Análise – Nier Replicant ver.1.22474487139… (Xbox One)

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Uma fantástica e emocional jornada que requer as expectativas no sítio, especialmente para quem chega aqui depois de Nier Automata.

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Quando se fala num remake ou remaster, há uma de duas formas de o abordar, enquanto aquilo que é hoje ou enquanto aquilo que faz para revitalizar um jogo de outra era. Para Nier Replicant ver.1.22474487139… eu escolho a primeira opção, muito porque esta foi a primeira vez que tive a oportunidade de o jogar depois de me apaixonar pelo belo mundo de Yoko Taro, neste caso na sequela Nier Automata.

Adorei Nier Automata com todo o meu coração. É atualmente um dos meus jogos favoritos de sempre e entrei no seu mundo completamente às escuras e alheio à existência de um jogo passado (ou mais se considerarmos a série Drakengard). Apesar da insistência de amigos e colegas, não joguei Nier original e foi Replicant ver.1.22474487139… que me permitiu experienciar o aclamado título criado pelo louco Yoko Taro.

Tinha duas ideias em mente quando entrei em Nier Replicant: Uma seria que é um jogo de uma outra geração, mas agora de cara lavada, enquanto que a outra iria ser uma triparia pegada com gimmicks narrativos deliciosos, cheio de twists emocionais e decisões de design que, a favor ou contra a minha vontade, iriam agarrar-me ao ecrã mais tempo do que um jogo tradicional. E sim, encontrei exatamente isso, mas não fiquei tão apaixonado como gostaria.

Não há dúvidas que Nier Replicant só existe graças ao sucesso surpresa da sua sequela. Enquanto que os fãs do original têm exatamente aquilo que pretendiam, quem entra pela primeira vez terá que se preparar ou conter as suas expectativas.

Neste ângulo, de fã da sequela ou de poser, se assim o pretenderem, olho para Nier Replicant como um reflexo da sua sequela. O Ying para o Yang que é Automata. Onde um falha o outro sucede, encaixando as suas peças de forma brilhante e evocando uma vontade de juntar os dois jogos numa única experiência, ao mesmo tempo que partilham os elementos onde a série é objetivamente excelente.

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Apesar de se sentir a idade de Nier original, lançado em 2010, Replicant apresenta-se de forma bem atual, com gráficos melhorados, nova paleta de cores, efeitos fantásticos, resoluções 4K e um desempenho fluido a 60FPS delicioso (com base na versão da Xbox One a correr na Xbox Series X), que nos coloca em constante controlo da nossa personagem durante os combates que se notam bem que são um “protótipo” do que estaria para vir no futuro.

Visualmente, esteticamente e em ambiente e atmosfera, apesar dos quase 10 mil anos que separam as duas aventuras, Nier Replicant é extremamente familiar. Não só pela estrutura narrativa ou pela jogabilidade aqui mais simplificada, mas pela atmosfera e pela música que nos acompanha ao longo da nossa aventura.

Sempre me disseram que Nier tinha a melhor música da geração da PS3/Xbox 360. Nunca duvidei, mas acho que agora posso comprovar. Até mesmo para a geração que passou e a atual, o trabalho da equipa de Keichi Okabe é monumental, emocional, épica e etérea. O registo é tão aconchegante como eletrizante, muitas vezes com o seu tom usado em justaposição com os eventos que ocorrem no ecrã, mas capazes de amplificar emoções catárticas onde menos esperamos.

A tragédia acompanha a nossa aventura em Nier Replicant. A Toylogic, contratada para esta remasterização, escolheu com a ajuda do seu criador dar aos jogadores a possibilidade de jogar com Nier na sua versão jovem, em busca de uma cura de uma praga que afetou a sua irmã – uma versão desta história que no passado foi lançada em exclusivo no Japão -, enquanto que, por cá, controlávamos a sua versão adulta, no papel de pai.

Ao longo da nossa jornada, que começa com exploração em procura de pistas para a cura e que, a certa altura, se transforma numa corrida contra o tempo para a salvação da pequena Yhona, vamos encontrando personagens que nos acompanham, como Kainé e Emil, também eles com passados trágicos e com uma presença para onde a narrativa do jogo também gravita fortemente. Mas não é só neles que a história e a experiência de jogo se concentra; é, também, nos habitantes deste mundo, com missões principais e secundárias, muitas delas até descartáveis, que acrescentam todas as camadas emocionais necessárias para encontrar mais peças para a justificação de um mundo cruel. Todas as personagens têm uma história, todas são trágicas e todas puxam à emoção e, na sua natureza cínica e emocional, são a melhor parte do jogo.

Até aqui, Nier Replicant ofereceu-me exatamente o que queria: uma jogabilidade interessante, um elenco de personagens brilhante e de caracter bem mais desenvolvido que a sua sequela (tornando-os muito mais afáveis e humanos) e música incrível. Acontece que também me desapontou… precisamente onde queria que me surpreendesse.

Na verdade, a surpresa não era muita, mas a estrutura de Nier Replicant ficou um pouco aquém do que estava a espera. Ainda assim, julgo que nenhum fã me fosse avisar anteriormente que ia ser assim, já que é um dado adquirido da experiência Nier. E refiro-me à repetição.

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Nier Replicant é extremamente repetitivo. Quanto? O suficiente para nos convidar a passar o jogo, ou uma grande parte, entre três a cinco vezes, dependendo da nossa disponibilidade, vontade e interesse em atingir todos os finais e o verdadeiro final que chega em exclusivo a esta versão com novos conteúdos.

Ao passo que a sua sequela usa o mesmo mecanismo, levando os jogadores até um ponto da história e terminando-a com pouca resolução, mas oferecendo mais conteúdo com a repetição dos eventos numa nova perspetiva, Nier Replicant limita-se a pedir ao jogador a repetição exata do que fora feito anteriormente pelo menos metade do jogo, onde as diferenças narrativas, ou melhor, o acréscimo narrativo, é feito com mais cinemáticas em momentos chave. Ao fim da segunda jornada, apercebemo-nos que, afinal, tudo poderia ter sido contado apenas uma vez, mantendo os mesmo beats e twists emocionais intactos.

É certo que os tempos eram outros e a preservação do jogo é garantida, mas não consigo afastar o desapontamento e quase irritação de uma extensão artificial do meu tempo com o jogo. Se um nos convida a explorar novos ângulos e dimensões narrativas, Nier Replicant simplesmente obriga-nos a tal.

Felizmente, tudo o que oferece raspa a excelência. As barreiras que o jogo apresentou só irritam se realmente forem eficazes e nos fizerem importar com o que o jogo tem para dar. E nesse departamento, posso dizer que sucedeu. E bem.

É, sem dúvida alguma, um jogo fora do seu tempo, com uma conceção que hoje teria um nível de polimento diferente e formas de contar a sua história também elas diferentes, como já pudemos comprovar em Automata, que expande em todas as direções. Se gostaram do original, ele está aparentemente aqui, até com mais conteúdos, como um novo capítulo integrado na história principal, um novo final e uma área de árcade. Se são novos na série, é um ótimo ponto de entrada. Já se tiverem jogado Automata… bom, é mais Nier, mas contenham as expectativas que a sequela tão alto as elevou.

Nota: Muito Bom

Disponível para: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5
Jogado na Xbox Series X
Cópia para análise cedida pela Ecoplay.

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