Tratamentos de fertilidade em tempos de pandemia: O que precisam de saber?

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Hospitais sobrelotados, empresas fechadas, ruas desertas… Tudo parece estar em suspenso devido à pandemia de coronavírus que assolou este planeta a que chamamos casa. Contam-se ventiladores, máscaras, infetados, recuperados e mortos. Porém, qual flor que desabrocha entre os hiatos do mais duro granito, a vida continua a levar a sua magia aos quatro cantos do mundo com o fruto dessa magia a consubstanciar-se em milhares de crianças a nascerem todos os dias. Tão maior é esta bênção quando se percebe que alguns destes recém-nascidos provêm do útero de mães infetadas e, até à data, nenhuma delas deu positivo no teste à Covid-19.

Porém, para muitos casais com problemas de fertilidade que estão em tratamento, a incerteza parece fazer parte do dia-a-dia.

Tratamentos de fertilidade no mundo

De modo a aplacar a ansiedade dos casais nesta situação, a Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) veio a público recomendar que os tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) previstos devem prosseguir mediante aconselhamento das equipas médicas que estão a acompanhar as mulheres e os casais.

Citando estudos do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) nos EUA, e do Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG), no Reino Unido, corroborados pela European Society for Human Reproduction and Embryology (ESHRE), que demonstram não existirem evidências fortes de quaisquer efeitos negativos da infecção Covid-19 na gravidez, especialmente na sua fase inicial. A APFertilidade explica que, no contexto atual, “não existem, pelo menos até à data, dados científicos que nos permitam dizer que a realização de tratamentos de infertilidade no contexto actual esteja associada a qualquer risco quer para as crianças que hão-de nascer, quer para as mulheres que se submetem ao tratamento”.

Apesar destes dados animadores, a associação afirma que se deve “saber respeitar as ansiedades e preocupações dos doentes e sobretudo analisar o contexto específico em que cada um se movimenta: não faz sentido a realização de tratamentos em pessoas que cumprem os critérios para estar em quarentena ou isolamento profilático (por exemplo, porque apresentam sintomas, contactaram com indivíduos afectados ou vivam numa zona em que há um grande risco de transmissão comunitária da doença), sendo aliás até aconselhável interromper os processos clínicos nestas situações”.

Em sentido contrário, doentes que não estejam nestas circunstâncias e tenham os tratamentos planeados para uma data específica após longos processos de preparação, impossibilidade logística de o fazer noutra altura ou perante o risco de diminuição da reserva ovárica, podem ser tratados, desde que garantidas as condições de segurança do processo. Em consonância com isto, não existe, até ao momento, uma recomendação estrita para o encerramento dos centros de PMA, deixando as decisões sobre essa questão sob responsabilidade do diretor de cada centro.

Apesar de tudo, a APFertilidade continua a sublinhar que cada caso é um caso e depende muito de cada casal e das circunstâncias em que trabalha o centro de Procriação Medicamente Assistida e a equipa médica e científica que o compõem. A associação exemplifica com o caso de um centro de PMA que esteja incluído num hospital que está na primeira linha do combate ao Covid-19. Este não poderá atuar da mesma forma que outro que esteja num local completamente independente e que permita a adoção de medidas preventivas do contágio.

No entanto, há um conjunto de ferramentas ao dispor dos médicos que realizam tratamentos de PMA que podem ser usadas no atual contexto: em caso de necessidade abrupta de interrupção de tratamentos, podem criopreservar esperma, ovócitos e embriões, existindo ainda formas de controlar clinicamente um processo de tratamento interrompido de forma inesperada como, por exemplo, uma mulher sob estimulação que entretanto teve que entrar em quarentena. Quem se encontra numa destas situações deve contactar o seu médico.

Caso as limitações sejam muitas e não puder avançar já com o processo de tratamento, há outras coisas que se podem ir adiantando, afirma a APFertilidade: alguns tratamentos implicam a toma de medicação que se pode iniciar previamente e podem-se realizar as análises clínicas e outros testes necessários à concretização do processo. Já nos casos de diagnóstico genético pré-implantação, podem avançar-se com os estudos informativos prévios.

Tratamentos de fertilidade: Quais as soluções?

fertilidade

Neste domínio, muitos centros de fertilidade estão a oferecer consultas por telefone ou videochamada que ajudam a preparar o processo, de modo a que, quando tudo passar, as coisas voltem o mais rapidamente possível ao normal.

Um destes centros é a Ilaya, projeto multifuncional nascido em Kiev, Ucrânia, com parcerias que já chegam a San Jose e Nova Iorque, nos Estados Unidos, e uma clínica própria em Valência, Espanha. Dotado de um corpo de profissionais experientes e multilingues, a Ilaya oferece um serviço integrado onde, por exemplo, os pacientes podem armazenar material biológico através de criogénese por um período ilimitado de tempo, e que agora, devido à pandemia que assola o mundo, decidiu adotar uma nova forma de comunicação e acompanhamento entre pessoal médico, pacientes e potenciais pacientes.

Com as clínicas de Kiev e Valência fechadas (Kiev estará aberta apenas para os tratamentos já previstos) em cumprimento com as recomendações dos respetivos governos, a Ilaya está a oferecer consultas e a responder a todas as perguntas que possam surgir relacionadas com os serviços prestados com a clínica via telefone e/ou chamada Skype.

Aliás, a ideia de que as clínicas devem continuar a executar os tratamentos já previstos é corroborada por Cláudia Vieira, presidente da APFertilidade, que, em consonância com as recomendações da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução e do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, sustenta que apenas os tratamentos já previstos devem prosseguir. Explica a dirigente que, ao não fazê-lo, poderia estar-se a comprometer a terapêutica e o procedimento já numa fase mais avançada de realização.

“É importante que os casais confiem no aconselhamento da sua equipa médica e mantenham a calma, apesar da situação atípica que vivemos”, realça Cláudia Vieira.

A responsável assegura ainda que a APFertilidade está a acompanhar a situação da PMA desde que foram registadas as primeiras alterações no funcionamento dos centros, indicando que têm sido dadas garantias às mulheres e casais que os procedimentos já agendados irão decorrer sob as condições necessárias e obrigatórias de segurança e proteção. “A APFertilidade continua a trabalhar e está disponível para esclarecer dúvidas relacionadas com a PMA e com a situação do Covid-19, sendo que, nesta fase, dúvidas mais específicas sobre o tratamento devem ser esclarecidas com a equipa médica”, reforça Cláudia Vieira.

De uma forma ou de outra, as clínicas de fertilidade estão, como se percebe, a adaptar-se às exigências e dificuldades do momento, garantindo que todos os seus pacientes continuarão a ter o acompanhamento necessário durante a pandemia do coronavírus.

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