Tony Hawk Pro Skater 1+2 é o renascer de dois clássicos compilados num só jogo, prometendo diversão para muitas horas.
Há pouco mais de um mês foi lançado Skater XL, jogo que trouxe uma mecânica revolucionária para os jogos de skate, mas que falhou em quase tudo o resto. Já a saga Tony Hawk’s regressou sem desejos de inventar a roda, muito pelo contrário até. Pegou na fórmula antiga, trouxe de volta a estrutura e aprimorou a jogabilidade e os gráficos. O melhor? É que está fantástico!
O primeiro detalhe que quero realçar em Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é a brilhante decisão de terem juntado dois capítulos num só. Em 1999 era fácil passar várias horas seguidas a jogar o mesmo jogo (neste caso Pro Skater), com os mesmos mapas, a fazer as mesmas coisas sem cansar, por três motivos: Primeiro porque estava a começar o “BOOOM” de uma evolução abismal a nível de realismo dos jogos 3D, sendo que, na altura, os gráficos já estavam a um nível de realismo satisfatório; depois porque não havia a variedade de títulos (de qualidade) que há hoje, logo comprar um jogo era quase um evento religioso; e por fim porque o Skate era uma modalidade emergente no final dos anos 90 com um extremo nível de popularidade entre os jovens e não havia muita oferta (o Top Skater é o único que me vem à cabeça, mas estava a anos-luz do que foi o Pro Skater).
Em 2020 é preciso encontrar o jogo ideal, a nível de cruzamento com os nossos interesses pessoais ou de profundidade de conteúdo, caso contrário é fácil haver saturação. Posto isto, para chegar ao meu ponto inicial do quanto brilhante foi a decisão da fusão, fazer o remake de apenas um deles era um erro, pelo simples falto de resultar numa grande falta de conteúdo. Para jogar online, mas sobretudo offline – que é um fator chave para avaliar a qualidade de um jogo, no meu ponto de vista.
Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 surge, assim, com dois mapas base (um por jogo), mais 15 que ficam disponíveis progressivamente através da conclusão de vários desafios clássicos (High Score, Combo, colecionar as letras S-K-A-T-E, manobras especiais, entre outros). E ao completarem grande parte dos desafios, é ainda possível desbloquear dois mapas extra. 19 mapas ao todo, entre os quais há skateparks, escolas, urbanos, armazéns e alguns um pouco incomuns, garantindo haver diversão para todos os gostos.
Para além desses desafios offline que prometem horas de dedicação e quebra-cabeças, posso dizer que estarão apenas no início do jogo assim que os terminarem. Há uma terceira opção em “Skate Tours”, que é Ranked & Free Skate. Ainda que em “Free Skate” seja possível estar à vontade para conhecer os cantos aos parques, em Single Session e Speed Run (que consiste em completar os 10 desafios de cada parque de uma assentada só no menor tempo possível) é a doer, pois estão a competir para o melhor lugar possível no Ranking Mundial.
Se não gostarem de jogar a solo e o que querem mesmo é competir mano-a-mano contra outros skaters, multiplayer é o que precisam. Enquanto que em local multiplayer possam desafiar os vossos amigos em splitscreen, com quick playlist vão competir contra lobbies com oito skaters de todos os cantos do mundo. Ambos dispões de vários tipos de desafios que vão rodando, mas pessoalmente acho o “Graffiti” o desafio mais divertido de todos, consistindo em tentar fazer o máximo de pontos em interação com vários objetos do mapa, ficando da cor do jogador que mais pontos.
Para todos estes modos de jogo, há um leque vasto de skaters por onde escolher, de clássicos a estrelas emergentes. É também possível criar um skater de raiz e jogar com ele. A evolução do skater que escolhem a nível de skills é feita através de Star Points que vão apanhado nos vários mapas, e esses Star Points/progressão é bloqueada ao skater que escolherem. Posto isto, para desbloquearem os filmes de cada skater, vão ter de passar o jogo na íntegra com cada um.
Em paralelo com todos os modos de jogo, há imensos desafios que vão por à prova toda a vossa capacidade de comando nas mãos. Em troca, vão amealhando XP que vos vai permitir subir de nível e desbloquear vestuário, material de skate e elementos para acrescentar na secção de criação de um skatepark (sim, isso também é possível e as opções são imensas).
Não se pode falar em desafios sem falar do aspecto dos menus. Este dividem-se em cinco categorias distintas e bem organizadas, com transversalidade in-game quando estão a meio de uma sessão de jogo, dando assim para fazer alterações base e consultar objetivos sem terem de terminar a sessão.
A arte empregue na conceção gráfica desses menus, bem como todo o aspeto do jogo em si, consegue captar toda a magia, cor e traços dos jogos originais, baseada no Punk Rock e Hip-Hop. Acaba por tornar este jogo bastante fiel a toda a cultura de skateboarding, conferindo uma experiência muito autêntica a quem está a jogar. Até a banda sonora está no ponto, com um misto híbrido entre o passado e a atualidade, mantendo uma linha uniforme no estilo musical.
O melhor é que, para além disto, os gráficos estão brutais, onde o brilho, cor e saturação do ambiente circundante conseguem captar na perfeição as alturas do dia representadas em cada mapa. Nota particular para Venice Beach, num final de tarde representado com um realismo sem igual. Falo com isto sobre direção e posição de sombras com base no ângulo do sol, claridade e escuridão nos sítios certos sem haver encandeamento ou cegueira e os reflexos das poças de água e aspeto da areia são fiéis a um ambiente típico pós-chuva. O detalhe e desgaste no chão, infra-estruturas e objetos circundantes do ambiente (inclusive vegetação), estão também a um nível assinalável. Posto isto, pode-se dizer que o upgrade feito a estes capítulos da saga foi gerido com mestria. A sensação transmitida pela vibração do comando face aos truques que se fazem foi totalmente conseguida, tal como os sons de cada piso por onde o skate passa.
A jogabilidade não é tão realista como os jogos mais recentes, mas também era isso que tornava os jogos de Tony Hawk‘s tão viciantes no passado. Manteve-se assim fiel ao original e julgo que foi a decisão certa, pois não adulteraram o jogo e, dessa forma, também não sabotaram a experiência. A motricidade do skater está muito melhor a nível de realismo face às situações, as quedas estão bem orquestradas, os movimentos das pernas fiéis à realidade e o equilíbrio mais solto e diverso, eliminando assim a robotização do passado, que era o que metia mais impressão no jogo.
Dito isto, o veredito final não podia ser mais positivo. Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é um remake extremamente bem conseguido, com a capacidade de fazer brilhar os olhos dos fãs de longa data e proporcionar uma experiência muito imersiva, desafiante e completa a todos os que apreciam um bom videojogo. O preço do jogo é também ele bastante atrativo, estando situado na casa dos 40€, que neste caso é uma pechincha! Não é por acaso que este capítulo foi o mais bem sucedido da saga, tendo sido o mais rápido a atingir um milhão de cópias vendidas.
Arrisco a dizer que THPS1+2 é o melhor jogo de skate alguma vez produzido e abre uma porta muito interessante… a de fazer mais remakes de capítulos passados, casos de Underground 1 e 2 ou American Wasteland (o meu preferido de sempre). Tenho a certeza que se, à semelhança desta produção, a decisão for a de manter o Unreal Engine, não tenho dúvidas de que vão ser jogos históricos já para a PS5. E eu cá estarei para falarmos disso.
Plataformas: PC, PlayStation 4 e Xbox One
Este jogo (versão PlayStation 4) foi cedido para análise pela Ecoplay.