Star Wars Outlaws para a Nintendo Switch 2 é uma conversão quase perfeita e mais um exemplo das capacidades mais avançadas da nova consola híbrida da Nintendo. Ainda que os seus controlos pudessem ser mais aprimorados para o modo portátil.
As minhas primeiras impressões ao ver e jogar Star Wars Outlaws na Nintendo Switch 2 foram surpreendentemente positivas, mas com alguns altos e baixos. Depois de quase uma centena de horas de jogo num PC bem artilhado, o jogo que conheci inicialmente era e continua a ser belo, mas exigente o suficiente para me obrigar a fazer algumas conceções, para garantir uma experiência de jogo tão fluida como satisfatória. Com isso em mente, Star Wars Outlaws para a Nintendo Switch 2 parece ficção, um daqueles cenários de “este jogo é exigente demais para uma máquina tão modesta” e, ainda assim, tal como Cyberpunk 2077 na nova máquina da Nintendo, corre muito melhor do que esperava.
É claro que estamos perante uma conversão que sacrifica muito do “flair” do original. A resolução é mais limitada e suportada por técnicas de reconstrução de imagem, os modelos das personagens são menos detalhados, os ambientes ligeiramente mais despidos, resoluções e texturas também ajustadas, etc. Mas quando tudo é apresentado no ecrã portátil da consola da Nintendo, sem uma comparação direta com outras versões do jogo, é fácil ignorar esse “downgrade”. Star Wars Outlaws na Nintendo Switch 2 preserva, assim, o seu look e identidade. Esta versão do jogo recorda-me, de alguma forma, de alguns jogos da PSP durante a geração da PlayStation 2. Alguns jogos eram conversões diretas da sua versão de sala com sacrifícios ajustados ao formato portátil da pequena consola da Sony, outros eram versões completamente novas e ajustadas, mas que mantinham a essência dos originais. Star Wars Outlaws, no entanto, é o jogo completo que conhecemos das consolas mais poderosas e do PC, numa versão completa que inclui as duas expansões extra, oferecendo assim a experiência mais rica de todas, ainda que as suas expansões sejam completamente opcionais face à campanha original.

É um pacote sólido, mas que não resolve os problemas menos positivos da sua história, que apesar de ser interessante e divertida, sofre com o registo tradicional da Ubisoft, ao colocar o seu mundo virtual cheio de quests e atividades para reter artificialmente a atenção do jogador, à frente daquilo que torna qualquer aventura cinemática interessante: uma narrativa coesa, bem estruturada e com oportunidades para desconstruir e aprofundar o seu elenco. No fundo, é um excelente jogo Star Wars, mas ao mesmo tempo uma história pouco convincente dentro deste universo, ainda que admire alguns dos seus momentos. Poderão ficar a saber mais sobre o que achei do jogo em si, na nossa análise original, aqui.
Voltando à versão da Nintendo Switch 2, sim, as primeiras impressões foram ótimas, mesmo considerando os seus sacrifícios, que se estendem ao frame-rate, aqui condicionado aos 30FPS, mas isso já era expectável. Essas impressões foram tão positivas que me levaram a continuar a história que tinha deixado para trás no PC, nomeadamente as suas expansões, até porque a Ubisoft – apesar de tudo – permite que o progresso do jogo seja partilhado entre plataformas. Ou seja, com um pequeno login nos seus servidores, o save game que tinha no PC foi transferido para a consola da Nintendo. É um processo simples, ainda que não seja de todo seamless (como acontece com Cyberpunk 2077), já que o upload e download de dados deve ser feito manualmente nas plataformas respetivas.
Ainda assim, Star Wars Outlaws na Nintendo Switch 2, tornou-se durante uns dias num excelente complemento da versão PC, onde em casa podia jogar tranquilamente na secretária, e na rua podia continuar a explorar a galáxia. É excelente.
Mas não é só em modo portátil que Star Wars Outlaws surpreende, uma boa noticia para quem está limitado à Nintendo Switch 2 ou apenas a uma versão do jogo – porque cada versão tem um custo. Mesmo com todos os sacrifícios visuais apontados, ligado, por exemplo, a uma TV OLED 4K de 55 polegadas, Star Wars Outlaws tem uma apresentação extremamente convincente para um jogo moderno, com uma qualidade de imagem bem definida, ainda que se note algum serrilhamento por ser uma resolução nativa inferior a 4K, e uns 30FPS também sólidos. Continua a ser uma versão inferior a outras existentes noutras consolas, mas longe de ser um desastre visual ou técnico, o que é fantástico considerando que Star Wars Outlaws é um jogo visualmente rico e que corre o risco de ser muito “ruidoso” com tudo o que é capaz de apresentar no ecrã ao mesmo tempo.
Onde a experiência Star Wars Outlaws começa a descambar na Nintendo Switch 2 é nos seus controlos, ao fim de algum tempo, em particular no modo portátil. Se tecnicamente é impressionante, jogá-lo em modo portátil é muito pouco ergonómico, o que me leva a questionar se não deveria haver alguma atenção especial por parte dos produtores no que toca aos controlos, quando se trata de converter um jogo.
Star Wars Outlaws foi inicialmente concebido para PCs (teclado e rato) e consolas (PlayStation 5 e Xbox Series X|S) com os seus comandos em mente. A disposição dos controlos de Star Wars Outlaws na Nintendo Switch 2 não são, de todo, diferentes do que encontramos noutros comandos, mas o conjunto de mecânicas de jogabilidade do jogo afetam em muito a ergonomia e o conforto nas mãos nestes comandos.

Star Wars Outlaws é mecanicamente complexo, a nossa protagonista Kay dá tiros com vários modos, usa ação furtiva, controla um adorável animal, dá porrada em Stormtroopers, salta entre plataformas e sobe paredes, conduz uma mota flutuante, dispara em cima da mota e aciona mais uma série de ações, etc… o que significa que há atalhos, combinações e uso de botões de ombro, gatilhos e D-Pad constantes, que, em modo portátil, tornam-se tão confusos como desconfortáveis. É um efeito estranho e admito que tenho alguma dificuldade em descrever, mas que curiosamente não sinto normalmente noutros jogos, alguns até complexos como, mais uma vez, Cyberpunk 2077.
Estes elementos ligados à jogabilidade em modo portátil, mesmo com as suas excelentes opções de acessibilidade ligadas, acabam por entrar em conflito com a real natureza desta versão, que é apresentar uma excelente versão portátil de Star Wars Outlaws. Felizmente, há uma solução, usar os Joy-Cons separados do ecrã, ou optar por um Pro Controller – à semelhança do que seria ligado a TV.
Fora este apontamento, o sentimento de maravilha e surpresa de Star Wars Outlaws para a Nintendo Switch 2 manteve-se ao longo do tempo que passei com o jogo. Sempre que voltava a ele, quer na TV, quer na consola em modo portátil, exclamava internamente um “bolas, o jogo não está nada mal nesta consola”. Um sentimento que espero repetir mais vezes com futuras conversões para a nova máquina da Nintendo. A única coisa que desejo é que essas conversões não se fiquem só por ajuste dos visuais e do desempenho.
Cópia para análise (versão Nintendo Switch 2) cedida pela Ubisoft.