Uma segunda vida para o título da Tiny Roar, que acaba por repetir os mesmos problemas do seu primeiro lançamento.
Antes de instalarmos e jogarmos XEL pela primeira vez, é normal estranharmos a sua receção. Não é a primeira vez o RPG de ação da Tiny Roar chega aos jogadores, com a sua estreia a ter acontecido no ano passado para PC e Nintendo Switch, mas conhecermos a sua receção crítica é descobrir que algo se passou na produção de XEL. Talvez esteja a suavizar o que foi um desapontamento geral, já que XEL parecia determinado em preencher o vazio deixado pela fórmula clássica de The Legend of Zelda, mas foi o que poderíamos considerar de uma morte anunciada para a Tiny Roar, um tiro ao lado que não conseguiu destacar-se no competitivo mercado dos RPG de ação.
Um ano depois, XEL é relançado, desta vez na PS4 e PS5, onde esperava algum tipo de reconstrução para aparar as arestas mais pontiagudas e insatisfatórias desta experiência RPG com soslaios de ação e aventura. No entanto, não acredito que a Tiny Roar tenha revisitado o que fosse em XEL, a não ser a portabilidade para novas plataformas e se houve, de facto, melhorias e patches adicionados à sua versão atual, temo pensar sobre o estado das versões disponíveis para Nintendo Switch e PC.
XEL não é um péssimo videojogo ou um mau exemplo de RPG de ação. Não há, tecnicamente, nada de quebrado ou absolutamente intragável nas suas mecânicas, narrativa ou progressão. Os elementos estão devidamente encaixados onde deveriam estar, ao ponto de XEL ser mais uma homenagem ao género do que propriamente um título único. Com uma câmara isométrica, várias zonas disponíveis, um foco no combate e na recolha de melhorias – com certos itens a expandirem permanentemente a nossa vida e stamina –, tal como na resolução de puzzles simples – encontrem a chave ou a bateria certa, movam caixas ou manipulem o tempo –, XEL passa por todos os clichés sem pudor e não é menos bom por o fazer. Os seus problemas são maiores.
Não precisamos de esperar muito tempo até termos a confirmação do que nos espera em XEL. Na sua cinemática de abertura, XEL decide mostrar-se num vídeo de baixa qualidade, talvez 480p, talvez pior. É um choque tão inesperado que eu pensei que não estava a jogar, mas antes a ver um trailer no YouTube, com falhas na internet. Mas não estava. Todas as cinemáticas de XEL são de baixa qualidade, como se a exportação tivesse falhado e saído numa resolução menor. Infelizmente, o jogo não segue pelo melhor caminho e até a jogabilidade apresenta-se com uma resolução abaixo do esperado, ainda mais numa PS5. Será que estamos a ver a versão Nintendo Switch a ser convertida para as restantes consolas sem mais trabalho de otimização? Não sei, talvez esteja a ser injusto, mas sinto que é um problema de desempenho que ficou por resolver, tal como a miríade de bugs, slowdowns, popups, dithering que encontramos ao longo da campanha. XEL continua a ser o mesmo jogo problemático que foi lançado em 2022.
O desempenho seria um mal menor se existisse consistência em XEL, mas, infelizmente, não consegui encontrar motivos para continuar a jogar. As áreas são muito despidas, com poucas oportunidades de combate e corredores demasiado longos, que criam a ideia de estarmos imenso tempo a navegar por cenários vazios. A direção de arte também não é a mais empolgante e é capaz de baralhar-nos mais do que guiar-nos pelas suas várias zonas. A narrativa será ao gosto de cada um, mas sinto que as personagens têm pouco impacto e que o HUB podia ter sido aprofundado, até porque se trata de uma zona onde podíamos conhecer mais sobre o mundo de XEL – além de servir como loja e zona de melhorias. Por fim, temos o sistema de combate, lento, pesado, desinteressante devido às habilidades de Reid – ainda que louve a utilização das ferramentas e armas em combate e na resolução de puzzles – e a presença limitada de combinações rápidas. Os ataques de Reid parecem estar permanentemente em câmara lenta, com feedback mínimo, onde o impacto mal é sentido. Para piorar, a IA dos inimigos é muito limitada e os confrontos resumem-se a desvios e a ataques rápidos sem que os robots e criaturas de XEL tenham a hipótese de ripostar.
Se esta versão de XEL, que encontro em 2023, é a sua melhor versão, mais limada e otimizada após a receção em 2022, então não consigo conceber o que chegou às plataformas anteriores. XEL está cheio de potencial e conseguimos sentir o carinho que a Tiny Roar tem pelas suas personagens e o mundo que construiu, mas tudo o que envolva a jogabilidade e o design dos níveis é cansativo e pouco envolvente. XEL é o tipo de videojogo que nos consome as energias e que jogamos quase em piloto automático, saltitando entre combates insípidos, puzzles aborrecidos – que demoram mais tempo a serem resolvido devido à recolha constante de baterias e chaves – e zonas onde pouco ou nada acontece. Pouco há para conhecer.
Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Assemble Entertainment.