Stellar Blade para PC mantém-se fiel à experiência original da PlayStation 5, com uma conversão extremamente otimizada, que dá aos jogadores de PC a oportunidade de jogarem descontraidamente um dos melhores jogos de ação atuais da PlayStation.
Pouco mais de um ano após a sua estreia na PlayStation 5, Stellar Blade chega ao PC com surpreendentes recordes de vendas no lançamento e um registo de atividade elevadíssimo, especialmente tendo em conta outros lançamentos pós-exclusividade da Sony Interactive Entertainment nas lojas da Steam e a Epic Games. Contesto, no entanto, esta surpresa, uma vez que, e desde o anúncio do jogo, a comunidade demonstrou grande vontade de o experimentar. Afinal, o sexo vende, e Stellar Blade aposta claramente na sensualidade, com contornos provocantes e fatos da sua protagonista, EVE, que deixam pouco à imaginação.
Já no lançamento, este lado do jogo deixou-me desconfortável. Não é que não aprecie estes elementos, mas subtileza não é o forte de Stellar Blade em nenhuma das suas dimensões, tornando-se gratuito, óbvio e até barato, destoando dos temas e tons do jogo, e absorvendo toda a atenção da experiência nestes elementos mais fúteis. E é uma pena, porque passados alguns meses, já abstraído de tudo isso, repeti Stellar Blade na PlayStation 5 Pro, platinei-o e adorei (ainda mais) tudo o resto que o torna num fantástico e entusiasmante jogo de ação, com uma ótima progressão, bosses fantásticos, mundos interessantes de explorar e muita experimentação no combate. Para além de sensual, Stellar Blade também tem muito estilo.
Tudo o que o jogo já era na PlayStation 5 continua presente no PC, incluindo as suas expansões pagas colaborativas – adquiridas em separado ou através da edição completa –, com conteúdos de NieR: Automata, a grande inspiração original de Stellar Blade, e Goddess of Victory: Nikke, o popular gacha também da Shift Up, reconhecido pela sua estética anime e por personagens com grandes rabos.
Ao contrário de outras conversões de exclusivos da PlayStation para PC, esta versão de Stellar Blade foi desenvolvida internamente, sem o envolvimento de estúdios como a NIXXES, que frequentemente se dedicam a estes projetos. De forma resumida, o trabalho da Shift Up neste campo é exímio. Com o lançamento da PlayStation 5 Pro, o estúdio coreano demonstrou as suas capacidades técnicas ao otimizar o jogo para a nova consola da Sony, oferecendo uma quantidade surpreendente e rara de modos de desempenho, revelando uma extraordinária flexibilidade e deixando a decisão de experimentar o jogo ao gosto e às necessidades de cada jogador.
Este esforço de oferecer opções continua no PC, com todos os parâmetros habituais, e também com suporte avançado para algumas das mais recentes tecnologias, como AMD FSR 3 e NVIDIA DLSS 4, cada uma com as suas versões de reconstrução de imagem e injeção de frames. Stellar Blade no PC também quebra limites impostos pelas consolas, com taxas de frames desbloqueadas e resoluções aumentadas, incluindo formatos panorâmicos de 21:9 e 32:9. Texturas e modelos melhorados também estão disponíveis, bem como controlos adaptados a teclado e rato, e suporte das funcionalidades do DualSense já existentes na versão para consola.
Na prática, Stellar Blade revela-se um jogo extremamente escalável, ou seja, com espaço para ajustar todas estas definições de acordo com o hardware dos jogadores, mantendo uma excelente qualidade de imagem aliada a um desempenho fenomenal. No meu caso, com um PC equipado com uma GeForce RTX 4090 da NVIDIA, 32 GB de RAM, SSD de alto desempenho e um processador i9-10900X da Intel (que já começa a acusar a idade), Stellar Blade tem um desempenho fantástico na melhor qualidade possível, capaz de atingir taxas de frames elevadíssimas com recurso ao DLSS em modo Qualidade, juntamente com a injeção de frames. Sem estes dois elementos, tive uma experiência mais “nativa”, mas com um desempenho ainda assim surpreendente, sempre acima dos 60 FPS ideais, atingindo 80 e 90 FPS em cenários mais abertos e com ação.
De notar que Stellar Blade recorre ao Unreal Engine 4, um motor conhecido por, por vezes, apresentar um desempenho instável quando não é cuidadosamente otimizado. Os infames frame-times flutuantes que muitas vezes impedem um desempenho fluido não se fazem sentir aqui, apresentando um jogo que “escorrega” extremamente bem, sem grandes flutuações ou esforço do hardware. Uma das razões para isso, para lá da ótima otimização, é o facto de se tratar de uma experiência mais linear e não de um mundo totalmente aberto, embora existam áreas com alguma abertura.
No outro extremo do espetro de hardware, testei, como habitual, na Steam Deck da Valve, para perceber até que ponto o jogo se comporta em sistemas mais modestos. Tratando-se de um jogo moderno e de geração atual, as expectativas eram moderadas. No entanto, também aqui Stellar Blade surpreende. O selo de “Verificado” da Valve faz justiça à experiência entregue, com o jogo a oferecer um preset dedicado à Steam Deck, mas com possibilidade de afinação. Com uma combinação de definições em baixo e resolução nativa da consola (1280×800 pixéis), é possível jogar a 30 FPS constantes, sem grande perda de qualidade de imagem. Aspetos como a qualidade de texturas, modelos ou objetos à distância em definições baixas não são problemáticos neste ecrã, resultando, na verdade, numa experiência excelente. Recorrendo a outras afinações e à ativação do FSR em diferentes modos, é possível melhorar ainda mais o desempenho, com o óbvio custo na qualidade de imagem.
Stellar Blade é, assim, uma conversão fantástica, flexível, otimizada e bem escalável numa grande variedade de máquinas. Mas, aproveitando esta reflexão sobre Stellar Blade, termino com uma nota menos positiva. Para esta análise, tive acesso à versão PC completa e ao DLC premium de Goddess of Victory: Nikke na versão da PlayStation 5. Este pacote inclui novos conteúdos, com uma pequena história que traz ao mundo de Stellar Blade uma personagem desse jogo da Shift Up para um épico combate com EVE. Adicionalmente, inclui um novo modo de jogo inspirado em Goddess of Victory: Nikke, com mecânicas de cover shooting ao controlo de EVE e, claro, vários fatos extremamente sensuais e elegantes para desbloquear. Trata-se de uma quantidade substancial de conteúdo, especialmente para fãs, mas cujo acesso poderá ser limitado, sobretudo para quem já terminou o jogo e não tem um backup do save.
Na minha PlayStation 5, por exemplo, fiquei “impedido” de aceder imediatamente ao DLC Goddess of Victory: Nikke, isto é, a menos que recomeçasse o jogo e repetisse mais algumas horas. Isto acontece porque o DLC é desbloqueado numa zona específica durante a história do jogo. No entanto, quem terminou a história principal percebe que não é possível viajar para outras áreas, porque o último save é feito após o seu ponto sem retorno. Para piorar, Stellar Blade continua a não oferecer diferentes save states, algo que já deveria ter sido corrigido. Assim, a minha recomendação é que não terminem o jogo sem explorarem tudo. E, caso tencionem adquirir os DLCs no futuro, considerem fazer backups do vosso progresso.
Stellar Blade para PC está disponível na Steam Store e na Epic Games Store a partir de 69,99€.
Cópia para análise cedida pela PlayStation Portugal.