Samsung Galaxy Z Flip. Afinal, como é ter um smartphone que se dobra em concha?

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Durante estes dias, tive oportunidade de usar e abusar do mais recente dobrável da Samsung. Mas será este um smartphone para todos?

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Anunciado mundialmente a 11 de fevereiro deste ano, o Samsung Galaxy Z Flip, o mais recente dobrável da marca sul-coreana, chegou a Portugal 10 dias depois desse anúncio.

Na altura não tive oportunidade de experimentar o dispositivo (experimentei, sim, o Galaxy Fold em novembro do ano passado), mas o sucesso parecia garantido: afinal, quatro dias após as vendas terem iniciado por cá, a Samsung referia que as suas lojas já não tinham mais unidades para venda. No entanto, nunca soubemos ao certo quantos telemóveis foram vendidos.

A verdade é que o equipamento em si causa alguma curiosidade. Isso é inegável. E quis o destino que a Samsung enviasse um Z Flip para as minhas mãos, dando-me uma oportunidade única de experimentar este novo dobrável, fora do alcance das minhas posses, que marcou um regresso ao formato concha dos telemóveis mais antigos, mas desta vez com a tecnologia mais recente.

Ainda antes de avançar com as minhas impressões, convém ter em conta que este equipamento esteve envolvido em polémica, muito devido ao seu ecrã. Tal como falámos aqui, Zack Nelson, dono do canal JerryRigEverything, que se dedica a fazer vídeos a testar a resistência de vários equipamentos, acusou a marca sul-coreana de mentir quando dizia que utilizava vidro ultrafino no Z Flip. Essa acusação deve-se ao facto de o ecrã começar a ficar com riscos no nível 2 (escala vai até 10), mesmo nível em que os ecrãs de plástico começam a ficar marcados.

A Samsung lá se justificou, garantindo que, de facto, usa vidro ultrafino, mas que, por cima desse vidro, está uma camada extra de proteção que é tão durável quanto um simples protetor de plástico. Ora, e sabendo eu desta polémica, contive as minhas expectativas, ao mesmo tempo que fui criando novas.

No que toca à experiência de unboxing, não há grande ciência e nada de especial na caixa, a não ser o facto de trazer uma capa dividida em duas, uma para a parte superior do smartphone e outra para a inferior. Porquê? Simples. Para que o smartphone possa estar protegido contra riscos, mesmo quando está dobrado, seria necessário ter uma capa em partes.

Assim que ligamos o smartphone, e pouco antes de o começarmos a configurar, a Samsung dá-nos uma série de recomendações: não pressionar o ecrã com demasiada força; assegurar que, quando o queremos dobrar, não está nada que possa danificar o ecrã (cartões, moedas, chaves, etc); não colocar adesivos por cima do ecrã, etc. São informações aparentemente simples, mas que um consumidor casual, mais distraído, pode ignorar e, sem querer, danificar o seu produto novo, pondo em causa a sua garantia.

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De assinalar também que o Z Flip não é resistente à água ou poeiras, o que pode ser compreensível neste novo tipo de equipamentos, mas que muitos utilizadores podem dar como garantido dado o valor e qualidade expectável da marca.

Já com o Android iniciado, concluo que pouca muda neste equipamento a nível de utilização. Tudo funciona como seria de esperar: tirar fotos, ver vídeos, ouvir música, navegar na Internet ou fazer chamadas. Tudo isso ocorre com extrema facilidade e com um desempenho muito expectável para um produto premium da Samsung. Porém, o grande selling point deste dispositivo é mesmo o facto de ser dobrável.

Usar o Samsung Galaxy Z Flip é… estranho. Por um lado, sinto que estou a usar algo diferente, único e futurista. É uma sensação estranha que, na prática, e por momentos, parece mesmo revolucionária.

Como referi, tive oportunidade de experimentar o Galaxy Fold por alguns minutos, mas a minha experiência com o Z Flip logo do início afirmou algo de que já estava à espera: este é o meu formato de smartphone dobrável preferido, sem dúvida. É muito mais confortável de se usar e dobrar o equipamento é muito mais simples. Até pode parecer bem andar com um tablet/smartphone no bolso, mas poder ter um smartphone em formato concha tem tanto de futurista como de retro.

Aliás, a grande vantagem do formato do Z Flip é mesmo o facto de ocupar pouco espaço. Sejamos sinceros: muitas das calças/calções que usamos não têm bolsos fundos e, com o tamanho absurdo que os telemóveis começaram a atingir (uma tendência contraditória aos telemóveis do passado, mas prática para os smartphones), isso torna-se um problema. E neste caso, falamos de um dispositivo que tem 6.7 polegadas, por isso, dividir isto por metade para arrumar é incrível.

Há menos perigo de escorregar de um bolso, não fica tanto à vista em bolsos pequenos e reduz a probabilidade de um ladrão se aproveitar dessas circunstâncias. Com o Samsung Galaxy Z Flip esses problemas não acontecem, sendo um equipamento perfeito para quem tem vestuário com bolsos pouco fundos.

Dobrar e desdobrar o equipamento é bastante satisfatório. Ouvir aquele “click” dá-nos a certeza de que tudo está bem e o smartphone é instantâneo a apresentar os conteúdos assim que o abrimos. As oportunidades de utilização são imensas graças a este formato. Dividir conteúdos no ecrã faz agora muito mais sentido e a resistência da dobra oferece formas muito interessantes de se usar o smartphone numa mesa.

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Numa altura em que parece que toda a gente descobriu que os smartphones também servem para fazer videochamadas, usar o Z Flip sem necessidade de um apoio ou acessório extra é apenas um exemplo da extrema versatilidade deste formato.

Mas se funciona tão bem, é tão ergonómico e acrescenta formas tão únicas na maneira como usamos um smartphone moderno, o Samsung Galaxy Z Flip é perfeito, certo? Infelizmente não, apresentando dois problemas que entram em conflito com a natureza deste conceito: o preço e a sua fragilidade, por causa do ecrã.

Algo relativamente tão delicado não devia de custar tanto. As intenções da Samsung até podem ter sido as melhores ao colocar a tal película por cima do vidro ultrafino, mas isto, na prática, dá um aspeto barato ao smartphone. Ao tocar, nota-se perfeitamente que os nossos dedos estão a sentir algo plastificado e prestes a deixar marcas. Há um nível de insegurança na sua utilização que o torna menos prático do que aquilo que promete.

De todas as coisas boas que tem e que faz, parece não viver a 100% do seu potencial. Por exemplo, por muito fácil que seja de arrumar, o seu design é suscetível a pequenos acidentes até mesmo dentro de um bolso, e esse receio não é a sensação que alguém quer ter de um equipamento premium.

Essa camada protetora, que pouco parece fazer a julgar pelos testes de resistência que não nos arriscamos a replicar, nota-se ainda mais sob alguma luz. Visualmente, é como se não fosse suposto existir, dando-nos mesmo alguma vontade de a retirar, como aquelas películas que vêm instaladas em smartphones novinhos em folha. A mim, honestamente, fez-me alguma confusão.

Algo que seria expectável é, infelizmente, demasiado notório. Falo, obviamente, da inevitável dobra no ecrã. É impossível não reparar nela, dando um ar de sua graça principalmente em ecrãs pretos e brancos. Aliás, se tiverem oportunidade de experimentar este Samsung Galaxy Z Flip, passem o dedo pelo meio do dispositivo e irão sentir facilmente a existência da dobra. Este pequeno problema afeta a utilização do dispositivo, revelando que o formato “ainda não está lá”.

Por exemplo, imaginem que, por algum motivo, necessitam de tocar no meio do ecrã, seja para fazer scroll ou outra coisa qualquer. A sensação com que se fica não é a mais agradável. Parece que falta ali qualquer coisa, como se existisse uma secção mais funda, devido à falta de um suporte físico debaixo daquela zona do ecrã.

Com isto em mente, o preço é, no mínimo, obsceno. É certo que é uma novidade e que é um produto premium da Samsung, mas não justifica os 1.529,90€ que se pedem pelo Samsung Galaxy Z Flip. Este conceito, que poderia facilmente evoluir nas mãos de um público muito maior, ansiando por sequelas e evoluções, fica ao alcance de apenas aqueles que têm dinheiro para gastar sem pensar muito.

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É, no fundo, um produto de conceito, daqueles que raramente chega ao mercado, que morre por falta de popularidade e fica perdido no tempo, no catálogo e na cronologia de lançamentos da Samsung. E claro, há também que ter em conta que, pelo preço pedido, o Samsung Galaxy Z Flip nem sequer tem as melhores características do mercado. Não tem o melhor processador, não tem as melhores câmaras, não tem 5G, a bateria é de 3300mAh… Isto só para nomear algumas coisas que ficam aquém de produtos bem mais acessíveis.

Mas atenção, o Samsung Galaxy Z Flip é um equipamento muito especial. É uma janela para um futuro, quando as marcas descobrirem como implementar os melhores materiais neste formato.

Infelizmente, para já aponta apenas para um público de nicho específico, como para aqueles que querem mostrar algum status especial. Não tenho dúvidas que, bem comunicado, este Samsung Galaxy Z Flip seja um produto perfeito para os youtubers e influenciadores digitais desta vida, mas o mais comum dos mortais certamente irá passar ao lado desta inovação.

Reforço que não tenho dúvidas que este será o futuro. Há, de facto, uma certa magia no manuseamento de um ecrã dobrável, um pouco como surgiram as televisões e ecrãs ultrafinos, ou como quando podíamos ver vídeos nas palmas das nossas mãos. E como os smartphones, phablets e até alguns tablets começam a ter formas e tamanhos estranhos, transformando-se, por vezes, em dispositivos híbridos, um ecrã que dobra faz todo o sentido de existir.

Porém, é necessário que a tecnologia fique mais aprimorada, que se torne mais acessível e que se evite ao máximo o uso de camadas extra no ecrã.

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