Blast Brigade Vs. The Evil Legion of Dr. Cread – Um metroidvania de linha de montagem

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Apesar de ser um jogo muito sólido, falta-lhe criatividade e uma maior variedade de mecânicas para o tornarem obrigatório.

Blast Brigade Vs. The Evil Legion of Dr. Cread é um daqueles videojogos que não faz nada mal. Como um metroidvania, munido de um sentido de humor muito presente – que usa para parodiar os filmes de ação e de espionagem -, o título da Allods Team traz-nos um mapa extenso, áreas suficientemente distintas e uma aposta na exploração e no combate ponderada que revela uma jogabilidade desafiante e nem sempre equilibrada. No papel, não existem elementos em falta ou tão mal implementados que destoam da experiência que a Allods Team queria proporcionar, mas é também um dos videojogos que menos me cativou neste início de 2022.

Talvez seja mau timing ou um cansaço que se instala depois de ter experimentado tantos metroidvanias, nomeadamente nas últimas semanas, mas há algo no seu ritmo e estilo visual que não me atraem. Os níveis são extensos, repletos de segredos e de momentos de plataformas – que acabam por ser mais desafiantes do que a maioria dos combates –, mas a sua expansividade parece surgir em prol de mapas mais vazios e repetitivos, cuja falta de novidade é agravada pela quantidade de vezes que temos de visitar as mesmas zonas. Os checkpoints também acabam por ser problemáticos, existindo trechos nem sempre equilibrados e viáveis que justifiquem o regresso constante ao último ponto de gravação. O mesmo pode ser dito do sistema de cura, que é muito limitado no início da campanha – cura apenas dois corações -, os frames de invencibilidade e a hit box das personagens, cujo dano nem sempre parece ser justo, e o recarregamento automático das armas. Muitas mecânicas, quase sempre em harmonia, mas que complementam um videojogo mais lento e nem sempre atraente para mim.

Adotarmos uma postura mais pessoal nem sempre é a mais indicada quando estamos a falar de um videojogo e eu tenho total consciência disso, especialmente quando se trata de algo como Blast Brigade, onde nem tudo é péssimo ou mal implementado. Tudo se resume à falta de diversão e de envolvimento com o jogo, ao ponto de suspirar várias vezes enquanto jogava e ouvia as piadas forçadas neste jogo de ação e espiões. Existe, no entanto, um elemento diferenciador que enaltece a jogabilidade durante as suas curtas horas de duração: a combinação entre quatro personagens. Ao longo da campanha, temos acesso a quatro heróis que apresentam novas habilidades e armas que podemos utilizar em combate, mas também na deslocação entre níveis. A troca entre personagens é rápida e é necessário combinar os seus poderes para avançarmos na campanha, com alguns momentos a espremerem um sorriso sincero da minha cara. O problema regressa quando encontramos constantemente os mesmos desafios – utilizar granadas para rebentar paredes, utilizar o gancho para navegar labirintos com picos, entre outros – e a fórmula segura que move a maioria dos títulos deste género.

É embirração por embirração e eu sei disso. Se calhar vão encontrar motivos para adorar este simples metroidvania, mas eu vejo apenas linhas já percorridas e ideias muito utilizadas. Não há nada que distinga Blast Brigade a sério dos seus rivais, nem a sua utilização de quatro personagens e muito menos a forma como estrutura a campanha em torno de combates pouco entusiasmantes e de checkpoints pouco atraentes. Talvez apreciem o seu sistema de personalização, que permite a instalação de habilidades passivas, ou até a evolução da aldeia na praia, que abre novas opções de construção e de armamento, e as batalhas gigantescas e honestamente desafiantes contra os bosses do jogo. Talvez gostem, talvez não. Da minha parte, está desinstalado.

Cópia para análise (versão PlayStation) cedida pela Plan of Attack.

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