Com foco na inteligência artificial, o novo smartphone da Xiaomi chega com um preço realmente muito interessante.
Anunciada no passado dia 26 de setembro num evento realizado em Berlim, na Alemanha, a série Xiaomi 14T é composta por dois dispositivos. Um modelo padrão que dá nome à série e, como é habitual, um modelo Pro, um pouco mais poderoso, mas ambos abençoados por uma parceria com a Leica, que promete levar a fotografia móvel a outro nível. Agora, dedicamos as nossas atenções ao modelo regular da série, o Xiaomi 14T, que, muito resumidamente, podemos afirmar tratar-se de um excelente equipamento, indo até satisfazer as necessidades dos utilizadores mais exigentes.
Com uma unidade fotográfica desenvolvida em parceria com a fabricante alemã Leica, o Xiaomi 14T oferece uma imagem muito próxima daquela que é oferecida pelos conhecidos sensores da fabricante alemã. Se o sensor de 1 polegada está reservado este ano para o Xiaomi 14 Ultra, o Xiaomi 14T não fica de fora, ostentando um sensor de nova geração que tem tudo para agradar.
Quem conhece os equipamentos da série Xiaomi 14 não deverá estranhar o design deste Xiaomi 14T, uma vez que é semelhante a outros dispositivos. A diferença está no bloco de sensores traseiro, que não é menor em termos absolutos, mas, tendo em conta as cores do próprio dispositivo, deixamos de ter aquela impressão de ter o bloco de câmaras fotográficas encaixado na parte de trás do smartphone. Não necessariamente mais fino ou mais leve, essa decisão transmite a sensação de um design mais arejado e menos preenchido. Assim, encontramos um tamanho médio que apreciamos, com a parte traseira em vidro fosco. Além disso, o tratamento “titânio” é, na verdade, apenas uma cor, já que em momento algum é utilizado o titânio no seu fabrico. E o resultado final? As cores são realmente muito interessantes e oferecem um acabamento digno de um telefone topo de gama.
A Xiaomi não desilude nesta gama de produtos e o acabamento é sempre excelente, principalmente nesta versão Titan Blue que testámos e que oferece a traseira em vidro fosco, com um acabamento “soft touch” muito agradável e que não deixa impressões digitais. Além disso, temos uma frente e a traseira sempre curvados nas bordas. E para melhor manuseamento, as partes laterais são planas, próximo daquilo que os concorrentes têm oferecido recentemente.
Na parte frontal, encontramos um belo ecrã plano de 6,67 polegadas, com uma taxa de atualização de até 144Hz, com resolução 1,5K (1220 x 2712 píxeis) e com um furo na parte superior central. Todos os botões físicos ficam na lateral direita do smartphone e o sensor ótico de impressão digital fica abaixo do próprio ecrã. Durante os nossos testes, não notámos qualquer problema específico. Em qualquer caso, o Xiaomi 14T oferece um painel AMOLED, com um revestimento que não é o habitual Gorilla Glass, mas sim um revestimento proprietário. Só o tempo dirá se é, ou não, mais duradouro numa utilização no dia-a-dia. Esteticamente apresenta ainda uma moldura fina, mesmo que a parte de baixo permaneça ligeiramente mais grossa. Já na reprodução de cores, os pretos são profundos e as cores consistentes, com um painel vibrante onde não notámos qualquer problema particular a utilizar o equipamento sob a luz solar direta.
O novo telefone da Xiaomi conta ainda com dois altifalantes estéreo, que são poderosos o suficiente se não elevarmos o volume muito alto, onde é fácil começar a notar alguma distorção. Obviamente que os sons mais graves também estão em falta, o que é normal em altifalantes de smartphones, mas o desempenho do Xiaomi 14T neste departamento oferece o suficiente para o consumo de conteúdos curtos ou até mais longos. De destacar que o o Xiaomi 14T suporta também conteúdo e tratamento de som via Dolby Atmos.
No que toca a software, sem qualquer surpresa temos o HyperOS, que é baseado no Android 14. Embora não notemos necessariamente uma grande mudança na experiência de utilização, gostaríamos que a Xiaomi deixasse de instalar de fábrica software de terceiros. Felizmente, podemos desinstalá-los facilmente, mas é sempre uma etapa adicional e complicada para um utilizador mais casual. Mas não deixemos que isso estrague a nossa satisfação, já que a experiência de utilização continua muito próxima daquilo que é oferecida pela versão Stock do Android, que não nos desagrada, naquela que é uma experiência geral bastante fluida e agradável. A maior novidade é, obviamente, o foco na inteligência artificial com diversas funções integradas no HyperOS, destacando-se em particular o facto da proposta da Google chegar finalmente a um equipamento da Xiaomi. Assim, o Google Gemini traz até ao Xiaomi 14T a função “Circle to Search”, marcando a estreia desta funcionalidade num equipamento que não seja um Google Pixel ou um Samsung Galaxy.
Sendo mais concreto, a inteligência artificial está no centro da experiência deste Xiaomi 14T. Neste novo dispositivo temos várias funcionalidades que tiram partido desta tendência tecnológica, como um editor na galeria de fotos, disponível para download. Mas há ainda outras funcionalidades que serão lançadas brevemente, como ferramentas de tradução de notas, legendagem de conteúdos, entre outras. No fundo, tudo funcionalidades para não deixar este telefone da Xiaomi atrás da concorrência no campo da inteligência artificial.
Em termos de desempenho, e sem surpresas, o Xiaomi 14T apresenta-se como um smartphone Premium, muito graças ao MediaTek Dimensity 8300 Ultra que encontramos no seu interior. Já lá vai o tempo em que um processador da MediaTek era sinónimo de desempenho inferior em comparação aos processadores da Qualcomm. Mas esses dias acabaram e a série Dimension 8300 Ultra não tem motivos para ficar envergonhar, mesmo que os resultados de benchmarks não atinjam as expectativas desejadas dos maiores entusiastas. E por uma boa razão, o desempenho destes SoCs já excede as nossas necessidades úteis, portanto, além dos benchmarks, a verdade é que esses valores pouco ou nada mudaram necessariamente a nossa vida quotidiana. Ao testarmos o Xiaomi 14T em aplicações mais exigentes, como jogos, entre eles Dead Cells, Call of Duty Mobile, Diablo Immortals ou Genshin Impact, a verdade é que não há muito a dizer, todos eles operam de forma suave e satisfatória, mesmo em 120Hz para jogos compatíveis.
O Xiaomi 14T vem equipado com uma bateria de 5000mAh, que é normal para este tamanho de smartphone, principalmente para um smartphone cujo ecrã oferece taxa de atualização de até 144Hz. Nas nossas utilizações diárias, essa bateria ofereceu carga para quase dois dias de utilização, o que é excelente, e podemos agradecer à gestão de energia um pouco agressiva em comparação com os concorrentes. O Xiaomi 14T também oferece carregamento com fio de 67W, o que nos permitiu recarregar o smartphone dos 0 a 100% em cerca de 48 minutos. Infelizmente, o carregamento sem fios não está presente neste modelo, já que essa é uma funcionalidade reservada para o Xiaomi 14TPro. De notar que tanto o Xiaomi 14T, como o 14T Pro, são vendidos sem qualquer carregador.
Sem grande surpresa, o Xiaomi 14T recorre a um bloco fotográfico muito semelhante àquele que foi disponibilizado com o Xiaomi 14. Não só temos um sensor de 1 polegada na câmara principal, como temos um bom sensor da Sony, o IMX906. Aqui, otimizado pela Leica, oferece funções que ainda não estavam disponíveis em modelos anteriores, como captura de vídeo HDR ou LOG de 10 bits em vídeo. Adicionalmente, encontramos ainda uma câmara ultra grande angular e uma lente telefoto mais clássica.
Em condições de iluminação ideais, o Xiaomi 14T impressiona e sai-se espetacularmente bem. Pode não ser o melhor do mercado, mas, para a grande maioria dos futuros utilizadores, não vai garantidamente desiludir. O que pode ter falhado? Talvez uma pequena falta de nitidez em relação aos seus concorrentes diretos, mas, com as cores escolhidas pela Leica, gostámos do que este smartphone da Xiaomi oferece. Isto, porque, embora não sejam super detalhadas, as fotos oferecem um resultado muito menos artificial, reconhecendo também a suavidade que a Leica oferece nas suas fotos, principalmente para quem prefere o filtro “Autêntico” ao filtro “Vibrante”. Em condições de pouca luz fica um pouco mais difícil, ainda que o Xiaomi 14T continue a entregar fotos equilibradas, sem muito ruído ou suavização, mas não é a mesma coisa de quando temos luz (acontece com todos os smartphones atualmente no mercado).
Por fim, na frente, o Xiaomi 14T oferece um sensor de 32MP e não há muito a dizer, exceto que a qualidade está lá para as selfies. As fotos são detalhadas e oferecem contraste convincente. De realçar também a possibilidade de há já algum tempo ser possível gravar vídeos até 4K a 30FPS com a câmara frontal.
No que toca a vídeo, a Xiaomi está num excelente caminho com os seus vídeos claros e detalhados. Ficámos bastante impressionados com a estabilização, que funciona muito bem, mesmo permanecendo um pouco abaixo da grande concorrência. Ainda assim, é mais do que suficiente para gravações casuais no nosso dia-a-dia. E por último, poderemos filmar também 8K até 30FPS, o que não acontecia nos equipamentos topo de gama anunciados no início do ano.
Xiaomi 14T oferece a melhor relação de qualidade-preço do mercado
Mais uma vez, a Xiaomi não desilude ao oferecer um smartphone realmente impressionante. Na verdade, tão completo como um Xiaomi 14, o modelo 14T chegou com um preço muito mais atraente, ao mesmo tempo que oferece os mesmos pontos fortes do seu antecessor. Aqueles que acharam que o ecrã do Xiaomi 14 é um pouco pequeno encontrarão, sem dúvida, o que procuram neste Xiaomi 14T. Já os mais entusiastas que levantam dúvidas sobre a mudança para um chip da MediaTek, não há nada realmente a temer, já que tudo funciona muito bem no dia-a-dia.
Do lado técnico, o Xiaomi 14T tem tudo o que de bom o mercado tem para oferecer: é eficiente no uso diário, é durável e oferece um ecrã excelente, tudo num corpo realmente bonito. E como está a ser vendido ao preço de 649,99€, acabamos por ter aquela que é, provavelmente, a melhor relação qualidade-preço do mercado dos topo de gama. É, garantidamente, um dos melhores smartphones que já tive a oportunidade de testar.
Esta análise foi possível com uma unidade cedida pela Xiaomi.