Por cá, a Apple terá de descartar o uso da sua tecnologia própria Lightning.
Setembro de 2021. A Comissão Europeia, a guardiã dos Tratados e o braço executivo da União Europeia, anunciava planos para fazer com que os dispositivos eletrónicos chegassem todos ao mercado com uma porta de carregamento USB-C.
A intenção era reduzir o lixo eletrónico, permitindo que os utilizadores venham a reutilizar carregadores e cabos que têm por casa quando adquirem novos equipamentos.
Além dos smartphones, o objetivo é o USB-C ser uma norma obrigatória em tablets, auscultadores e auriculares, colunas, câmaras e consolas. A proposta, porém, somente dizia respeito a dispositivos eletrónicos que sejam recarregados com recurso a cabo. Por exemplo, se a Apple lançar um iPhone que se recarrega sem que seja necessário utilizar qualquer cabo, então a norma do USB-C não se aplica.
Ora, isto era sabido em setembro do ano passado. Estamos agora em junho de 2022 e eis que é mesmo oficial: a partir de 2024, todos os novos telemóveis, tabletes, câmaras digitais, consolas de videojogos portáteis, auscultadores com ou sem microfone, altifalantes portáteis, leitores de livros digitais, teclados, ratos, sistemas de navegação portáteis e auriculares terão de estar equipados com uma porta de carregamento USB-C.
A partir de agora, as empresas têm um período de transição de 24 meses a contar da adoção oficial para tornar o carregador comum uma realidade para todos para todas as categorias de produtos abrangidos, com exceção dos computadores portáteis, que beneficiarão de 40 meses – ou seja, o prazo neste caso é até 2026.
Resta saber, agora, como é que a Apple irá fazer. Irá lançar um smartphone com entrada USB-C, somente pensado para a Europa? Ou somente irá disponibilizar por cá um telemóvel que é carregado via wireless? Teremos de esperar para ver.
Recorde-se que, em 2020, foram vendidos na UE aproximadamente 420 milhões de telemóveis e outros dispositivos eletrónicos portáteis. No entanto, mais de um terço dos consumidores dizem ter tido problemas devido à incompatibilidade dos carregadores no mercado; gastaram-se anualmente cerca de 2.400 milhões de euros em carregadores autónomos adicionais. Simultaneamente, os carregadores eliminados e não utilizados representam cerca de 11 mil toneladas de resíduos eletrónicos por ano.
