- Publicidade -

A estreia oficial de Zelda ao comando da sua própria franquia é uma delícia de jogar e de descobrir, com uma jogabilidade criativa, desafiante e extremamente acessível, tornando The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom uma fantástica nova porta de entrada para a lendária saga.

Antes de pegar neste jogo, sentia-me ansioso, com medo e dúvidas. Não, não me refiro ao remake de Silent Hill 2, que será a minha porta de entrada nessa saga. Refiro-me a algo com uma atmosfera e apresentação completamente diferentes: o exclusivo da Nintendo Switch, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom.

Parece estranho, bem sei. Mas a minha relação com a saga The Legend of Zelda não entra naquela adoração popular que tem alimentado gerações de jogadores ao longo de décadas. A verdade é que, apesar de respeitar profundamente a série e de reconhecer todos os elogios a si atribuídos, até agora posso afirmar que apenas nutro respeito pelos jogos.

Os elementos que fazem parte do seu DNA nem sempre vão ao encontro das minhas expectativas e gostos pessoais. Foi o caso dos dois últimos títulos principais da franquia, Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, cuja expansividade fez com que perdesse gradualmente a vontade de jogar, e os picos de dificuldade, em muitos casos, causaram-me um nível de ansiedade que não estou disposto a enfrentar nestes videojogos. Um problema pessoal, portanto.

O meu maior receio com The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom surgiu devido a um jogo ao qual empresta a sua apresentação: The Legend of Zelda: Link’s Awakening. Por detrás do seu aspeto adorável, ao estilo dos Pinypon, numa perspetiva top-down, o remake do aclamado jogo de 1993 foi uma dor de cabeça para o completar. Imediatamente questionei um colega crítico, que já tinha terminado The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom, se esta nova aventura adotava mecanismos de game design old-school, com uma progressão baseada em trocas de itens entre NPCs, muitas vezes sem indicações, ou se os desafios eram tão obtusos como na reta final de Link’s Awakening. Ainda hoje me fascina como é que, em 1993, os jogadores conseguiram terminar aquela aventura sem um guia (ou então sou eu que sou simplesmente burro). Para minha felicidade, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom não é assim. Além disso, não herda as críticas que aponto a Breath of the Wild e a Tears of the Kingdom. Na minha modesta opinião, é até mais divertido do que os três exemplos que mencionei, construindo-se com base nas melhores qualidades de cada um.

legend of zelda echoes of wisdom echo boomer 1
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom (Nintendo)

Jogar The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é uma satisfação enorme. O jogo absorve elementos como as habilidades de Link em Tears of the Kingdom, aqui reduzidas ao uso de uma varinha mágica que duplica objetos e inimigos. Em alguns casos, permite mover e imitar os movimentos de inimigos e de objetos na pele da protagonista, Zelda, que, finalmente, recebe as atenções na sua própria série de forma oficial.

Recuando um pouco à narrativa, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom começa com Link numa missão de resgate a Zelda, mas este acaba absorvido por um rasgo multidimensional. Zelda, por sua vez, é libertada das garras de Ganon, também ele absorvido para a estranha dimensão, e descobre que Hyrule está prestes a colapsar. Diferentes rasgos em várias regiões colocam a população em perigo, e cabe ao jogador partir numa aventura para descobrir respostas e salvar os habitantes de Hyrule, bem como resgatar Link.

Zelda não é a espadachim que é Link e com o qual estamos habituados nos outros jogos da franquia, mas não é menos corajosa ou forte. Acompanhada por uma adorável criatura flutuante chamada Tri, Zelda tem ao seu dispor uma varinha mágica (ou bastão) com a qual pode criar ecos de inimigos ou objetos, utilizando-os em diferentes circunstâncias. Seja na resolução de puzzles ambientais, como construir pontes com camas, ou em combate, enviando uma cópia de um inimigo para lutar por si, a mecânica gira em torno do uso estratégico de ecos, como o nome do jogo sugere.

Adoro como uma mecânica tão simples se torna complexa à medida que colecionamos ecos como se fossem criaturas Pokémon. O uso destes consegue ser, por vezes, universal ou singular, incentivando o jogador a experimentar e a combinar estratégias com um nível de criatividade quase tão elevado quanto o de Tears of the Kingdom. É um design de jogo que torna cada aventura única para cada jogador.

Para além disso, Zelda pode, por vezes, adquirir novas habilidades, como usar um escudo ou uma espada, tal como Link. Desta vez, é Zelda quem invoca o eco de Link, numa espécie de super-poder de transformação, que requer alguma estratégia de uso, dado que consome energia, por vezes escassa em situações mais caóticas.

legend of zelda echoes of wisdom echo boomer 2
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom (Nintendo)

A progressão e a navegação por esta versão de Hyrule tornam The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom uma delícia de explorar. Ainda que haja momentos em que, à boa maneira da série, o jogo nos envie para o lado oposto do mapa, explorar as diferentes áreas em busca de itens e ecos é emocionante, pois muitas vezes encontrei coisas que pareciam inalcançáveis, mas acabei por conseguir aceder com alguma força bruta e alguma criatividade, revelando as inúmeras soluções para os problemas propostos.

Emocionantes são, também, as mini-side quests que o jogo nos vai propondo, como ajudar personagens a encontrar itens e amigos, fazer entregas, ou até completar dungeons com monstros. Estas pequenas missões são acompanhadas por histórias bem interessantes e divertidas – graças ao excelente texto do jogo e às interjeições da adorável Tri – e podem resultar em recompensas de valor, como um fato felino para Zelda, acesso a novos ecos ou fragmentos para atualizar os níveis de energia.

As dungeons e os puzzles ambientais são, mais uma vez, destaques da experiência de jogo. Embora possam parecer esteticamente repetidos, a variedade de obstáculos, inimigos e problemas apresentados faz de The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom uma experiência quase de jogo de puzzles que respeita o tempo e inteligência do jogador, com um nível de desafio progressivo e extremamente satisfatório de concluir, especialmente quando conseguimos encontrar todos os baús e elementos opcionais desta aventura.

Os visuais e a direção artística são a cereja no topo do bolo. O jogo não é apenas adorável, mas também consistente e polido, com animações dinâmicas e um mundo repleto de vida e cor, acompanhado por uma banda sonora fantástica e uma jogabilidade intuitiva. No entanto, do ponto de vista técnico, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom nem sempre está à altura da sua visão, apresentando um framerate instável. Por vezes, é difícil perceber se o jogo corre a 30FPS ou a 60FPS, com a fluidez de imagem a cair significativamente nas secções de exploração do mundo aberto.

Tirando este pequeno apontamento, os meus receios em relação a The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom não se concretizaram, o que é uma boa notícia. Esta nova aventura mostrou-se muito mais focada e acessível, sendo até um excelente ponto de entrada na franquia, quer para os mais novos, quer para jogadores como eu, que sempre viram a série à distância. E o facto de ser Zelda, finalmente, a fazer este convite é espetacular.

Recomendado - Echo Boomer

Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.

- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados