Carrion – O prazer em ser-se mau

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O metroidvania de terror estreia-se finalmente nas consolas da Sony e demonstra que continua tão delicioso como na sua estreia há um ano atrás.

Depois de um lançamento de sucesso no PC, Xbox One e Nintendo Switch, Carrion estreia-se finalmente nas consolas PlayStation. Existe um ano de diferença entre a sua exclusividade temporária na Xbox One e a chegada às plataformas da Sony, mas o tempo não foi cruel para Carrion. O metroidvania de horror da Phobia Game Studio continua forte, sólido e seguro do seu conceito, apresentando-se obrigatório a um novo grupo de jogadores e a todos os fãs do género.

É fácil ficarmos encantados e assustados com o estilo e a narrativa de Carrion. Não é comum invertermos os papéis arquetipais e assumirmos o papel da criatura medonha e disforme que muitas vezes nos persegue pelos corredores claustrofóbicos das naves, estações e cavernas subterrâneas. Mas em Carrion, nós somos a criatura, uma massa de carne que cresce à medida que se alimenta das suas vítimas e descobre novas habilidades que lhe permitem continuar a desbravar caminho em busca de respostas para o porquê da sua existência.

A campanha de Carrion assume a estrutura de um metroidvania ao permitir a navegação através de um mapa extenso, mas constantemente fechado por habilidades e itens que teremos de desbloquear no futuro. Existe uma certa linearidade inicial que nos ajuda a compreender as mecânicas e a progressão de Carrion, com a Phobia Game Studio a intercalar estes momentos de jogabilidade com sequências mais focadas na narrativa, recontando os acontecimentos trágicos de uma equipa de cientistas. Com o desbloqueio de novas habilidades e com a evolução da nossa criatura, mais caminhos serão acessíveis, existindo igualmente mais opões de navegação, combate e exploração. Não existem grandes novidades na sua estrutura, mas é este apego ao classicismo que torna a campanha familiar, mas igualmente intuitiva para qualquer jogador de metroidvanias.

O que não é tão tradicional é o foco nesta criatura medonha. Carrion constrói-se em torno deste monstro e as mecânicas procuraram refletir o máximo possível que estamos a controlar algo não-humano. A criatura move-se como um líquido viscoso, utilizando os seus tentáculos para se colar às paredes, mas também para atacar as suas vítimas. Não somos indestrutíveis, antes pelo contrário, e é necessário utilizar o layout dos níveis para nos escondermos e atacarmos nas sombras, mas também para fugirmos o mais rapidamente possível quando somos descobertos. É preciso atacar cruelmente os nossos inimigos, que também funcionam como pontos de vida, e o foco em combates por arenas cria a ideia de que estamos perante um pequeno puzzle sempre que chegamos a uma nova arena. Posso até comparar aos desafios Predator, da saga Batman Arkham, onde temos de perceber a melhor ordem de ataque para sairmos ilesos.

Carrion é auxiliado pelo seu estilo visual, em pixel-art, e por uma direção de arte muito apurada e bem implementada, com as cores escuras, de castanhos e cinzentos, a criarem um ambiente muito doentio, mas também violento e desconfortável. A iluminação também dá vida a este ambiente inóspito, onde as faixas de luz procuram dar esperança às nossas vítimas, com as sombras a servirem de esconderijo para o nosso monstro. A interação nos cenários é de louvar, com vários objetos a reagirem à passagem da criatura, mas também aos seus ataques, existindo momentos de puro caos. O foco no horror é certeiro e é o que torna Carrion tão diferente dos seus rivais, ainda que esteja longe de ser um conceito inovador.

Não é a primeira vez que experimento Carrion, uma vez que tive o prazer de o jogar na Xbox One, mas foi bom reencontrar este curioso metroidvania. Apesar da ausência de novidades palpáveis e de não ser o mais imaginativo no que toca ao design dos seus níveis e à sua progressão, Carrion é um jogo divertido que se deleita em colocar-nos no papel do vilão. A campanha é muito sólida, as habilidades são impactantes e existe uma evolução palpável à medida que a nossa criatura cresce e se transforma ao longo da exploração. No fundo, é um bom metroidvania para os que procuram algo diferente.

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Cópia para análise (versão PlayStation) cedida pela Devolver Digital.

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