Em 2017, as vendas de automóveis elétricos em Portugal representavam apenas 1% no setor.
O mercado de automóveis elétricos em Portugal continuou a ganhar força em 2024, com 41.757 veículos ligeiros de passageiros elétricos matriculados ao longo do ano. Este número corresponde a 20% do total de novos registos no país, o que significa que um em cada cinco automóveis ligeiros vendidos é elétrico. Apesar de ainda serem uma minoria no mercado global, estes resultados, diz a ACAP – Associação Automóvel de Portugal, evidenciam uma adesão crescente a soluções mais sustentáveis, reflectindo a procura por alternativas alinhadas com as metas ambientais.
O mês de dezembro foi particularmente significativo, ao registar 5.142 novas matrículas de automóveis elétricos, o maior valor alguma vez atingido num único mês. Este desempenho consolidou o papel das energias alternativas, que já representam 57% do mercado de ligeiros de passageiros novos, incluindo híbridos e outros veículos movidos a fontes de energia mais limpas.
No contexto europeu, Portugal ocupa a sexta posição no ranking de matrículas de veículos elétricos, com uma quota de mercado de 19,9%. Ainda que o país esteja distante de líderes como a Dinamarca, onde os automóveis elétricos representam 51,5% das vendas, o crescimento do mercado nacional tem sido consistente e demonstra uma evolução positiva nos hábitos de consumo.
Bom crescimento na venda de automóveis elétricos, mas longe de ser suficiente
Apesar do aumento no número de automóveis elétricos vendidos, a realidade do parque automóvel em Portugal revela um panorama mais preocupante. Cerca de 1,5 milhões de veículos com mais de 20 anos continuam a circular no país, sendo a maioria movida a combustíveis fósseis. Apenas 9% da frota total é composta por veículos movidos a energias alternativas, o que sublinha a necessidade de acelerar a renovação do parque automóvel para acompanhar as metas de descarbonização estabelecidas pela União Europeia.
Esta discrepância é um dos maiores desafios enfrentados pelo setor automóvel. Embora as vendas de novos automóveis sustentáveis estejam a crescer, o impacto na redução das emissões será limitado enquanto veículos mais antigos e poluentes continuarem em circulação.
Para que Portugal consiga atingir as metas de 2035, ano em que apenas poderão ser matriculados veículos novos com emissões zero, será crucial implementar medidas que incentivem não só a compra de automóveis elétricos, mas também o abate de veículos antigos. A ACAP defende que o Sistema de Abate de Veículos em Fim de Vida deve ser alargado, abrangendo um maior número de veículos, para facilitar a renovação da frota de forma inclusiva.
Outro ponto essencial será a expansão da rede de carregamento. A associação sublinhou a importância de um plano estruturado e ambicioso para garantir que a infraestrutura de carregamento acompanhe o aumento das vendas e a procura crescente por veículos elétricos.