Uma experiência gastronómica que desperta todos os sentidos.
Raros são os dias em que não sabemos de novos restaurantes, reaberturas ou novos menus sazonais. O nicho da restauração é uma área com constantes mexidas, sempre com o objetivo de evoluir e ir ao encontro do que os clientes procuram atualmente.
No caso de Lisboa, uma cidade já por si histórica, cheia de segredos pelas suas ruas, a proliferação de restaurantes é cada vez maior. Mas se uns quantos não têm uma história particularmente interessante para contar, para outros, como o Capítulo Restaurant & Bar, a história é completamente diferente.
E é diferente porque surge integrado no hotel Convent Square Lisbon, Vignette Collection, que nasceu da recuperação do Convento de. S. Domingos, datado de 1242, naquele que é um edifício histórico mandado construir por D. Sancho II. Hoje, esse edifício tem outro intuito, e há, por exemplo, uma sauna, uma suite de fitness e uma piscina interior com vista para o terraço, que oferece uma vista incomparável sobre a arquitetura antiga da cidade, incluindo a Igreja de São Domingos. O próprio nome do restaurante, Capítulo, era o nome dado à sala especial onde se reunia a comunidade monástica e se discutiam assuntos importantes.
Apesar de não termos ficado alojados no Convent Square Lisbon, chegar a este antigo convento dominicano do século XIII é bem fácil, com as ruas empedradas a conduzirem os hóspedes da capital portuguesa ao cenário espiritual do claustro ao ar livre do convento, localizado no número 4 da Rua Dom Antão de Almada, no animado bairro da Baixa de Lisboa.
E de facto, assim que entramos, somos consumidos pela História. Mas não se pense que, aqui, não houve atenção ao detalhe. Pelo contrário. À arte antiga foi dado um twist moderno, com cores e materiais que conjugam na perfeição com o ambiente do hotel. E isso está também patente com Capítulo, onde, imagine-se, poderão ter uma refeição ao lado de uma antiga campa – não, não é nada assustador, garantimo-vos.
Ao chegar, deparamo-nos com uma esplanada lindíssima, ideal para os dias amenos e sem chuva, onde podemos calmamente desfrutar de um cocktail ou até de uma refeição, enquanto absorvemos o ambiente tranquilo e eclético, com uma oliveira a servir de pano de fundo. Ao entrar no restaurante em si, logo à entrada, temos um balcão de uma farmácia dos tempos antigos, agora reconvertido em balcão de cocktails de assinatura, cujos pormenores remetem para essa época em que os frades preparavam autênticas poções curativas para quem delas precisasse. O seu balcão em mármore, a conduzir com o mármore do claustro, juntamente com a sua estrutura em ferro, que guarda alguns frascos alusivos a essa época, quase nos faz imediatamente transportar para esses tempos.
A sala em si, pouco iluminada, conta com mesas intimistas, decoradas com vários objetos que ligam toda a decoração, quer sejam os candeeiros suspensos a condizer com os tetos abobadados, carpetes coloridas a condizer com os assentos estofados das cadeiras em madeira, as velas e o flores secas, e uma garrafeira de fazer inveja. A verdade é que todo o design do restaurante está uma verdadeira obra de arte que, só por si, merece uma visita.
Está, portanto, criado o cenário ideal para saborear as criações de assinatura do Chef Vítor Sobral, um menu que levará os hóspedes numa viagem incrível pelos sabores portugueses, acompanhados por uma seleção dos melhores vinhos do país, num ambiente inspirador. Ou não falássemos nós de um restaurante que foi recentemente distinguido com o prestigioso prémio “1 Garfo Superior” no concurso gastronómico Lisboa à Prova.
Mas falemos da nova carta do Capítulo, o motivo da nossa visita, com propostas perfeitas para almoçar, petiscar e jantar nestes meses mais quentes. Existem algumas novidades no menu, mas não em demasia, até para preservar os pratos que já faziam sucesso. Porém, há novas opções que, certamente, vos vão deixar tão curiosos como nos deixaram a nós.
Entre as novidades possíveis de degustar, a nova carta tem como ponto de partida algumas sugestões de entradas para compartilhar, onde se destacam o Tártaro de Tomate, Azeitonas, Amêndoa e Tomilho Limão e a Salada de Beterraba, Espargos Verdes, Creme de Abóbora Assada com Sementes de Sésamo e Cebolinho, bem como a Sopa Fria de Meloa e Pêssego com Camarão Grelhado e Poejos, neste caso já sem ser para partilhar.
No entanto, a entrada fria que nos deixou mais curiosos, e que é também novidade, foi mesmo a Terrine de Alho Francês e Alga Nori, Creme de Pistácios e Limão, cujo staff nos incentivou a pedir, até mesmo para ter o nosso feedback. E efetivamente, é uma opção muito interessante… sendo que muitos vão gostar, mas outros vão detestar.
Na verdade, elementos do staff do Capítulo disseram-nos que, aquando das provas dos novos pratos da carta, esta Terrine foi mesmo a que causou menos consenso, com 60% daqueles que provaram a gostar imenso, ao passo que a restante percentagem não apreciava. Já da parte da nossa equipa, confessamos ter gostado, embora seja uma opção muito particular e peculiar. Para já, a Terrine de Alho Francês e Alga Nori, Creme de Pistácios e Limão vem servida como se fosse uma enorme peça de sushi – e isto deve-se ao uso da Alga Nori. “Mas não pensem nisso como se fosse sushi”, disseram-nos. E efetivamente não tem nada a ver, até porque não existe o elemento peixe.
Não obstante, os sabores funcionam bem, sendo que existe muito destaque no alho francês – cru, daí muitos não irem gostar desta opção, talvez um pouco grelhado agrade mais a quem não aprecia – e na alga, que dá o elemento de mar a este prato. Não conseguimos foi perceber o creme de pistácios, uma vez que o nosso prato, trazia sim, pistácios esmigalhados. É um prato muito interessante, como já tivemos oportunidade de salientar, mas que pode ser melhorado.
Das entradas frias não resistimos também a pedir o Robalo Marinado com Citrinos, Couve-Flor e Coentros, que, apesar de não ser novidade, soube-nos pela vida naquele dia de altas temperaturas. Acidez no ponto a conjugar maravilhosamente com a proteína do prato.
Seguindo no menu, acabámos por não pedir nenhuma novidade das entradas quentes, mas contam-se entre as novidades o Caldo de Grão, Bacalhau e Ervas Aromáticas e o Polvo Panado com Creme de Abacate, Manjericão e Togarashi, que pelo nome soa divinal. Daqui, no entanto, não resistimos a pedir a opção Croquete de Novilho com Chutney de Ananás e Pimenta Verde, que na verdade são 10 mini croquetes para molhar no chutney. Estavam ótimos – carne desfiada e não empapada, convém referir – e são, sem dúvida, perfeitos para partilhar e para abrir o apetite para os principais.
Passando para os principais, surgem quatro novas opções: Camarão Tigre Grelhado com Creme de Limão, Arroz de Coentros e Espinafres, Atum Grelhado com Puré Rústico de Batata-Doce e Vinagrete de Legumes Assados, Entrecôte Grelhado com Salada Verde e Batata Frita e Lombo de Novilho Grelhado com Arroz de Cogumelos. Portanto, duas novas opções do mar e duas novas opções da terra. E, naturalmente, fizemos um mix.
A nossa escolha recaiu no Atum Grelhado e no Entrecôte Grelhado, que infelizmente não estava disponível, levando-nos a optar pelo Lombo de Novilho Grelhado. No caso do Atum, surgiu no prato em dois pedaços cozinhados no ponto que nos deixaram a salivar por mais. Veio guarnecido por courgette e legumes picados embebidos em vinagrete. Curiosamente, o nosso prato não trazia puré rústico de batata doce, mas sim pequenas batatas doce, cortadas ao meio. E por nós tudo bem, porque além do atum, foram dos elementos que mais se destacaram no prato. Quem nos dera saber preparar uma batata assim tão boa em casa…
Quanto ao Lombo de novilho em si, estava bem delicioso, mas não achámos a melhor combinação com o arroz de cogumelos – talvez se o arroz fosse um bocadinho mais apurado, para ficar mais guloso e não ter tanto “caldo”, digamos assim.
E sim, podem ficar descansados que os vegetarianos também têm lugar na nova carta do Capítulo, podendo escolher o Caril de Cenoura Assada e Grão no Forno com Arroz de Especiarias e o Cuscuz com Acelga, Espinafres e Estufado de Cogumelos com Alecrim.
Para finalizar em beleza, tinham de vir para a mesa as duas novas opções de sobemesa: Tarte Cremosa de Chocolate e Caramelo Salgado e Bolo de Queijo e Chocolate com Gelado de Ginja. Não somos os maiores apreciadores de ginja, mas conseguimos perceber o pairing com o Bolo de Queijo – sim, é queijo a sério – e Chocolate, que foi devorado em poucas colheradas. Já a Tarte Cremosa de Chocolate e Caramelo Salgado – surge por baixo do chocolate, ou seja, logo a seguir à base de bolacha – achámos estranho vir servida apenas em metade, como se a Tarte tivesse sido cortada ao meio. Não sabemos se é realmente assim servida, mas chegou-nos à mesa com uma bola de gelado e pistácio esmigalhado, que tanto adoramos. E, de facto, nesta sobremesa o saboroso chocolate conjuga na perfeição com o caramelo salgado, que se percebe ser realmente de qualidade e muito bem feito.
No final de tudo, fica sem dúvida a sensação de missão cumprida e de um menu que tem tudo para brilhar. Num dos cenários mais carismáticos de Lisboa, o Capítulo Restaurante & Bar, mais o claustro a céu aberto com a lareira exterior, convidam a uma experiência gastronómica que desperta todos os sentidos.
Para reservas, podem fazê-lo a partir do site oficial ou ligando para o 218295210. O Capítulo Restaurante & Bar está aberto todos os dias, das 12h30 às 15h e das 19h às 22h30.