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Um regresso sólido do jogo rei no que toca a sensação de velocidade, recheado de funcionalidades que podem elevar esta saga ao nível seguinte.

A COVID-19 tinha acabado de começar e, com a pandemia, começou também a minha colaboração com o Echo Boomer. Recordo-me disto pois foi quando comecei a escrever sobre videojogos, e a edição anterior deste jogo foi a minha segunda análise de sempre sobre videojogos. Foi também devido à COVID que as edições de 2021 e 2022 do famoso Tourist Trophy foram canceladas, regressando finalmente este ano. Na altura, fiz a análise da versão do jogo para Nintendo Switch, mas após experimentar na PS5, e como seria de esperar, é impossível recomendar, de todo, este jogo para a Switch. Por três motivos chave.

O primeiro está relacionado com a intensidade de jogo, uma vez que têm de estar ativamente a carregar em botões para controlo de velocidade e mudança de direção, e para isso os joy-con não são confortáveis.

Ainda em relação aos joy-con, todos os botões são binários (ou pressionam ou não), o que, para jogos de corrida, é um sistema ultrapassado e que já não faz qualquer sentido usar, ainda menos em modo competitivo. É muito mais fácil controlar a aceleração e travagem com botões progressivos.

Por fim, para jogar jogos cujos tempos de reação são na casa do milissegundo, é exigido que haja boa noção de profundidade, pelo que é necessária uma constante avaliação e reconhecimento do trajeto e ambiente circundante. Algo que é extremamente complicado com as dimensões do ecrã da Switch. Posto isto, se tiverem as duas consolas ou tenham Switch e estejam a pensar em comprar este jogo handheld, já ficam cientes das dificuldades associadas.

Olhando para o jogo como um todo, diria que é um bom título que compila todos os modos já existentes no anterior, com sucesso: os modos de carreira e com desafios associados ao (sempre) acarinhado modo free roam, no qual podiam conduzir em grande parte das estradas, ao longo de toda a extensão do mapa do jogo (situado na Irlanda).


Desta vez, o início do jogo transporta-nos diretamente para o que é (aparentemente) o free roam deste jogo, mas com uma diferença: tudo está ligado ao modo free roam. Todas as corridas, contra-relógio, um-contra-um, desafios, oficinas e até check-points de interesse. Posto isto, quando não estão a competir e quiserem só dar umas aceleradelas e relaxar, não precisam de mudar de modos – win-win situation.

Sobre o free roam, os 66km de extensão no mapa alterado da Irlanda, passaram a 200km na Ilha de Man. Isto significa 300% mais de estrada a trilhar e, significa também, que todos os trajetos são novos. E mais: todo o mapa está à escala real (1:1). O que significa que podem visitar grande parte da Ilha de Man, quase que em realidade virtual, sem sair de casa. Diria que, só por isto, o jogo quase vale a pena, mas deixem-me contar-vos mais.

A carreira é basicamente o jogo todo e vão subindo de nível à medida que vão completando desafios. Esses desafios podem ser encontrados ao longo do mapa, sob a forma de pinos com grafismos distintos, relativos a tudo o que é possível fazer no jogo. À medida que completam determinado tipo de desafios, aparece o desafio seguinte, noutra zona do mapa – ao início, praticamente tudo se encontra na parte sul do mapa.

Tudo o que vão fazendo serve também para irem amealhando o “dinheiro” do jogo, que vos vai permitir fazer melhorias em praticamente todas as partes da mota, essenciais à performance. Não só é obrigatório para estarem à altura da competição, como também vos vai trazer satisfação, porque com estas melhorias, a sensação e resposta da mota é muito mais segura, agradável e demora mais tempo a perder tração e estabilidade, ao longo de provas mais longas (ontem fiz uma de quase 200km seguidos e a partir dos 100-120km comecei a sentir o desgaste).

Os gráficos e visuais, ainda que haja espaço para melhoria, já estão a um ótimo nível e a experiência de condução só tem a ganhar com isso. A renderização gráfica também melhorou a olhos vistos, o que permite ter um maior alcance de visibilidade da extensão da pista a obstáculos, que por sua vez permite uma melhor leitura de pista e resposta às mudanças de direção e altitude. O aspeto da mota e piloto também melhorou e, ainda que falte mais “vida” e movimento em torno das estadas, diria que não é um fator que prejudique a experiência – só a podia enaltecer ainda mais.


A física de condução é sensacional e aparenta estar bem ajustada à realidade, o que joga a favor de quem está no controlo da mota perceber a situação em que se encontra e, com a ajuda de mecânicas de jogo milimétricas, consegue compensar (ou não, se for tarde demais). Com isto, salto para o último ponto, que é a curva de aprendizagem. Primeiro, sigam o meu conselho e, caso possam, comprem o jogo para uma consola com gatilhos progressivos e comando confortável. Depois é importante terem a noção de que, entre todos os jogos de desportos motorizados, este é o mais exigente e no qual é mais fácil cometer um erro, que vai resultar em queda.

Não tenho mota, mas tenho imensa experiência em jogos de desportos motorizados e, ainda mais, nos que envolvem motas (falo de Isle of Man, MotoGP, Ride, RiMS Racing, MXGP e Supercross), e mesmo assim cometo erros, que são mais difíceis de cometer nos jogos que referi no parêntesis e caio com alguma frequência. As estradas são estreitas, grande parte com bermas em passeio ou terra/areia, ao longo das quais há imensas curvas (algumas traiçoeiras) e mudanças de velocidade constantes. Para além disso, como passam imenso tempo a altas velocidades, uma minúscula distração ou piscar de olhos mais prolongado é fatal.

Mesmo com assistências de condução, a curva de aprendizagem vai ser dura e exigir dezenas de horas e centenas de quilómetros, mas tenho de ser franco – quando começam a perceber o jogo, vai ser muito recompensador jogá-lo. A somar à melhor sensação de velocidade que já tive, quando já dominarem a mota, é um sentimento brutal.

No que toca a pontos de melhoria, há alguns. Não acho que prejudiquem o jogo, mas sem dúvida que há muita margem para ser melhor. Primeiro, toda a interface tem pouco de cativante, depois não há grandes animações antes e pós-corrida (mal passam a meta, o ecrã muda logo para os resultados) e fica a faltar uma apresentação estatística mais clara. Esta lacunas roubam muita excitação que advém do factor competição. Isto torna a experiência um bocado insossa e o jogo um bocado estéril, no que toca à sua razão de ser. Algo que pode ajudar bastante a tornar a experiência mais intensa seria, por exemplo, a introdução de comentadores. Por fim, a navegação no mapa está desenhada de uma forma que não é muito intuitiva ao pré-estabelecido.

Em suma, TT Isle of Man: Ride On Edge 3 é um jogo excelente no que toca a tudo o que envolve a condução, com o factor “dificuldade” elevado, mas extremamente realista. Não é tão excelente a nível de interface e ambiente em torno do ponto chave: as corridas.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Upload Distribution.

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