A Aspyr continua a sua viagem pelo catálogo da antiga Lucasarts, desta vez com a conversão de Star Wars Episode I: Jedi Power Battles, que celebra 25 anos. Num verdadeiro teste à sua idade, o jogo de 2000 continua datado, numa remasterização com pouco para oferecer, para lá de todo o seu conteúdo desbloqueado.
A Aspyr lançou recentemente mais uma das suas remasterizações de jogos clássicos de Star Wars, com Star Wars Episode I: Jedi Power Battles, coincidido com o 25º aniversário do jogo original, lançado para PlayStation, SEGA Dreamcast e Nintendo Game Boy Advance.
O catálogo de jogos de Star Wars é mais extenso que o número de séries e de filmes deste universo, produzidos já sob a alçada da Disney e, como tal, está recheado de excelentes produções e de umas quantas apostas menos divertidas. Assim, a cada remasterização da Aspyr, nascem não só novas oportunidade de viajar no tempo e de confirmar se os bons jogos resistem aos efeitos do tempo (ou se as boas memórias eram só nostalgia), mas também a possibilidade de perceber se as melhorias destas remasterizações tornam, efetivamente, alguns jogos antigos um pouco melhores.
No caso de Star Wars Episode I: Jedi Power Battles, existem obviamente melhorias técnicas e de qualidade de jogo, de modo a tentar colocá-lo à altura das expectativas dos jogadores modernos mais curiosos. No entanto, para quem não viveu o jogo original e não nutre de qualquer nostalgia do título ou da febre do lançamento de Star Wars Episode I: The Phantom Menace em 1999, pode confrontar-se com uma aposta frustrante e datada. O que por um lado abona a favor da preservação do jogo original da antiga Lucasarts.
Inspirado no mundo e eventos apresentados em Star Wars Episode I: The Phantom Menace, Star Wars Episode I: Jedi Power Battles não é o tradicional tie-in do filme que serve para recontar os seus eventos – esse é outro jogo -, mas é uma aposta com uma promessa mais divertida e de arcada, com um estilo de jogo e formato um tanto semelhante a alguns jogos LEGO.
Em Star Wars Episode I: Jedi Power Battles, o jogador assume o papel de vários Jedi, como Obi-Wan Kenobi, Qui-Gon Jinn e Mace Windu, e outras personagens do primeiro filme – com destaque para Darth Maul, Queen Amidala e um Battle Droid -, cada um com habilidades e estilos de jogo um pouco diferente, associado às armas e capacidades já conhecidas das personagens, e com as quais vamos visitar diferentes áreas e biomas inspirados no primeiro filme, mas sem grande suporte narrativo ou um fio condutor entusiasmante para avançar.
Ao longo dos seus níveis tridimensionais de design genérico e reminiscente da era de lançamento do jogo, enfrentamos inimigos, temos algumas batalhas de boss com leituras de ataques e de pontos fracos quase inexistentes, e há ainda espaço para pequenas set pieces inspiradas no filme.
Um dos grandes destaques do jogo original está de volta e abraça esta natureza descontraída e a sua promessa divertida. Trata-se do seu modo cooperativo local, para dois jogadores, que fazem o suficiente para entreter os jogadores e as suas companhias, especialmente os mais novos, que estão só preocupados a ver coisas a mexer no ecrã. No entanto, dada a forma como o jogo se joga e a falta de objetivos profundos e adicionais, para lá de um “avançar em frente”, não consigo afastar a sensação de que qualquer jogo LEGO é uma aposta bem mais interessante para essas sessões de jogo.
Entre as melhorias prometidas pela Aspyr, poucas parecem tornar Star Wars Episode I: Jedi Power Battles num melhor jogo. Visualmente, apresenta-se com resoluções melhoradas e taxas de frames mais altas, proporcionando uma fidelidade maior. Os menus e arte do jogo são mais claras e remasterizadas, mas não passa disso. Tudo tem o mesmo aspeto arcaico, por vezes amador para um jogo atual, e as opções de jogo disponíveis são virtualmente nulas.
Temos ainda a promessa de uma jogabilidade melhorada, mas também aqui somos confrontados com o mínimo dos mínimos, ou seja, os controlos estão simplesmente adaptados aos botões e analógicos dos comandos modernos, com o jogo a controlar-se de forma arcaica e pesada, aliada às animações e ao ritmo do jogo original. No fundo, não é muito diferente do que pegar no jogo original com um comando atual através de emulação. Em cima disso, temos uma dificuldade flutuante entre o muito fácil quando desbastamos droides e outros inimigos, mas elevada quando somos confrontados com bosses – os quais não nos são indicados com clareza os pontos fracos -, em batalhas que são um pouco mais longas do que seria ideal. Também por melhorar ficaram os pontos de checkpoint, demasiado dispersos e que obrigam a rejogar porções substanciais dos níveis quando cometemos erros.
Para aliviar a experiência de Star Wars Episode I: Jedi Power Battles, a Aspyr destaca entre as novidades os modos de jogo para treino, onde é possível aprender os controlos básicos e os movimentos e habilidades das personagens, e conteúdo desbloqueado, como todas as personagens e níveis, permitindo explorar um pouco de todo o jogo logo de início. Portanto, o que a Aspyr oferece aqui é um gigante cheat mode, que torna a progressão do jogo completamente irrelevante.
Eu aprecio imenso este tipo de remasterizações e não posso negar que fico fraco e derreto sempre que a “Duel of the Fates” toca durante os menus de todos estes jogos Star Wars desta época (que em contraste, apenas foi usada duas vezes em toda a história de projetos live-action e de animação). Mas essa é a extensão da minha nostalgia com Star Wars Episode I: Jedi Power Battles. E a oferta da Aspyr para esta remasterização não me encantou ou deu vontade de jogar muito mais. Afinal de contas, quando está tudo desbloqueado, qual é o objetivo?
Numa era em que muitos remasters, especialmente de jogos mais “vintage”, são celebrados por relançamentos que atualizam os jogos para plataformas modernas, deixando a linha entre o remaster e o remake desfocadas (inclusive outras apostas da Aspyr), Star Wars Episode I: Jedi Power Battles é mais um projeto de esforço mínimo por parte da Aspyr, que dificilmente convence a maioria dos jogadores modernos. No entanto, se estivermos a falar de preservação, talvez exista uma apreciação mais positiva. Mas por agora, não será a minha.
Cópia para análise (versão PC) cedida pela Aspyr.