Apesar de ótimo, comparado com o seu antecessor, o Xiaomi 15T apenas oferece um ecrã maior e mais brilhante, e uma maior autonomia.
Pode não parecer, utilizar o Xiaomi 15T nos últimos tempos para teste, não foi propriamente simples. Por um lado, trata-se de um smartphone interessante em termos de especificações dentro da gama média/alta, destacando-se por um bom desempenho, câmaras competentes e um ecrã generoso e luminoso. No entanto, a verdade é que quanto mais o usava, mais parecia ser uma ligeira evolução face ao Xiaomi 14T, com algumas diferenças claras, mas insuficientemente transformadoras para o tornar único e diferente.
Utilizar o Xiaomi 15T no dia-a-dia ofereceu-me, assim, uma sensação de déjà vu, sobretudo porque o sistema de câmaras Leica praticamente não sofreu alterações. Continuamos a ter a lente principal de 50MP, acompanhada pela teleobjetiva 2x de 50MP e pelo sensor ultra grande angular 12MP. Na frente, a câmara de 32MP mantém-se, mas agora com uma abertura um pouco mais limitada (f/2.2 em vez de f/2.0). O novo ecrã AMOLED de 6,83 polegadas começa a apresentar algumas das alterações, agora é maior mas a taxa de atualização máxima diminuiu, e passou a ser de 120Hz, contra os 144Hz do seu antecessor. E no brilho máximo também se regista um downgrade ao passar dos 4000 para os 3200 nits. No interior, encontramos o MediaTek Dimensity 8400 Ultra, que substitui o Dimensity 8300 Ultra do ano passado, mas sem grande salto em termos de velocidade, e que continua a estar acompanhado por 12GB de RAM. Já a bateria, é provavelmente, a mudança mais significativa, já que passa dos 5000mAh para os 5500mAh. O carregamento mantém-se nos 67W com fios, e a funcionalidade sem fios continua a não estar presente.
Em termos estéticos, o Xiaomi 15T é um irmão gémeo do Xiaomi 15T Pro, com laterais planas, traseira alinhada e um módulo quadrado arredondado para as câmaras que lhe dá um ar sofisticado. Confesso que gosto bastante deste design, sobretudo quando comparado com o aspeto mais pesado, e barato, da série Xiaomi 14T. Aqui nota-se realmente uma boa evolução. Claro que não é perfeito, já que conta com corpo em plástico em vez de alumínio como no modelo Pro, mas a traseira em vidro fosco mantém um toque Premium, que se complementa com a certificação IP68 contra água e pó. O equipamento foi anunciado nas cores Rose Gold, Black e Gray, esta última, a cor da unidade que recebi para testes, que se revelou bastante discreta e elegante. O peso mantém-se praticamente idêntico ao da geração passada, com 194 gramas, o que é surpreendente se pensarmos que o telemóvel cresceu em altura e largura (163 x 78 mm) para acolher o novo ecrã. Ainda assim, ficou mais fino, já que de 7,8 mm passou para 7,5 mm, e essa diferença, apesar de pequena no papel, sente-se na mão.
Outro aspeto que me surpreendeu foi a abordagem da Xiaomi ao software. Normalmente aponto sempre o dedo ao excesso de aplicações desnecessárias que entopem a sua interface, mas aqui a situação está bem mais contida. Com o HyperOS 3.0, baseado no Android 16, continuamos a ter algumas dores de cabeça, com a organização caótica das definições rápidas no painel de controlo a ser um exemplo claro de como a interface ainda pode ser frustrante. Em termos de suporte de software, o Xiaomi 15T fica num meio-termo, já que no seu anuncio foram prometidos quatro anos de atualizações do sistema operativo e seis anos de atualizações segurança. É bom, mas não é o melhor que temos no universo Android.
O que realmente se destaca é a funcionalidade exclusiva de Comunicação Offline. É quase uma versão moderna de walkie-talkie que permite realizar chamadas de voz para outros equipamentos da série Xiaomi 15T num raio de até 900 metros, sem precisar de rede móvel ou Wi-Fi. Já tinha testado esta funcionalidade durante a apresentação do equipamento em Munique, e apesar de ter sido testado numa zona com centenas de pessoas e de equipamentos que congestionam a rede móvel, a verdade é que funcionou muito bem. A marca deu como exemplo de utilização desta funcionalidade nos festivais de verão, onde normalmente as redes móveis estão saturadas, e com o Offline Comunication podemos comunicar sem qualquer inconveniente, mesmo sem ter qualquer cartão de operadora no equipamento.
O ecrã de 6,83 polegadas do Xiaomi 15T é o mesmo que encontramos no modelo Pro, com a única diferença a contar com a já mencionada taxa de atualização de 120Hz em vez dos 144Hz. Em utilização real, essa diferença é mínima e, na prática, estamos perante um painel igualmente nítido, vibrante e com brilho de sobra. A Xiaomi mantém a tradição de dar várias opções de personalização da cor, que neste caso são seis perfis diferentes. É bom para quem gosta de mexer ao pormenor, mas a maioria das pessoas, tal como eu, vai provavelmente deixar o modo Original Color Pro, que entrega um equilíbrio convincente entre vivacidade e naturalidade.
Ver séries em streaming ou jogar jogos mais exigentes é uma experiência envolvente com esta definição, e para quem procura maior rigor cromático, o perfil Advanced Original é a melhor escolha. Já a sua utilização nos espaços exteriores com muita luz natural, revelou ser excelente. Tudo continua visível e cheio de detalhes e cores, demonstrando que a marca continua a apostar em ecrãs de altíssima qualidade.
Como já havia mencionado, o Xiaomi 15T vem equipado com o novo MediaTek Dimensity 8400 Ultra que opera no máximo a 3,25 GHz, e nos testes de benchmark mostrou-se bastante competente, bem como nos testes em jogos. O desempenho gráfico é digno daquilo que é oferecido por um smartphone topo de gama, em muito beneficiado peli seu ecrã de 120 Hz, que faz toda a diferença. Qualquer jogo ou aplicação pesada que possa encontrar na Play Store, será executado de forma irrepreensível e sem falhas. Testei Genshin Impact, PUBG Mobile e Asphalt Legends Unite e o seu desempenho nada ficou a dever aos equipamentos topos de gama, sem qualquer aquecimento significativo. A utilização multi-tarefa também foi algo de fácil gestão, e ter sete ou oito aplicações abertas em segundo plano, em nada incomoda o desempenho do aparelho.
A autonomia também deixou uma excelente impressão. No teste de utilização diária, um dia completo pareceu uma brincadeira de criança. Mesmo em dias de utilização mais intensa foi fácil chegar a casa com a bateria acima dos 40%, ou seja, uma carga dá para dois dias de utilização para quem faz uma utilização moderada do equipamento. E quando é necessário carregar, o seu carregamento rápido com fio de 67W cumpre bem a sua função. Nos meus testes, o Xiaomi 15T foi dos 0 aos 50% em apenas 24 minutos e atingiu os 100% em cerca de 68 minutos. Não é o melhor do mercado, mas é muito bom. Durante o tempo em que utilizei o equipamento nunca carreguei a sua bateria durante a noite, e decidi sempre carrega-la de manha, quando acordava. Regra geral, ligar o telefone ao carregador quando está com 40~45% de bateria e ir efetuar a higiene matinal, quando voltamos estamos com a bateria em torno dos 85~90%, que é mais do que suficiente para um dia muito intenso de utilização e quase dois dias com utilização moderada.
Se há algo que poderia realmente ter feito o Xiaomi 15T sentir-se como um salto significativo face ao Xiaomi 14T, seriam melhorias nas câmaras, mas infelizmente isso não aconteceu. Ainda assim, não há como negar que o sistema da Leica continua a ser de grande nível, e dos melhores que temos no mercado. A lente principal de 50MP com abertura f/1.6 entrega fotografias com excelente nitidez, cores vibrantes e uma gama dinâmica muito interessante. A presença de estabilização ótica (OIS) ajuda bastante, sobretudo à noite. Nos meus testes, zonas escuras como o céu mantiveram-se limpas de ruído, enquanto áreas mais sombreadas continuaram a apresentar detalhes acima da média para um equipamento nesta faixa de preço. É verdade que as luzes artificiais tendem a causar algum blooming, mas, no geral, a experiência noturna é muito convincente.
A lente teleobjetiva de 50MP com abertura f/1.9 com zoom 2x revelou-se excelente para retratos, captando muitos detalhes e um contraste bem definido, com aquele efeito imediato de foto “pronta para publicar”. Testei-a também em situações mais criativas, como fotografar um gafanhoto sobre uma folha de couve, e fiquei surpreendido com a fidelidade das cores e a definição. Já a lente ultra grande angular de 12MP com abertura f/2.2 não é tão empolgante, mas cumpre muito bem a sua função. Nota-se alguma perda de detalhe nas extremidades, como seria de esperar, mas o balanço de cor está muito próximo daquele que é oferecido pela lente principal, o que torna as fotos mais consistentes entre si.
Em vídeo, a história repete-se, já que o Xiaomi 15T continua limitado a 4K a 60 FPS, com boa nitidez e exposição equilibrada, mas a estabilização depende apenas do software. Isso significa que ainda há oscilações visíveis em movimentos mais bruscos, algo que muitos concorrentes já começaram a resolver de forma mais eficaz.
Na prática, o Xiaomi 15T é competente e fiável, mas torna-se difícil ficar entusiasmado quando quase tudo parece uma repetição do seu antecessor. Ainda assim, por 649,99€ (com oferta de um Redmi Pad 2 Pro) parece-me ser uma proposta de valor realmente muito interessante. Pessoalmente, ficaria de olho no Xiaomi 14T, que já se encontra no mercado por quase metade desse valor, e a diferença como podemos verificar não é muito significativa. Confesso que neste momento aguardo com alguma expectativa a chegada do Xiaomi 15T Pro, já que esse sim, parece ser o verdadeiro diferenciador desta série.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Xiaomi.