Turnover + Calmness no RCA Club – Em fluxo

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Ao contrário do que estava inicialmente comunicado no itinerário da tour europeia de apoio ao último álbum Altogether, os norte-americanos Turnover passaram pelo RCA Club, em Lisboa, no passado dia 15 de fevereiro, naquela que foi a sua estreia em terras lusas.

A abertura da noite coube ao projeto nacional Calmness, de Gui Tavares, que, apesar de algumas incursões mais complexas em estúdio, apresentou-se ao vivo na sua versão mais despojada, apenas com uma viola e pouca eletrónica para providenciar o apoio sónico.

Será que Justin Vernon sabia o que estava a lançar sobre o mundo quando começou a criar Bon Iver? As dedadas do americano estão por todo lado na música do projeto português. Mas alguns apontamentos, como o quase spoken word de “The flowers whisper your name”, chamaram a atenção. Influência e não plágio, portanto. Saber como terminar uma canção e como desligar uma guitarra em palco podem ser detalhes que ainda escapam ao lisboeta, mas o tempo está do seu lado. Com calma.

Tendo sido saudados pelos poucos (mas muitíssimo fiéis) fãs presentes nesta estreia portuguesa, os Turnover arrancaram para uma atuação solta, mas minuciosamente profissional. Claramente a sala meio preenchida não lhes causou mágoa. Aliás, nada parecia quebrar a vibração super relaxada dos nativos de Virginia Beach. O público presente foi louvado, a cidade foi louvada, o restaurante vegan onde comeram foi louvado…

Foto: Carlos Mendes

Publicado por Echo Boomer em Terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Essa veia descomprimida é, provavelmente, catalista para a notória evolução musical dos Turnover nos últimos anos. Apesar de ainda saltarem no alinhamento algumas faixas dos primeiros trabalhos (que, a bom dizer, foram as que mais fizeram saltar o público), a banda encontra-se completamente dedicada a injetar uma languidez quase onírica na sua música. Tanto melhor.

O próprio alinhamento da noite pareceu seguir um padrão de onda com um subir e descer de intensidade sonora, sempre apresentando o caminho que desejam seguir, mas sem nunca ostracizar o público.

Apesar das guitarras parecerem eternamente votadas à fragilidade característica do melhor dream pop vindo do outro lado o atlântico, o ambiente diverso que o teclado do vocalista Austin Getz (agora completamente livre das cordas) deu às canções, em comparação com as suas versões de estúdio, confirma que a banda encontra-se em fase de mutação.

Para já, momentos como os providenciados pelo sedoso “Super Natural” ainda partilham lugar com os For Against-ismos de “Humming” a rematar a noite. O futuro dirá por quanto tempo mais.

Texto de: João F. Ribeira; Fotos de: Carlos Mendes

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