Cursed to Golf

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Cursed to Golf é um divertido e simples roguelike que irá depender da vossa paciência para o rei de todos os desportos: o golf.

De todos os desportos do mundo, até daqueles que desconheço ou que desapareceram com o tempo, não existe nenhum que compreenda menos que o golf. Não estou apenas a admitir que não consigo conceber o interesse num desporto onde pessoas batem numa bola com tacos específicos ao longo de campos enormes, muitas vezes acompanhado por sussurros, mas a ponderar sobre o que torna o golf tão interessante e empolgante para tantas pessoas. Não estou aqui para compreender o golf e muito menos para o jogar a sério, mas é cómico pensar como a Chuhai Labs decidiu utilizar o ritmo e esquema aborrecidos deste desporto, muito focado na ponderação e nas tacadas perfeitas, para criar Cursed to Golf, um novo roguelike que acaba de chegar ao PC e consolas.

Em Cursed to Golf, nós somos o melhor jogador de golf do mundo. O topo da montanha é nosso, qual Tiger Woods – menos a infidelidade e os processos -, naquela que parece ser a Segunda Vinda do Cristo do Golf. Durante um torneio, momentos antes de terminarmos uma partida, a tragédia atinge-nos: um trovão atira-nos para o submundo. De campeões a sandes de torresmo num piscar de olhos, assim é a vida deste nosso campeão. Preso no Limbo e amaldiçoado pelos espíritos do golf, só temos duas soluções: ou desistimos e caminhamos para o além ou jogamos várias partidas até recuperarmos a nossa vida.

Parece que o Limbo é, na verdade, um enorme jogo de golf, por isso, preparem-se de antemão. Felizmente, o nosso campeão está preparado para o que o espera, com Cursed to Golf a apostar em cursos repletos de armadilhas, obstáculos e outras surpresas para satisfazer os fãs de roguelikes. Como seria de esperar, cada tentativa é marcada por pistas aleatórias, onde nunca sabemos o que iremos enfrentar a seguir, a não ser o objetivo final: acertar no último buraco. As fases dividem-se por vários caminhos alternativos e, se jogaram algo como Slay the Spire, de certeza que já conhecem o mapa que vos espera. Entre fases, podem ter acesso a pontos de repouso, lojas e até outros brindes, com cada decisão a afetar realisticamente a nossa fortuna ao longo da tentativa. É a base clássica do género.

Quando comparado a outros roguelikes, Cursed to Golf só se destaca pela sua aposta no desporto dos ricos. De resto, o jogo da Chuhai Labs é muito mais familiar do que pensam, com o nosso campeão a ter de utilizar os seus dotes para chegar ao fim de cada desafio. A derrota surge se gastarmos todas as jogadas antes de chegarmos ao buraco, obrigando-nos a recomeçar a partida e a perder todo o percurso. Para evitarmos uma vida eterna sem golf – quem iria querer tal coisa? -, temos de dominar os vários tacos à nossa disposição (drive, iron e wedge), que nos permitem controlar a distância, a força e direção da bola com uma enorme facilidade. As regras do golf foram simplificadas e o jogo é muito mais intuitivo e fácil de jogar do que qualquer outro simulador, mas é necessário compreender como funciona a trajetória da bola, tal como o seu peso e até a mira que temos à nossa disposição. No fundo, os tacos são as nossas armas principais para enfrentarmos os horrores do golf.

Os níveis apostam em vários obstáculos que influenciam positiva e negativamente as nossas partidas. É normal encontrarmos montes de areia, água, silvas e até monstruosidades do além que prejudicam uma jogada que parecia ser certeira. A areia e as silvas influenciam, por exemplo, a distância e velocidade da bola, obrigando-nos a recuperar terreno e nem tanto a continuar a jogar. Já a água é um ponto final para a nossa jogada, cancelando o seu progresso e obrigando-nos a voltar ao local onde estávamos. Por sua vez, existem algumas vantagens em jogo, como ventoinhas que ajudam a bola a percorrer maiores distâncias, teletransportes automáticos e até estatuetas que aumentam o nosso número de tentativas. Cursed to Golf não é sempre equilibrado, já que está dependente da aleatoriedade dos seus sistemas, mas não o considerei injusto e até foi bastante fácil de controlar.

Cursed to Golf também tem um sistema de cartas que nos permite influenciar a progressão das partidas. Estas cartas, que podemos adquirir ao longo da campanha, adicionam uma nova camada estratégica ao jogo e se as souberem utilizar, podem ter a certeza que irão fazer coisas anteriormente impossíveis. As cartas não quebram, no entanto, o jogo ou o tornam demasiado fácil, antes pelo contrário, procuram colmatar a dificuldade de alguns dos layouts que encontramos na campanha. Por exemplo, podemos definir que uma tentativa é apenas de treino sem sacrificar uma jogada, ordenar que a bola pare a meio de uma tacada ou até mudar a sua direção. Quando utilizamos uma carta esta desaparece até a recuperarmos outra vez, outra mecânica familiar para quem segue o género.

A longevidade de Cursed to Golf irá depender da vossa paciência, mas também de uma certa apreciação ao desporto. Apesar de ser uma adaptação muito simplificada de uma partida de golf, Cursed to Golf não deixa de ser um jogo de…golf: para o bem e para o mal. No meu caso, foi uma distração competente e um remix convidativo ao formato que associamos aos roguelikes, mas a minha atenção nunca iria ser alimentada durante horas porque, bem, trata-se de golf e ainda hoje não sei o que move tantas pessoas a adorarem este desporto. Com fantasmas e elementos fictícios, tal como um certo humor e pixel art colorida, é verdade que assim o golf torna-se mais apetecível, pelo menos até nos apercebemos que estamos, de facto e contra todas as expectativas, a jogar golf.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Plan of Attack.

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