Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness

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A adaptação do aclamado Made in Abyss perde toda a sua magia num jogo que troca a alma por puro aborrecimento e repetição.

No calor do momento de emoções despoletadas por uma experiência, temos tendência em gritar aos céus que é a melhor ou a pior coisa do mundo, mesmo sabendo dentro de nós que já experienciámos melhores ou piores coisas. Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness é um dos mais recentes exemplos a provocar esta reação. Mesmo sabendo que não é a pior coisa que já me passou pelas mãos, o meu tempo passado com o jogo foi sempre assombrado com um “este é o pior jogo que joguei este ano”.

Made in Abyss, o anime em que se inspira, é especial. Da apresentação à execução, é um anime marcante que, por baixo da sua adorável imagem, esconde temas e situações adultos, crus e de arrepiar. Com uma narrativa linear e de progressão quase “videojogo”, onde as personagens avançam enquanto descem num misterioso buraco na Terra, cheio de ambientes, ambientes e criaturas alienígenas, tem as fundações para ser transportado para um videojogo. Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness faz praticamente isso. É o seu pitch, mas falha redondamente na forma como escolhe manter os jogadores entretidos.

Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness conta com duas campanhas, com a segunda desbloqueada após o término da primeira. O grande destaque do jogo recai sob a primeira, a Hello Abyss, que é essencialmente o recontar de parte do anime em que se baseia. A história, as personagens e a missão principal são as mesmas, mas nada faz de novo ou bem. Já a segunda parte, Deep in Abyss, é uma história original com uma personagem personalizada pelo jogador, mas que se perde pela sensação de direção e por todos os problemas que a primeira parte denuncia.

Parte visual novel, parte jogo de exploração, Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness também se divide assim em dois géneros, onde uma grande porção do tempo é passada a falar com outras personagens, entre divisões por onde nos deslocamos por menus e onde nos são dadas a maioria das missões. É… aborrecido. Muitas interações são longas e irritantes por causa do trabalho de voz das personagens. Este modelo afeta logo de início a nossa perceção do jogo, uma vez que parte da sua narrativa e as razões pelas quais temos objetivos se concentram aqui.

O Death Stranding do AliExpress.

O resto do jogo é de exploração, num mapa dividido por zonas, onde a nossa personagem vai poder descer e explorar. O jogo resume-se a fetch quests de ir buscar itens e ingredientes para entregar, ou para fazer dezenas de receitas que nos ajudam a manter energia durante as nossas jornadas, além de outras ferramentas de uso limitado para podermos navegar o mapa. Pelo meio temos criaturas, das mais pequenas às gigantes, com as quais combatemos apenas com o pressionar de um botão, com um sistema de combate irritante e simplista.

Há um contraste gigante à quantidade de mecânicas presentes, com o destaque para a maldição à medida que vamos descendo, face à simplicidade aborrecida e incompreensível com que é aplicada. Muita da exploração, uso de ferramentas, craft e mesmo o fetch questing, pode até ser comparado a um jogo como Death Stranding, mas com uma fração do orçamento e cuidado, caindo perigosamente no território de projeto académico inspirado nessa obra.

Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness, com o seu aborrecimento inerente, acaba também por ser irritante quando um pequeno erro mata dramaticamente a nossa personagem e nos atira para o início da região. Com um level design medonho e de difícil leitura, não é propriamente um jogo agradável, ou chill, apesar de até ser bastante fácil.

Apesar do material em que se inspira – o anime e não a sua manga -, Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness apenas pega no conceito e nas personagens. A arte é aproximada ao que já vimos na TV, mas a animação atroz, a falta de cinemáticas à altura, a falta do sentimento de espetáculo e, acima de tudo, a ausência da belíssima banda sonora de Kevin Penkin (Star Wars: Visions), faz deste jogo um mau tie-in que não vai agradar nem aos maiores fãs deste universo. Made in Abyss: Binary Star Falling into Darkness está disponível para PC, PlayStation e Nintendo Switch.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela Spike Chunsoft PR.

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