A nova época de caça na Nintendo Switch não tem fim à vista.
Há algo de extremamente satisfatório quando vemos o número de horas a somar num jogo onde nos estamos a divertir e onde não vemos o seu “fim” à vista. É o que me tem acontecido com Monster Hunter Rise, a nova aposta da popular série da Capcom, que chegou temporariamente como exclusivo à Nintendo Switch.
Apresenta-se como um spin-off, com uma remistura de ideias, conceitos e modos familiares a quem vem de Monster Hunter: World, mas na verdade faz-se sentir como uma verdadeira sequela do mesmo, limpando alguns elementos e tornando outros mais claros e diretos, resultando num jogo mais coeso, sólido e, por natureza, mais pequeno.
Não conhecia a série Monster Hunter antes de World, mas se houve coisa que senti quando vesti o fato de caçador e peguei nas minhas armas, foi que Monster Hunter não é, num primeiro contacto, das séries mais acessíveis, requerendo leitura de tutoriais e alguma experimentação antes de entrar em modo de role-play em exploração, gestão de recursos e busca por monstros.
Por essa razão, e por me ter afastado de World durante algum tempo, regressar ao mundo destas criaturas foi algo intimidante, mas não tanto como estava à espera. Rise não torna a experiência para novos jogadores propriamente um mar de rosas, mas dá alguns passos nesse sentido com os tutoriais que apresentam as novas mecânicas de jogo, como o Wirebug, que habilita novas formas de locomoção, ataque e defesa, e a presença dos nossos amigos caninos, Palamutes, que tal como os Palicos (os gatos), nos ajudam nas batalhas e a viajar pelas diferentes áreas abertas do jogo. São pequenas camadas que adicionam novas dimensões e um sexto sentido à experiência, ao mesmo tempo que expandem ideias para futuros jogos.
Na sua essência, Monster Hunter Rise não muda muito do seu antecessor, e os jogadores que venham de World, nem que seja casualmente, vão sentir-se bastante familiares com toda a parte de escolha de armas, gestão de inventários e atualizações de armas e armaduras que se mantêm praticamente igual.
Se há coisa admirável em Monster Hunter Rise é a continuação de um sentimento de progressão constante, que mesmo fazendo check às missões completadas, sentimos que o jogo não tem fim, pois além dos objetivos propostos e do suporte da Capcom em oferecer uma experiência de jogo viva e em constantes atualizações, é a busca pela mestria de cada tipo de classe e a vontade de atualizar o nosso equipamento ao máximo que nos vai motivando a partir para caçadas de forma regular. É difícil falar individualmente de cada tipo de arma porque todas elas conferem um estilo de jogo diferente, com ações e comandos diferentes, que se revelam em experiências completamente distintas. Esta variedade de opções tornam a campanha de cada jogador muito única e são excelentes complementos para caçadas online, onde cada jogador tem o seu estilo, seja com as armas mais rápidas e caóticas, como as Double Blades, ou as mais pesadas e lentas, como os Hammers.
Com uma navegação pelo HUB principal inicialmente confusa e com poucos indicadores para seguirmos para os objetivos propostos, podemos entrar e sair de modos online de forma muito mais fácil do que outrora. E para tornar a coisa mais interessante, temos uma campanha online em separado da campanha a solo, mas onde todo o progresso e itens ganhos são partilhados, permitindo, assim, que os jogadores possam treinar e fazer a sua carreira de caçador de forma contínua e com muito mais controlo.
Inspirado em mitologias e folclores asiáticos, o mundo de Monster Hunter Rise é diverso e colorido, com diferentes biomas que guardam criaturas incríveis e assustadoras adaptadas ao seu meio ambiente. Na exploração vemos uma evolução que torna a experiência mais focada, mas ao mesmo tempo demasiado simples para os jogadores mais dedicados. A necessidade de procura de pistas para chegar a um monstro, onde encontramos corpos de outras criaturas e caminhos de destruição até chegarmos ao nosso alvo, já não existe, pois o jogo oferece-nos logo pontos de interesse no mapa para onde podemos ir diretamente à luta.
Por um lado, poupa-nos tempo das missões onde o relógio está sempre a contar, por outro perde-se aquele sentimento de role-play, onde a perspicácia, a leitura de pistas e a gestão de power-ups em tempo real são postas em causa por um ataque surpresa, onde passávamos rapidamente de caçador a presa. Contudo, a experiência é muito mais imediata e, em alguns casos, mais divertida e aliciante em fazer “só mais uma missão” durante as nossas sessões de jogo, seja a solo ou com companhia.
Mas apesar dos cortes, que prefiro chamar-lhes de “foco”, Monster Hunter Rise continua a ser um jogo monstruoso, completo, sólido e extremamente bonito, com alguns dos melhores visuais a correrem de forma tão consistente e fluida na pequena consola da Nintendo.
Não é, na minha modesta opinião, um jogo a recomendar aos jogadores mais casuais ou distantes ao género, pela sempre presente barreira inicial um pouco intimidante que, tal como muitos JRPG, nos apresentam muita coisa de uma só vez. Porém, é sem dúvida alguma daqueles títulos que, para quem tiver uma Nintendo Switch, diria para espreitar, especialmente se quiserem jogar com amigos.
Monster Hunter Rise é um jogo fantástico que não irei largar durante muito tempo, apesar de alguns problemas já mencionados. A caminho das 50 horas, consigo ver o número ao longe a aumentar para os três dígitos muito rapidamente, porque caçar monstros de formas divertidas e criativas para criar novas armaduras mais badass será sempre muito motivante.
Disponível para: Nintendo Switch
Jogado na Nintendo Switch
Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.