Let’s Sing 2022 – Um jogo necessário, mas muito limitado

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Longe vão os tempos onde Singstar tinha o monopólio dos jogos de consolas dedicados ao karaoke. Estamos em 2022 e Let’s Sing é o atual líder de mercado, mas a capacidade de tomar decisões fulcrais continua a deixar a desejar.

Estou certo que grande parte dos jovens de hoje em dia já jogou ou ouviu falar em Singstar. Se ouviram falar estão cientes do sucesso que foi essa franquia, se já jogaram percebem o porquê. No entanto, a gestão danosa da franquia ditou a sua decadência ao longo de cinco extensos anos (para os fãs), culminando num final polémico e azedo. Serviu este desfecho também para exemplificar a razão de ser preferível ter conteúdo físico ao invés de digital (algo que vou continuar a defender durante muito tempo).

Com o final premeditado de Singstar, outras franquias tiveram a sua oportunidade para ocupar o vazio deixado por este. Tivemos Sing It, We Sing e Let’s Sing, sendo que o terceiro é, provavelmente, o mais bem sucedido dos três de momento. E só não é “maior” porque continua preso a modelos antigos.

Focando no funcionamento do jogo, a interface é um bocado confusa inicialmente, mas após a compreenderem, até acaba por ser intuitiva. Neste jogo, é possível jogar a solo, com amigos (em co-op até oito jogadores) ou online. Também vos é dada a possibilidade de criar mixtapes com uma lista de faixas pré-definidas para cantarem, o que é deveras útil.

Outra funcionalidade interessante prende-se com o facto de poderem cantar uma música sem competitividade. Isto deve-se ao modo “Jukebox” onde vão adicionando faixas à medida que as cantam a solo ou com amigos. Neste modo, podem ter apenas as músicas a correr em contínuo na vossa TV, com a letra em rodapé, só para a malta ir cantando sem ter de competir ou selecionar música a música.

Outro grande ponto positivo deste jogo, ainda para mais em tempos de pandemia, é o facto de não serem precisos microfones para jogar. Basta instalar a aplicação “Let’s Sing Mic” no vosso smartphone, configurar para a consola em causa (bastante simples) e começar a cantar. Desta forma, cada pessoa tem o seu microfone “próprio” e a deteção da voz é relativamente fiel e precisa.

O modelo de subida de nível também é interessante, pois para além de ir desbloqueando novos avatares para o jogador usar, também serve de modelo de competição, com o qual sabemos que estamos a cantar com um objetivo. Os rankings internacionais por pontuação em cada música dá outra dimensão ao factor competição, que já existe graças ao facto de poder cantar contra jogadores de todo o mundo.

Olhando agora para os pontos menos positivos, é preciso falar da gestão que é feita no que toca a conteúdo. Primeiramente só é lançado um jogo por ano, o que limita, em muito, a seleção musical. Até podia ser uma seleção musical alusiva às músicas lançadas no ano em causa ou pelo menos aos hits desse ano, contudo, a seleção deste jogo é tão random e sem critério que acaba por não fazer sentido nenhum.

Temos a novíssima “Leave the Door Open”, dos Silk Sonic, ou até as recentes “Jerusalema”, dos Master KG & Nomcebo, e “Positions” da Ariana Grande, o que faz algum sentido. Mas depois temos “Last Christmas” dos Wham, “Seven Nation Army” dos The White Stripes, “Pretty Fly” dos The Offspring ou “Enjoy the Silence” dos Depeche Mode (tudo músicas que adoro), que certamente faria mais sentido estarem numa edição especial ou num bundle dedicado de músicas.

Acredito que, por detrás desta seleção musical, haja a intenção de oferecer temas para todos os gostos, mas há boas seleções e más seleções. Se o intuito do Let’s Sing é lançar uma boa seleção que agrade à maioria dos fãs de música de festa – que é o objetivo deste tipo de jogos, ajudarem a trazer ânimo a qualquer festa -, digo que falharam redondamente. Mas se o pretendido é fazer com que, quem compra o jogo, se sinta obrigado a investir mais umas dezenas de euros em bundles de músicas que sejam de facto divertidas, bom, acertaram em cheio.

Depois, o modelo de bundles de quatro músicas é claramente um caso de obrigar os utilizadores a “comprar gato por lebre”. É a única opção existente para adquirir novos temas e limita os jogadores a terem de comprar um bundle de quatro músicas, mesmo que não queiram/gostem das quatro músicas do bundle, só para terem as que interessam. E é aqui que surgem mais saudades de Singstar…

Para além dos bundles que compensavam pelo desconto no preço, Singstar também tinha um catálogo para adquirir cada música individualmente e a um preço fixo. Recordo-me que o preço individual por música era de 1,49€ e recordo-me também que gastei cerca de 90€ só a comprar músicas de forma individual para ter a seleção que melhor convinha para os gostos do meu grupo de amigos. Estando limitado aos bundles, acaba-se por gastar mais dinheiro e ficam músicas sem interesse para ninguém (que nunca vão ser cantadas) no catálogo.

Outra solução viável para o futuro do Let’s Sing, caso continue a lançar uma seleção de 30 músicas por ano, seria seguir o modelo de subscrição de Just Dance onde, com o pagamento de uma mensalidade, havia acesso ao catálogo todo.

Let’s Sing é a franquia líder de mercado na sua área, mas comporta-se como um jogo de segunda linha quando tem margem para dominar e capitalizar bem mais fãs e fluxo de dinheiro do que estão a fazer com o modelo atual, que não é nada cativante ou carismático. Na minha opinião, nada justifica estar preso a um jogo que custa 40€, com uma seleção humilde de músicas, para depois ter de gastar mais de 50€ em bundles todos os anos.

Não me interpretem mal. Com a compra dos bundles ou não, o jogo está bem estruturado e pode ser divertido, mas sendo que o cerne da diversão é a música que vem com ele, podem acabar saturados muito facilmente, pois mesmo com os bundles, há uma seleção muito limitada de música.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Ecoplay.

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