Cotton Fantasy – A bruxa dos doces está de regresso

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Desta vez, Cotton não vem sozinha e traz consigo novas personagens naquele que é o regresso aguardado desde o reinicio da série em 2021.

Depois de um reboot inesperado e do relançamento de alguns dos seus títulos mais clássicos, a famosa bruxa, cujo amor por doces acompanha-nos desde o início dos anos 90, está de regresso com uma nova aventura que procura conciliar algumas das suas mecânicas mais populares com níveis mais intensos e um leque de personagens muito variado. Cotton Fantasy, que chega finalmente ao PC e consolas, é a tradicional experiência de ação e destreza, novamente introduzida no género shmups – ou shoot’em up -, mas é também vítima do seu próprio legado e do relançamento sucessivo do seu catálogo mais antigo, demonstrando como a série pouco mudou em mais de 30 anos de existência.

Se jogaram qualquer título da série Cotton, de certeza que estarão mais do que familiarizados com a fórmula. Como Cotton, uma bruxa energética e viciada em doces, têm de navegar níveis repletos de inimigos, derrotar bosses, evitar obstáculos e colecionar o maior número de rebuçados e bombons ao longo de várias fases progressivamente mais desafiantes. Cotton Fantasy destaca-se no historial da bruxa porque recupera não só mecânicas, mas também perspetivas e personagens de vários títulos da série, mas também do reportório da Natsume, funcionando como uma espécie de “best-of” para os mais saudosistas.

No que toca à jogabilidade, as novidades são mais limitadas e, apesar de adaptar novas funcionalidades – como os sistemas Buzz, da série Psyvariar, e Time Attack, de Sanvien –, Cotton Fantasy mantém o seu loop mecânico assente na utilização de magias, que podem ser evoluídas e alternadas através da aquisição de cristais coloridos. Temos um ataque automático, muito mais rápido, mas também a possibilidade de sacrificar um dos nossos cristais para realizar um ataque mais destrutivo, que nos permite aumentar substancialmente a nossa pontuação através de um multiplicador. Infelizmente, as variações entre as seis personagens são muito limitadas e todas elas regem-se pelo sistema de magia, o que retira algum entusiasmo à repetição da campanha.

As novidades de Cotton Fantasy não se limitam ao número extenso de personagens ou a novas mecânicas, e temos também uma reutilização de funcionalidades que marcaram alguns títulos da série. Temos, por exemplo, uma movimentação mais livre, seja 3D ou na horizontal e vertical – o que é perfeito para alguns dos desafios mais acentuados da campanha, nomeadamente os padrões de disparo nas fases finais -, o que se reflete na utilização de duas perspetivas diferentes em jogo. A primeira, e a mais clássica, é a perspetiva lateral, que tanto associamos a este género de videojogos, com Cotton a mover-se num cenário 2D, da esquerda para a direita. A segunda é mais incomum, mas irá certamente satisfazer os fãs da série. Tal como Cotton Panorama, o novo título aproveita a perspetiva panorâmica para construir os seus níveis de bónus, onde, numa visão 3D, controlamos a personagem ao longo de um cenário simplificado, com o objetivo de atingir a maior pontuação possível enquanto recolhemos itens. Infelizmente, Cotton Fantasy faz muito pouco com esta perspetiva, relegando-a a estas fases descartáveis, que pouco adicionam à ação e às mecânicas desta série clássica.

A estrutura da campanha também se afasta do que vimos recentemente na série Cotton. Pelas reedições, podemos depreender que Cotton sempre se construiu sobre uma progressão linear, ausente de escolha ou de caminhos alternativos, com a estrutura a ser auxiliada por uma narrativa simples, mas sempre presente. Em Cotton Fantasy, a Success procurou repensar a progressão clássica da série e encontramos uma vontade em dar aos jogadores uma maior agência no decorrer da campanha. No total, temos 16 níveis à disposição, mas em vez de seguirmos uma ordem pré-definida, temos a oportunidade de escolher quais são os níveis que queremos enfrentar. Entre fases, regressamos a um ecrã/mapa de seleção, onde temos à nossa disposição os vários níveis que podemos completar. Apesar de apreciar a possibilidade de escolher os níveis que quero completar, admito que a ordem, em si, é secundária e quase descartável, visto que os níveis finais, tal como as fases de bónus, são sempre idênticos, independentemente das nossas escolhas. Esta variedade de níveis, com uns impressionantes 16 níveis, também revela outro problema de Cotton Fantasy, a falta de variedade nos inimigos e nos desafios que encontramos em combate. Os níveis assumem uma estrutura muito desinspirada, alguns deles são demasiado curtos e apresentam poucos elementos que os destaquem, o que acaba por invalidar toda esta aposta na escolha e na agência dos jogadores no que toca à progressão da campanha.

No final do dia, Cotton Fantasy é uma experiência muito particular e direcionada aos fãs dos seus títulos mais populares e icónicos. Pouco mudou em três décadas de existência e, se nunca gostaram da fórmula Cotton, não será este novo título a mudar-vos a opinião. Cotton Fantasy é um jogo desafiante, mas falta-lhe variedade e profundidade no que toca aos inimigos que enfrentamos, mas também aos poderes que podemos utilizar em combate. As ideias estão lá e não tenho quaisquer dúvidas de que os fãs irão adorar revisitar este universo tresloucado de bruxas e fadas, mas os restantes jogadores, que procuram uma experiência mais variada no que toca aos shmups, poderão ficar dececionados, especialmente pelo preço elevado com que Cotton Fantasy chega às lojas. É uma curiosidade que pouco faz para ficar nas nossas memórias.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela PR Hound.

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