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Quando alguém que está irritado ou triste morre, o rancor que fica materializa-se numa maldição que destrói qualquer pessoa que se cruze com ela no sítio onde morreu. É o que acontece na casa em que uma mãe mata toda a família: toda a gente que entra tem uma morte violenta.

“Feliz Ano Novo” serve como frase introdutória para cada transição de ano, mas também significa que janeiro pode voltar a ser o tradicional “mês do lixo”. Em Portugal, temos a sorte (que realmente é um azar muito frustrante) de ser um dos melhores meses do ano, visto que todos os filmes candidatos a Óscar e afins são lançados (tarde) durante estas primeiras semanas. No entanto, ainda contém os filmes de ação e/ou de horror formulaicos. The Grudge, um reboot de um remake (porque não?), é a adição mais recente ao grupo de filmes de horror sobre o qual ninguém consegue entender a razão pela qual foram produzidos.

Nunca fui fã da saga, logo, como seria de esperar, não antecipava muito por parte de um reboot de uma franchise que sempre pareceu uma forma preguiçosamente barata de filmar algumas sequências com jump scares sem contar uma história decente. Nicolas Pesce mostra algumas pitadas do seu talento enquanto filmmaker através de algumas cenas de suspense eficientes, mas o aspeto a ser culpado neste tipo de filmes é sempre o mesmo: o argumento. Não me recordo do último filme que vi que não tivesse tratado o seu público como se fossem as pessoas mais estúpidas do planeta. Torna-se verdadeiramente desrespeitoso. Parece que os produtores pensaram que o público-alvo de um filme de horror eram crianças de 5 anos.

The Grudge 2019

Chega a um ponto onde o filme em si sente-se muito inteligente pela maneira como este partilha informações do enredo. Cria um build-up tenso para o que poderia ser um grande twist e que, na verdade, é algo tão evidente desde os primeiros minutos do filme. Este processo repete-se durante todo o tempo de execução. “Vem aí um grande twist! Estão prontos? Cuidado! Cá vai… BAM! Não estavam à espera, pois não?!”

Estava. Todos estavam. Até o responsável do cinema pela sala que apenas aparece por alguns segundos a cada meia hora foi capaz de descobrir tudo o que estava a acontecer. Durante a sessão, não sabia se devia rir devido aos pontos de enredo ridiculamente explícitos ou se devia ficar frustrado por ser tratado como se não possuísse um cérebro. Tudo em The Grudge é dolorosamente óbvio. Tento o meu melhor para não pensar demasiado à frente. Tento não prever o que vai ocorrer ou quando um jump scare vai acontecer. Mas este filme é tão incrivelmente genérico que não consegui evitar saber tudo instintivamente.

História ou jump scares, não importa. Tudo o que Pesce tenta fazer está rodeado por uma aura de previsibilidade que torna esta peça de horror extremamente aborrecida. Este deve ser um dos piores sentimentos que se pode ter enquanto se assiste a um filme de horror, não? Como é que alguém se pode sentir entediado por um filme a atirar constantemente jump scares e partes “importantes” do argumento a cada cinco minutos? Bem, The Grudge foi capaz de concretizar este milagre.

The Grudge 2019

Não sei porque é que The Grudge, enquanto saga, continua a existir. A primeira parcela, um remake do original japonês, foi um sucesso surpreendente de bilheteira. Ainda assim, a maioria do público e da crítica não gostou do filme. Os lançamentos consequentes no cinema foram uma deceção. Por isso, vamos fazer um reboot do remake, certo? Enfim.

Nicolas Pesce parece ser um cineasta com futuro. É capaz de gerar tensão e um ambiente pesado facilmente, mas um passo em falso deste tamanho pode prejudicar a sua carreira. O elenco talentoso tenta o seu melhor para levar o filme a porto seguro, mas a história absurdamente óbvia, genérica, formulaica e clichê afundou o filme bem lá em baixo.

A falta de momentos surpreendentes, os jump scares extremamente previsíveis e o desrespeito completo para com o público, tratando os espetadores como se fossem uns estúpidos sem capacidade de raciocínio, fazem de The Grudge um dos piores filmes de horror dos últimos anos.

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