47 Metros: Medo Profundo segue a aventura debaixo do mar de quatro adolescentes (Corinne Foxx, Sistine Stallone, Sophie Nélisse e Brianne Tju) que exploram uma cidade Maia submersa. Uma vez dentro, a adrenalina rapidamente se transforma num abalo de terror quando descobrem que as ruínas afundadas são um terreno de caça para os grandes tubarões brancos. Com a botija de ar a diminuir, as amigas devem navegar no labirinto subaquático de cavernas claustrofóbicas e túneis de vento em busca de uma maneira de sair do inferno aquático.
Por vezes perguntam-me se me sinto menos motivado a escrever sobre um filme que não gosto ou que simplesmente odiei. Nem perto. Na verdade, até pode ser exatamente o oposto. Os únicos filmes sobre os quais acho difícil de escrever são aqueles que não têm um único aspeto que seja ou excecional ou horrível. Aqueles que estão tão “no meio” que nos esquecemos deles em menos de 24h.
47 Metros: Medo Profundo poderia muito bem ser este tipo de filme, mas os seus problemas lógicos ridículos no que toca à história são impossíveis de ignorar. Até o título é apenas um esquema de marketing para atrair pessoas que gostaram do original de 2017, uma vez que esta “sequela” é totalmente alheia ao mesmo (a profundidade da água a que as personagens estão nunca é abordada).
É um dos piores filmes do ano. Não bate Serenity, mas fez-me repensar a nota deste, pois é muito difícil de reconhecer uma única coisa boa sobre esta “sequela” terrível. Se tivesse marcado o filme de Matthew McConaughey com a nota mínima, este provavelmente receberia a mesma.
No entanto, da mesma forma que um filme sem falhas não é necessariamente um 5/5, um outro com nenhuma qualidade merecedora de elogio não é instantaneamente um 0/5. Se há algo que eu posso aplaudir 47 Metros: Medo Profundo por conseguir (literalmente, apenas uma salva de palmas muito curta e silenciosa) é que contém duas ou três sequências pequenas onde um jump scare é eficaz ou o suspense foi bem construído… No entanto, isto equivale a apenas um par de minutos de um tempo de execução de quase 90.
As personagens não têm qualquer desenvolvimento. A história segue o caminho mais patético possível. Os tubarões (que são a razão pela qual as pessoas realmente foram ao cinema) não são tão visualmente realistas como no original, atingindo inclusivé um ponto onde o CGI é muito mau. Um peixe grita… A sério?! Quem é que supervisionou esta trapalhada? As personagens falam debaixo de água sem nenhuma explicação sobre como é que conseguem estar a conversar.
Poderia sentar-me e escrever dezenas de perguntas que desafiam a lógica do filme, mas vou parar por aqui. Não porque não quero (não fosse uma crítica sem spoilers, iria enlouquecer), mas devido ao facto de que o problema principal do filme não é o enredo atrozmente ilógico, mas sim a falta de entretenimento.
Velocidade Furiosa, Piratas das Caraíbas, Transformers… Todas estas sagas são (financeiramente) bem-sucedidas. Público por todo o mundo enche cinemas e desfruta destes filmes pelo que eles são: puro entretenimento. Ninguém aprecia estas películas pelas suas histórias complexas ou personagens super desenvolvidas. Vão pela ação, pelas explosões, pela banda sonora épica, pelos efeitos especiais e todos estes aspetos mais superficiais.
47 Metros: Medo Profundo não tem nada disso para compensar os seus outros problemas. Uma ou duas cenas aqui e ali não são suficientes para justificar o preço do bilhete. Até as prestações do elenco são medíocres.
Resumindo, 47 Metros: Medo Profundo não é nada mais do que uma tentativa falhada de iniciar uma franchise nova. Não se deixem enganar pelo título, uma vez que não tem nada a ver com o filme original. Não tenta introduzir personagens convincentes, as sequências com tubarões caem por terra na sua maioria e o argumento está repleto de momentos hilariantemente sem nexo. Não há qualquer lógica. Para um tempo de execução de 89 minutos, surpreende-me como não consegue ser minimamente divertido.
Sem dúvida, um dos piores filmes do ano. Ignorem-no, para que não tenham dinheiro suficiente para tentar fazer um terceiro. Quem sabe?! Talvez começem a apostar em filmes originais, mais pequenos, de cineastas genuinamente talentosos que querem trabalhar no duro e fazer um bom filme…