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Mais uma instalação do campeão indiscutível dos simuladores de treinador futebol, desta vez com melhorias discretas. Teremos atingido o ponto de maturação ou foi só um ano menos bom?

Texto por: Cláudio Araújo

Num segmento de simuladores futebolísticos onde impera a falta de competição, seria fácil para a Sports Interactive apenas atualizar os plantéis e mudar o número de 22 para 23 para continuar lucrativa e a entreter aqueles que têm o bichinho do FM. Não foi esse o caminho definido pela empresa. No entanto, e apesar dos esforços, as melhorias face à versão do ano passado continuam a saber a pouco. Esse é o principal conflito de qualquer estúdio que trabalhe para lançar jogos em ciclos de um ano. Notei também que, apesar de habitualmente existirem bugs de traduções no jogo a esta altura do campeonato, desta vez o número é muito maior, e em situações onde não existiam nos anos anteriores, o que me leva a crer que o código de programação deve estar bem mais confuso e apressado este ano.

As principais novidades em Football Manager 2023 são o Recrutamento, o regresso das licenças das competições da UEFA e alterações ao nível do apoio dos sócios tornando-o mais personalizado. Além disso, há pequenos retoques aqui e ali em questões como data analytics, celebrações, movimentos no motor de jogo e uns novos modos de jogo que dificilmente despertarão o interesse dos fãs mais hardcore.

Vou ser honesto: este ano não há grandes novidades que me entusiasmem. Alterações ao processo de prospeção e recrutamento são muito bem-vindas, pois o sistema anterior já estava datado, mas eu sou muito old school no que toca a este processo. Gosto de andar a procurar jogadores, de comprar os meus jogadores favoritos ou simplesmente encontrar listagens online daqueles que, quase de certeza, vão ser craques e podem ser adquiridos a preço de saldo.

Além disso, o processo é chato. Reuniões para aqui e para acolá, montes de relatórios – que na verdade até são úteis para desmascarar os atributos de quem ativa a opção para escondê-los e para verificar a coesão com as personalidades da equipa, ainda que as previsões não são 100% certas. Aqui devo dar destaque ao facto de, em diversos saves, me ter sido impossível contratar o jogador Endrick nas primeiras épocas. Apesar de ele começar no jogo com 15 anos, acho que apenas é possível consegui-lo aos 18 (representação fiel de o jogador ter assumido na vida real que não pretende sair do Palmeiras tão cedo), tornando-se notavelmente mais caro. Não sei se foi assim nas primeiras versões do jogo, mas esta é a situação atual, tratando-se de um bom trabalho por parte da Sports Interactive em reduzir o cheese no jogo.

A nova ferramenta de recrutamento é baseada em processos da vida real, pois a Sports Interactive entrou em contacto com pessoas do mundo do futebol para tentar tornar esta ferramenta o mais realista possível, e parte do Squad Planner permite-nos planear o plantel para os próximos três anos. O Experience Matrix permite-nos ter uma ideia da composição e profundidade do nosso plantel ao demonstrar em que fase da carreira se encontra cada jogador do nosso plantel. Trata-se, no fundo, de um bloco de notas dentro do jogo.

Quanto às licenças da UEFA, são uma boa adição, mas, mais uma vez, pouco ou nada acrescentam sem ser a nível de sons, pois alterações no aspeto do jogo, fotografias de jogadores e outros licenciamentos já eram possíveis de obter online fruto de vários membros da comunidade que, felizmente, se dedicam a este aspeto de jogo de forma gratuita. Digo “felizmente” porque estar o ano inteiro a ver os mesmos ecrãs torna-se castigante, ainda para mais quando o design atual de FM, carregado de fundos roxos, já segue o mesmo padrão há pelo menos três anos, o que não é corrigido por este licenciamento da UEFA, pois apenas altera os gráficos dentro dos ecrãs das competições. Na minha opinião, é um bom plus, mas não é essencial. E acreditem, este foi um dos motivos para ter escolhido o clube que escolhi para este ano: jogar a Liga Europa e depois a Liga dos Campeões.

Os outros motivos foram para testar o já referido novo módulo de prospeção e recrutamento, pelo que então convém que seja um clube que aposta em jovens. Dadas as minhas preferências pessoais, tem também de ser um clube que jogue bem ou pelo menos goste de tentar jogar bom futebol, e convém ainda que tenha uma massa adepta muito personalizada para eu poder verificar aquela alteração que acima referi sobre os adeptos estarem mais realistas.

Agora que a lista “das compras” está feita, hora de escolher o clube para o nosso treinador Echo Boomer. Desta vez, o Arsenal parece encaixar perfeitamente nas nossas preferências, isto é, se conseguirmos qualificar-nos para a Champions do ano que vem.

Além disso, os jogadores do clube têm excelentes atributos dado o momento de forma incrível do clube na vida real, sobrou ainda um orçamento aceitável para contratações (que podemos sempre esticar um bocado com os pagamentos a prestações) e um orçamento ainda melhor para a segunda época que podemos melhorar com a venda de imensos jogadores excedentários que foram emprestados no primeiro ano.

Nesta versão de FM, decidi delegar no staff imensas tarefas, tais como renovação de contratos de jogadores das camadas jovens e dos outros elementos do staff, tudo para me focar nas contratações e em alcançar o 4º lugar do campeonato para jogar a Champions League e ver os resultados do licenciamento. Spoiler alert: conseguimos chegar à Champions a tempo desta review e testar tudo.

Vou ser curto e grosso: o novo “Fan confidence system” não passa de um conjunto de gráficos sobre os tipos de adeptos do clube e que em nada captura a emoção que existe pelo clube. Ao invés desta novidade, a Sports Interactive podia ter dedicado o seu tempo a resolver problemas antigos, como o Gegenpress ainda ser demasiado eficaz ou o módulo de bolas paradas ser um pesadelo. Se quiserem perceber como são os adeptos hardcore do Arsenal ao invés de um gráfico pomposo, vejam um episódio do Arsenal Fan TV no YouTube.

Acaba por não haver muito para escrever este ano, nem sequer uma história empolgante dividida em capítulos de três temporadas. Não digo que as alterações não tenham sido bem intencionadas, apenas em nada alteram a minha forma de jogar, pelo que este FM é mais um refinamento que um jogo novo ou inovador. Continua a ser o melhor simulador de futebol com pequenas melhorias técnicas na IA, gráficos, atualizações nas opções tácticas para ficarem mais modernas (bye bye armadilha do fora-de-jogo), um licenciamento novo e duas “grandes” alterações que, na prática, nada alteram. Compreendo os desafios de se lançar uma versão nova todos os anos (será que têm mesmo de fazê-lo?), no entanto, e pela primeira vez em muito tempo, sabe a pouco, principalmente pelo preço de um jogo novo.

Cópia para análise (PC Steam) cedida pela Ecoplay.

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