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Em Time on Frog Island, procuremobjetos, façam trocas e conheçam os habitantes da sua ilha à medida que se apercebem que falta algo nesta aventura repleta de puzzles.

O que fariam se ficassem encalhados numa ilha? A primeira opção seria explorar a ilha e garantir que tem os recursos necessários para a vossa sobrevivência. A segunda seria, claro, verificar se existem perigos com os quais terão de lidar. Sejam animais, outros habitantes ou alimentos tóxicos, é essencial ter consciência do que está à nossa volta para conseguirmos os recursos necessários para sobrevivermos. Para o protagonista de Time on Frog Island, o plano seria diferente. Ao ficar encalhado na titular ilha, o nosso herói não procura por mantimentos ou métodos de escape e deixa-se antes levar por uma panóplia de puzzles ambientais que o levam a explorar a ilha em busca de itens enquanto trava amizade com habitantes deste mundo verdejante.

É um plano peculiar, não existem dúvidas, mas o nosso capitão está no caminho certo. O seu objetivo continua a ser escapar da ilha e, para que tal seja possível, é necessário remendar o seu barco ao descobrir o leme, a vela e a corda que se perderam durante a tempestade. Time on Frog Island constrói-se através de uma busca incessante por itens que utilizarão para trocar por recursos necessários para resolverem puzzles ou reconstruirem o barco do protagonista. Para tal, precisam de explorar a ilha, que se divide por vários cenários muito idênticos, e conhecer os seus habitantes, todos eles com problemas à medida das vossas capacidades de exploração e de troca de itens.

A aventura divide-se por dias, com as noites a servirem de pano de fundo para a história trágica do nosso marinheiro agora encalhado, que compõem a rotina das várias personagens que temos de ajudar em Time on Frog Island. Cada personagem tem uma rotina muito rudimentar que temos de conhecer e utilizar para conseguirmos os itens que necessitamos, mas a estrutura do jogo baseia-se essencialmente na descoberta de itens que irão deixar os nossos novos amigos satisfeitos. Desta forma, Time on Frog Island é uma caça ao tesouro, onde temos de explorar a ilha e perceber como iremos utilizar os vários itens para desbloquearmos as ferramentas necessárias para arranjarmos o barco. Por exemplo, existem animais e plantas que só surgem quando está a chover, tal como iremos encontrar objetos que só estarão disponíveis no dia seguinte – como poções e outros itens que necessitam de serem construídos -, sendo necessário planearmos o dia para não estarmos sempre a repetir as mesmas ações.

Time on Frog Island é uma caça ao tesouro.

Como não existem diálogos em Time on Frog Island, temos de compreender, através de balões de fala, o que cada personagem precisa. Estes balões apresentam imagens simples sobre os objetos que temos de trocar e a comunicação é sempre tão clara que nunca nos sentimos completamente perdidos em jogo. A ilha também não é tão extensa como aparenta ser no início, ainda que esconda muitos segredos e curiosidades para descobrirmos. No entanto, a estrutura do jogo é tão arcaica e assente na repetição que a experiência dependerá muito da vossa paciência.

Apesar do seu ritmo satisfatório, onde sentimos uma enorme satisfação quando percebemos onde cada objeto poderá ser utilizado, Time on Frog Island adora fazer-nos perder tempo com as atividades mais insignificantes. O facto de só podermos transportar um item de cada vez, sem termos acesso a um inventário, injeta uma camada desnecessária de repetição que vai além da intenção da produtora em forçar-nos a conhecer melhor a ilha do jogo. O que sentimos em poucos minutos é que estamos apenas a tornar uma tarefa rápida numa enorme epopeia sem sentirmos a recompensa necessária para justificar tal escolha de design.

A ambiência de Time on Frog Island procura criar uma experiência mais descontraída e acessível para os jogadores, mas se olharmos para a sua curta duração – que poderá ser expandida se fizerem todas as tarefas secundárias e procurarem completar a lista de troféus – e para as tarefas em jogo, compreendemos que existia espaço para criarem um maior controlo sobre os itens recolhidos e apostar numa variedade de objetivos que não dependessem tanto da deslocação constante entre pontos no mapa. A ilha apresenta biomas distintos, é verdade, mas existe tão pouca variedade entre eles que a deslocação torna-se ainda mais aborrecida do que deveria ser. Se isto já é percetível com uma duração tão controlada, imaginem o que aconteceria se Time on Frog Island se expandisse por várias horas de aventura. Vamos tentar não pensar nessa possibilidade.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Merge Games.

João Canelo
João Canelo
Crítico de videojogos, Guionista, Professor e o responsável pelo melhor mortal nas aulas de Educação Física em 2002. Um aficionado por jogos peculiares.
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