante recheada.

Esta é a vertente de aventura de Trigger Witch, esta sucessão de masmorras, zonas e itens que criam uma campanha que progride a um ritmo aceitável. A Rainbite não se limitou a homenagear a franquia da Nintendo e foi buscar outras influências que dão ao seu jogo de ação e aventura um toque mais moderno, permitindo ao jogador melhorar o seu arsenal, mas também a sua energia e poções mágicas. Esta adição incentiva-nos a explorar as várias zonas e a descobrir os locais escondidos, a resolver puzzles ambientais e a interligar dicas para encontrarmos os tão cobiçados pontos de melhorias que nos permitem aumentar o poder de ataque, a velocidade e o número de balas das nossas armas. Com o armamento a crescer ao longo da campanha, existe muito para melhorar e vai ser preciso dedicarem o vosso tempo para descobrirem tudo.

Como um twin-stick shooter, Trigger Witch aposta na ação frenética e na dificuldade, colocando-nos regularmente em arenas fechadas e em combate direto com ondas de inimigos. O esquema de controlos já é tradicional, com o analógico direito a controlar a mira e o esquerdo a servir para movimentarmos a personagem, e em equipa ganha não se mexe – e ainda bem. Os combates são desafiantes, os inimigos atacam sempre com imensa agressividade e os combates contra bosses obrigam-nos a dominar perfeitamente a movimentação e a troca rápida de armas para continuarmos a atacar. O facto das poções, que curam a vida da nossa bruxa, só poderem ser enchidas ao eliminarmos as criaturas em combate – que podiam ser muito mais variadas do que são, o que causa algum cansaço em jogo – dá aos confrontos uma maior urgência e necessidade de contra-ataque.

É um sistema com poucas surpresas, que funciona dentro do seu classicismo, mas que não se consegue destacar pela positiva. No entanto, Trigger Witch exige alguma memória muscular que nunca se tornou propriamente intuitiva ao longo das minhas horas em combate. A combinação entre armas não é natural e é agravada por um sistema de carregamento que não funciona tão bem como devia, ainda que sirva para adicionar alguma tensão aos combates. Com uma pistola sempre à disposição, podemos apenas alternar entre duas armas secundárias, como espingardas e lança-granadas, seja através da seleção rápida (por L1) ou pelo menu radial.

O problema é que só podemos carregar a pistola manualmente, com as armas secundárias a necessitarem de um período de cooldown que quebra o ritmo dos confrontos. O facto de alternarmos duas armas através do L1, que necessitam de cooldown, é contraproducente, e ainda que o jogo tente manter o jogador em jogo ao passar automaticamente para a pistola quando as balas terminam noutra arma, a verdade é que nunca recuperamos o ritmo do combate e somos obrigados a reposicionar-nos em campo.

Com masmorras demasiado longas, cujo design foca-se mais na expansividade do que na qualidade ou no desenho cuidado dos seus puzzles, Trigger Witch foi uma experiência progressivamente mais cansativa e repetitiva. Mesmo com algum sentido de humor, o jogo não consegue ultrapassar os seus problemas e encontrar um ponto de equilíbrio onde tudo passa a fazer sentido.

Fora as homenagens aos clássicos dos 16 bits, a arte também não impressiona e falta-lhe personalidade. Reverie, apesar da sua simplicidade, tinha mais coração, e Trigger Witch é apenas uma tentativa sólida.

Nota: Satisfatorio

Disponível para: Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch
Jogado na PlayStation 5
Cópia para análise cedida pela Plan of Attack

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