Ao mesmo tempo, foram iniciadas novas escavações arqueológicas.
Andavam à procura da altura certa para uma visita às Ruínas Romanas de Troia? Pois bem, temos boas notícias. As vistas reabriram no início deste mês, podendo ser feitas entre quarta-feira e domingos até ao final de outubro. Abril é também o mês em que se iniciaram novas escavações arqueológicas, numa oportunidade para dar continuidade aos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos pela equipa de arqueologia do Troia Resort desde 2007.
Ao longo destes anos, a equipa escavou várias áreas e identificou 29 oficinas de salga de peixe. Os estudos científicos, reflectidos em mais de duas dezenas de artigos publicados, e, nomeadamente, a comparação com outros sítios designados para a mesma função no mundo romano, permitiram perceber que a Tróia romana era o maior centro de produção de salgas de peixe do mundo romano.
Os trabalhos arqueológicos previstos na Declaração de Impacte Ambiental da UNOP 4 são, assim, a nova oportunidade para se prosseguir a investigação neste sítio de reconhecida relevância histórica e arqueológico.
Os trabalhos já se iniciaram e incidem nas áreas de ocupação contemporânea do sítio, nomeadamente na envolvente do chamado Palácio Sottomayor, construído nos anos 20 do século XX, nos seus pátios e nos edifícios circundantes, e também entre a basílica tardo-romana e a capela de Nossa Senhora de Tróia.
Um dos trabalhos previstos será a escavação de parte do acesso pedonal à capela, que assenta sobre um cemitério do século IV-V com sepulturas que imitam mesas, nas quais se efetuavam refeições em comunhão com os defuntos ou se depositavam oferendas. Durante o decorrer dos trabalhos, cuja perspetiva é de que se prolonguem até ao final de agosto, será criado um acesso alternativo à capela, sendo que, após a sua finalização, o acesso habitual será novamente reposto.
As Ruínas Romanas de Troia, classificadas como Monumento Nacional desde 1910, estão situadas na margem do rio Sado, na face nordeste da península de Troia. A poucos minutos da zona central de Troia, na outrora presumível Ilha de Ácala e que hoje se insere na Rede Natura 2000, os visitantes são convidados a viajar no tempo.
Envolto num ambiente de beleza natural ímpar, as visitas pelas ruínas da “Pompeia de Setúbal”, conforme foi referida por Hans Christian Andersen, dão a conhecer um monumento nacional que sobreviveu mais de 2000 anos, com casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, que identificam a cidadania romana. Na época romana, este terá sido um dos maiores e mais interessantes complexos fabris de conservas de peixe do Império Romano e do Mediterrâneo Ocidental, com uma extensão de quase dois quilómetros. Da instalação industrial faziam parte oficinas e tanques de salga (cetárias) de peixe e marisco que se destinavam à produção do garum, um condimento muito apreciado pelo povo romano.