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Stray Souls é um desastre em todos os níveis concebíveis.

Texto por: André Pereira

Stray Souls é, talvez, um dos piores jogos que já instalei na consola – entre as polémicas do produtor, o uso da Inteligência Artificial, a história mal-amanhada e o lançamento colado a fita cola, ainda acho que a minha experiência foi mesmo um sonho febril, uma descida a um inferno bizarro que me fez doer os abdominais de tanto rir. Ei, é quase um The Room!
Enfim, e cada vez começo a achar que o Akira Yamaoka tem um azar do caraças para escolher estes projetos. Se bem que a música nem era dos pontos negativos.

O jogo abre com uma família a ser abatida a tiro por um indivíduo de cuecas ou nu, não consegui perceber, onde cada membro da família era igualmente retorcido. Só que isto era uma ilusão e afinal jogamos com um rapaz que, cliché dos clichés, recebe uma casa de herança e só a mim é que isso não acontece. Nesta economia, nem me importava com assombrações ou maldições.

O Daniel muda-se para a casa da avó, mas prefere passar o tempo no Tinder a falar com as vizinhas numa font minúscula e dolorosa de ler, do que a arrumar a roupa espalhada pelos sítios mais fora da casa ou a abrir portas trancadas. Quem se muda para uma casa e não abre tudo?! As assombrações não demoram e a avó começa a aparecer em cada canto de uma forma tão bizarra que comecei a imitar cá em casa. Em vez de ser perturbador, a experiência é hilariante. Entre a cara da velhota e as reações do neto, não sei, mas ele parece zero incomodado com a aparição. Dá um pulo, a senhora aparece, e volta ao Tinder que passei à frente porque não dava mesmo para ler. No entanto, achei uma mecânica engraçada, mas por refinar.

Depois, encontra a miúda e afinal é a irmã ou meia-irmã? E partem numa viagem para desvendar este mistério, por uma floresta pejada de criaturas que nunca mais acabam. Parecia um Left 4 Dead, cuja única arma é uma Desert Eagle dourada porque sim. Também admito duas coisas, os visuais da floresta eram incríveis, assim como o design das criaturas, apenas terrivelmente implementadas e desperdiçadas neste jogo. Se há partes em que a apresentação é embaraçosa, noutras ainda consegue brilhar.

O jogo também sofre porque não tem identidade, quer enveredar pelo terror psicológico mais lento? Ou quer ir pelos piores Resident Evil sempre a aviar cartucho? Não sabe, não quer saber e a este ponto, nem nós. Não faltam munições, não faltam curativos, mas faltam as razões para os usar porque podemos correr e ignorar tudo. A inteligência dos bichos também não é grande coisa e prefere correr contra o cenário. E ainda na inteligência, resolver os poucos puzzles deste jogo requer pouca ginástica mental e podem ser resolvidos ao calhas ou através do interaçõeschato dos irmãos que não esperam pelo jogador. Podem falar muito de muita coisa para serem engraçados, mas quando deviam reagir aos acontecimentos: nada. Não há reacção, não há expressão, nada. Se o Daniel consegue disparar quips aos bichos, não consegue reagir à aparição da avó ou discuti-la com a irmã?

O jogo não tem um inventário. A única gestão de recursos é o Daniel recusar-se a apanhar alguma coisa. Se tivermos bastantes munições, ele não apanha. Se tivermos poucas, já apanha. É um pouco como brincar às adivinhas, não é?

Como comecei por mencionar, o jogo saiu colado com fita adesiva: a câmara não lida com colisões e tem espasmos por todo o lado; má mistura de som; interface ilegível; os controlos não são responsivos, a inteligência do jogo é medíocre; as animações e visuais das personagens são estranhas e o resto foi preenchido com sugestões de Inteligência Artificial, desde o texto da mitologia do jogo a ilustrações.

Stray Souls junta-se ao recente Gollum na lista dos, “Mas porquê”?Não dá para recomendar este jogo, mas se o apanharem a menos de um Euro Poupança, sempre dá para rir em grupo. O The Room pode ser um “filme”, mas visto em grupo é divertidíssimo!

Cópia para análise (PlayStation 5) cedida pela Plan of Attack.

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