Rock in Rio Lisboa, dia 4. O girl power esteve ao rubro no último dia do festival

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Vários milhares de pessoas concordam: houve artistas nos palcos secundários que mereciam o palco principal. E os próprios palcos merecem uma mudança de localização.

Vou ter que abrir o jogo. Neste domingo, 23 de junho, fui pela primeira vez ao Rock in Rio Lisboa, logo não tenho qualquer base de comparação com anos anteriores, como quem diz, com o recinto anterior no Parque da Bela Vista. Por isso vou evitar quaisquer tipos de comparação. Contudo, posso falar do que vi quer no recinto, quer em cima dos vários palcos por ele espalhados. E quando digo “do que vi”, tenho que ser honesto: do que consegui ver.

Passei algum tempo no Palco Super Bock Digital Stage por várias razões, sendo a principal ser um dos únicos espaços com sombra em todo o recinto (a falta de sombras é um dos aspetos mais criticados pelos festivaleiros), e mesmo o único palco com sombra. Mas não foi a única razão. Outra foi o sentimento de nostalgia que proporcionou, ao colocar em palco alguns dos primeiros grandes YouTubers em Portugal: Djubsu, KikoisHot, Miguel Luz, Nurb, Pakistanman e Peperan. E claro, o stand up comedy, atualmente é um bom toque em qualquer festival.

A tarde de música começou com o DJ de Afro House português Danni Gato, que reuniu no Palco Tejo algumas centenas de pessoas a dançarem ao som dos ritmos alegres que o DJ trouxe ao festival. O Super Bock Digital Stage também encheu rapidamente – provavelmente devido às razões que acima falei – mas a música cantada em português continuou a atrair centenas de pessoas ao Palco Tejo, por onde passaram cantores brasileiros e o rapper Profjam.

Foi também a bordo do sentimento de nostalgia que o cantor de R&B Ne-Yo encheu o Palco Mundo pelas 18 horas – uma hora impensável para milhares de pessoas que foram ao festival apenas para ver o artista norte-americano, parte da juventude de muita gente. Os comentários nas redes sociais atestam: Ne-Yo merecia um lugar à noite no calendário do palco principal, ainda para mais nesta que foi a sua estreia no nosso país. Um concerto cheio de dança, energia e clássicos, muitos clássicos, não é para ser colocado a meio da tarde. E o artista que Ne-Yo é há já várias décadas, não é para ser tratado como “cantor de abertura” de palco – essa tarefa ficou para a espanhola Aitana, nome relativamente desconhecido no panorama musical nacional e que, na minha opinião, não menosprezando o espetáculo que deu, merecia primeiro o palco secundário antes de saltar para o principal. Ne-Yo só não teve o concerto da noite por ter atuado àquela hora da tarde.

Camila Cabello tem sido a artista mais criticada da noite, e com razão. A cantora esqueceu-se que estava em cima de um palco e cantou, praticamente, para as câmaras. Quem sabe se o concerto foi gravado e não é lançado algures, ou fica para arquivo pessoal… – Camila não permitiu captura de imagem por repórteres que não fossem da equipa dela. A interação com o público foi escassa, a concentração da cantora estava na câmara constantemente atrás dela, esteve, até, a gravar TikToks, e parece que o concerto não passou de uma tentativa de promover o álbum “C, XOXO”, a lançar daqui a apenas uns dias. Das músicas conhecidas sobraram “Havana” e “Señorita” para fazer o gostinho aos fãs que queriam ouvir os sucessos. Todos estes motivos, aliados à sobreposição com o início de outro dos concertos da noite, fizeram com que a multidão abandonasse em êxodo o Palco Mundo. Destino: Palco Galp e uma excelente amostra do Brasil.

Falo de Luísa Sonza, protagonista de uma enchente de milhares de pessoas que rapidamente trocaram o pop comercial do Palco Mundo pelos ritmos vindos do outro lado do oceano. É isso mesmo: parece que o Rock in Rio Lisboa tem uma nova diva brasileira a quem recorrer para encher palcos. E que na próxima edição, de preferência, seja o palco principal. A cantora foi sensual, com coreografias arrojadas e cantou os êxitos que os milhares de fãs queriam ouvir, e, por vezes, nem precisou de cantar que a multidão ajudava em uníssono. Confesso que ia à espera de um reportório mais virado para o funk, mas Luísa Sonza deu-me uma lição e entregou um pouco de tudo. Há uma nova estrela brasileira a nascer, e nem Doja Cat, que começou o concerto ainda faltavam alguns minutos para Luísa Sonza sair do palco, fez com que a multidão arredasse pé do Palco Galp.

Doja Cat estreou-se em Portugal e, honestamente, esperava mais. O concerto foi animado, com os hits mais conhecidos da cantora – obrigado, Tik Tok – mas sinto que faltou algo. Aplausos para o decor do palco, com plataformas elevatórias e para a espontaneidade e sensualidade de Doja. Mas a pergunta que toda a gente quer fazer é: o que era aquilo no nariz?

Por fim, o festival encerrou com um concerto incrível de Pedro Sampaio. Milhares, repito, milhares de pessoas acorreram ao Palco Galp, deixando Doja Cat quase sozinha – mais uma vez, a prova de que há artistas que merecem palcos maiores – para ver o produtor brasileiro a dar um show repleto de dança e ritmos contagiantes. Não faltaram as músicas mais conhecidas de Pedro Sampaio que tocam por todo o lado e que puseram a multidão a cantar e a mexer. O artista provou que, na próxima edição, pode fazer com que o Palco Mundo não fique vazio.

Com Aitana, Camila Cabello, Doja Cat, Luísa Sonza ou Soraia Ramos, o quarto e último dia de Rock in Rio Lisboa 2024 foi praticamente dedicado ao pop no feminino. O girl power esteve a 100% neste dia, que esgotou, mas o rei da noite foi Ne-Yo, como refletem todos os testemunhos por essas redes sociais fora.

Há mais para além dos concertos

Vamos falar sobre filas? Não vale a pena, são inevitáveis em qualquer grande festival. Há filas para brindes, para stands de marcas, para as casas-de-banho. Mas comparando às queixas que se fizeram ouvir, e ler, por essa internet fora em relação ao primeiro fim-de-semana do Rock in Rio Lisboa 2024, creio que foi um último dia de festival bastante calmo. Tanto para entrar no recinto como para sair (saí já perto da 1 hora), foram processos fáceis e rápidos. Se isto se prende, ou não, com os ajustes pensados para o segundo fim-de-semana, não posso confirmar.

Contudo, a minha principal queixa – e de muita gente nas redes sociais – vai para a falta de sombras, como já tinha referido. Torna-se incompreensível como é que a organização de um festival da dimensão do Rock in Rio Lisboa não sabe que é imperativa a existência de sombras no recinto.

Outra crítica prende-se com a localização e o exagerado tamanho da tenda VIP. Arrumaram a tenda entre o Palco Galp e o Palco Mundo, os dois maiores palcos do recinto, e isso fez com que milhares de pessoas tivessem que dar a volta à tenda para conseguirem ir de um palco ao outro. Pedimos uma relocalização da tenda VIP ou, quem sabe, toda uma reestruturação dos palcos, para que o som de um não se sobreponha ao som de outro, e para aproveitar da melhor maneira um espaço tão grande como é o Parque Tejo, confirmado como a nova casa do festival.

O Rock in Rio Lisboa está de volta em 2026 no Parque Tejo, notícia confirmada na conferência de imprensa que teve lugar ontem, 23 de junho.

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