1ª edição do LGBT+ Music Festival no Porto já não será como inicialmente planeada

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Há já quem chame este evento de Fyre Festival 2.0.

Há algum tempo que andamos com este festival debaixo de olho. E embora tenhamos, de facto, falado sobre este LGBT+ Music Festival em fevereiro passado, a verdade é que, ao longo do tempo, tudo começou a fazer pouco sentido.

Um festival que surge do nada, por parte de uma promotora desconhecida em Portugal, e que pretende ocupar diversas salas da cidade do Porto – não só o recinto da Alfândega do Porto, mas também espaços como a Casa da Música, Hard Club, entre outros – sem fazer sequer uma conferência de imprensa, é no mínimo de ficar de pé atrás. As desconfianças foram-se acumulando ao longo do tempo e, agora, confirmam-se as piores previsões: o LGBT+ Music Festival vai acontecer (pelos vistos), mas não como inicialmente previsto.

“Enfrentámos vários problemas internos que tornaram as coisas mais difíceis para a nossa equipa. Temos estado a trabalhar 24 horas por dia para garantir que o festival vai acontecer, mas devido às atuais circunstâncias decidimos que irá realizar-se num formato diferente”, lê-se num texto divulgado nas redes sociais e que chegou a estar disponível por umas horas no site oficial. Este comunicado nem sequer está disponível em português, o que é ridículo.

“Lamentamos anunciar as mudanças tão perto do festival, mas estamos a fazer tudo o que podemos para proporcionar uma experiência maravilhosa aos nossos espectadores. Para conseguir isso, estamos a trabalhar com a comunidade LGBT+ local para encontrar uma solução viável, e iremos partilhar novidades no final da semana”, diz ainda o mesmo comunicado, com a organização a avançar que, em breve, serão divulgadas “mais informações sobre o processo de transferências ou reembolsos”.

Mas afinal, o que se passou com o LGBT+ Music Festival?

Os sinais de alerta começaram logo com a ausência de divulgação no festival a nível de marketing. Sim, vários “embaixadores” juntaram-se ao evento, mas a nível de comunicados de imprensa, conferências de imprensa, anúncios por parte de marcas parceiras ou dos próprios espaços que iriam receber concertos, nunca se soube realmente de nada. Aliás, o Echo Boomer tentou falar com alguns espaços que iriam receber o festival, mas somente conseguiu chegar à fala com o Hard Club, com um dos responsáveis a dizer-nos – isto em abril – que estavam reservadas datas e que estavam a trabalhar para que efetivamente acontecesse. A mesma pessoa que falou connosco disse que informações sobre o festival iriam ser divulgadas em breve nos canais oficiais. Foi até hoje.

LGBT+ Music Festival

Também tentámos obter esclarecimentos por parte da Alfândega do Porto e Casa da Música, mas sem sucesso. Porém, uma coisa é certa: nunca estes espaços falaram de acolher o festival nos seus canais oficiais.

Além da falta de comunicação, o Echo Boomer sabe que, apesar de o site mencionar vários artistas confirmados, muitos não estavam sequer “legitimamente” confirmados. Ou seja, colocados ali para causar interesse aos festivaleiros. Mel C, por exemplo, nem sequer menciona a sua presença neste LGBT+ Music Festival. Todrick Hall também não confirma presença neste evento, à semelhança de Gloria Groove e Tiga, entre outros.

Outra coisa estranhíssima era o facto de a organização anunciar que os bilhetes estavam esgotados para, uns dias depois, voltar a colocar mais ingressos à venda. Esta situação foi repetida várias vezes, embora um ex-elemento do evento nos tenha dito que a estratégia de ticketing passava por lotes, isto é, disponibilizar somente uns bilhetes de cada vez, de modo a premiar quem adquirisse os ingressos antecipadamente.

Além disso, o LGBT+ Festival anunciou publicamente um programa de referidos nas suas redes sociais, algo que não existe noutros eventos por cá. E claro, um festival ser anunciado em fevereiro – embora uma fonte ligada ao processo nos tenha dito que o festival está idealizado desde 2019 – para acontecer logo em junho… era de ficar de pé atrás.

Algo ainda mais absurdo: em abril, o LGBT+ Music Festival anunciava que os hotéis Pestana Douro e Yotel Porto seriam, na sua totalidade, de uso exclusivo para os festivaleiros. Até hoje, os espaços em questão nunca referiram esta situação, fosse no seu site oficial ou nas redes sociais. Aliás, se pensarmos bem um bocadinho, que sentido faz limitar o uso de hotéis amplamente conhecidos a pessoas que têm bilhete para um festival?

Temos ainda outra situação para relatar e que está relacionada com os passatempos que foram sendo feitos ao longo do tempo. Pelos vistos, nenhum vencedor foi contactado e nenhum bilhete derivado de passatempos foi enviado.

A promotora Apollon Group

Quando começámos a ficar desconfiados deste festival, rapidamente fomos consultar o site da promotora do evento, a Apollon Group, que acaba por ser inexistente. Dizemos inexistente porque a única coisa que o site apresenta é um logo e algum texto a explicar quem são, o que fazem, como, porquê, onde e quando. Só isto. O site estava exatamente assim quando o consultámos na primeira vez e não mudou uma vírgula. Repare-se que a expressão “… Coming Soon” está ali desde sempre.

Apollon

Na verdade, não há qualquer referência online desta promotora existir antes de outubro de 2021, embora se possa ler que tem mais de 50 anos de experiência combinada na produção de eventos. Perguntamos nós: “E então?” Por essa lógica, também podíamos dizer que o Echo Boomer é composto por uma equipa com uma experiência total combinada de 30-40 anos. Não faz sentido esta afirmação da Apollon Group.

Outra coisa estranhíssima, e que invalida desde logo terem dito que o festival está idealizado desde 2019. Para já, ao visitarem esta página, dá-vos logo as boas vindas ao Trace Made In Africa, o que não é correto, pois apesar de ser da mesma promotora, estamos no site do LGBT+ Music Festival. Já a empresa por detrás do evento é a Galaxydelirium, empresa constituída somente em setembro do ano passado e cujo capital social inicial era de apenas 500€. Dois meses depois, o capital social aumentou para 500.000€.

A Galaxydelirium tem como acionistas a britânica So Gidi Ltd, que é a empresa mãe, detendo 75% da empresa portuguesa, e a Beautiful Night, Lda, cuja participação é dos restantes 25%. O ponto comum entre todas elas? As três empresas foram criadas em setembro de 2021.

E quanto ao Trace Made in Africa?

Apesar de toda a confusão que este “downscale” do LGBT+ Music Festival está a causar, a situação não parece ser a mesma para o Trace Made In Africa, que também é promovido pela Apollon. O festival acontece na semana antes do LGBT+ Music Festival, exatamente nos mesmos locais, e, até ver, não existe nenhum comunicado publicado nas redes sociais.

Porém, não deixa de ser estranho que, à semelhança do LGBT+ Music Festival, nem a Casa da Música, nem o Hard Club, fazem qualquer referência a este evento, seja nos respetivos sites ou nas redes sociais.

Além disso, no site do Trace Made in Africa, é possível comprar os bilhetes, sim, sendo que somos remetidos para o site da Fever, mas o caso muda de figura no que toca aos packs de alojamento + festival. Embora, no site, várias opções estejam disponíveis, assim que clicamos em alguma, somos remetidos para uma página do Fever que não apresenta qualquer opção de compra.

Recorde-se que o Trace Made in Africa está programado para acontecer de 24 a 26 de junho no Porto. Já o LGBT+ Music Festival realiza-se de 1 a 3 de julho. Resta saber se, efetivamente, irão concretizar-se.

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