G20 é uma falha colossal em todos os departamentos, com exceção do elenco liderado por atores dedicados como Viola Davis e Antony Starr.
Realizado por Patricia Riggen (Miracles from Heaven) e escrito por Caitlin Parrish & Erica Weiss (The View from Tall) e Noah Miller & Logan Miller (White Boy Rick), G20 segue a Presidente dos Estados Unidos da América, Danielle Sutton (Viola Davis), enquanto tenta impedir um ataque terrorista durante uma cimeira do G20. Quando um grupo de mercenários torna reféns os lideres mundiais, a Presidente recorre à sua experiência militar para salvar o dia. A premissa, à primeira vista, parece prometer tensão e ação com elevados níveis de entretenimento.
No entanto, G20 rapidamente revela-se uma tentativa falhada de imitar os clássicos dos anos 80, como Die Hard, sem a competência necessária para executar as fórmulas consagradas. A narrativa falha redondamente no que toca a envolver o público numa situação que deveria ser imediatamente estimuladora. Os antagonistas, liderados pelo ex-militar Rutledge (Antony Starr), são superficialmente motivados pela busca insaciável por dinheiro, tentando justificar os seus atos com um discurso sobre “justiça global”. No fundo, são apenas caricaturas sem profundidade alguma. A estrutura do argumento é desorganizada, com uma série de reviravoltas e revelações sem impacto, culminando num terceiro ato altamente exagerado que quebra toda e qualquer lógica narrativa.
Quando uma obra começa a passar os créditos finais antes de mostrar a resolução do seu conflito principal, qualquer mensagem importante fica perdida na pressa de terminar um filme cujo objetivo é um enigma. Tematicamente, G20 tenta abordar questões sérias, como a fome mundial, a desigualdade global e a manipulação digital, mas fá-lo de forma chocantemente irresponsável e incoerente. O “Together Plan”, que supostamente visa acabar com a fome em África, é apresentado de forma tão brusca que, na verdade, não consigo descrever tal solução fantástica devido à sua falta de foco e desenvolvimento.
Riggen também toca na ascensão de uma mulher negra à presidência dos EUA, mas, ao invés de celebrar este feito com mérito e substância, transforma-o numa campanha propagandista construída sobre uma verdade manipulada. A mensagem de empoderamento e justiça torna-se, assim, contraditória, pois a própria base da eleição da protagonista é desvalorizada por uma narrativa que distorce a realidade. Quando tópicos como estes são tratados com tamanha falta de sensibilidade, é difícil não ficar ofendido com G20 e a sua maneira de tratar a audiência como se fosse desprovida de cérebros. Aliás, quando a proposta de um colapso económico global em segundos via vídeos deepfake e criptomoedas parece ser a parte mais plausível da história, é impossível não questionar a lógica por trás de tudo.
Infelizmente, nem a ação consegue compensar o enredo genérico e carregado de clichés aborrecidos. A montagem caótica e repleta de cortes abruptos dificulta a compreensão de qualquer sequência de luta ou tiroteio. Desajeitada, sem qualquer tipo de coreografia, a câmara tremida apenas contribui para uma experiência desorientadora e frustrante. Um filme que não sabe equilibrar a ação com a narrativa perde a capacidade de capturar a atenção do público e G20 faz exatamente isso.
A salvação da obra resta nos ombros de um elenco que tenta genuinamente elevar o material recebido. Viola Davis (Fences), como sempre, entrega uma interpretação sólida e emocionalmente carregada, assim como Antony Starr (The Boys) e a surpresa agradável que é a carismática Marsai Martin (Black-ish). Infelizmente, não são suficientes para evitar que G20 se torne num dos filmes mais esquecíveis do ano, sendo o seu argumento um dos mais confusos dos últimos tempos.
VEREDITO
G20 é uma falha colossal em todos os departamentos, com exceção do elenco liderado por atores dedicados como Viola Davis e Antony Starr. Patricia Riggen tenta passar uma mensagem de justiça e empoderamento, mas, no final, entrega uma obra vazia, desavergonhadamente formulaica e chocantemente incoerente. A ação frequentemente incompreensível, a falta gritante de desenvolvimento temático e a abordagem desleixada de questões sensíveis sobre o mundo real fazem deste exercício superficial um dos piores filmes do ano. Um thriller genérico que, mesmo ao tentar emular clássicos do passado, deixa muito a desejar…