O Tavares, conhecido por Tavares Rico, passa a fazer parte do leque de restaurantes do Grupo Multifood, que adquiriu a histórica casa lisboeta. O restaurante vai continuar a funcionar com normalidade, com o grupo a assegurar toda a operação do espaço, mantendo os fornecedores e a equipa residente, assim como o menu e horários vigentes. Porém, espera-se que existam algumas novidades relacionadas com o espaço muito em breve.
É um marco no percurso de 20 anos de um dos maiores e mais prestigiados grupos de restauração portugueses. O Alma, do qual Henrique Sá Pessoa é o chef Executivo e que ganhou uma estrela Michelin em 2015, o Pesca, chefiado por Diogo Noronha, o Tapisco ou a Sala de Corte, que reabriu na semana passada, bem como o Delidelux ou a Pizzaria ZeroZero são alguns dos ex libris do Grupo fundado e liderado por Rui Sanches.
O Tavares é um dos restaurantes mais antigos da Europa (abriu portas em 1784, embora ainda como café), e ainda mantém o nome dos excêntricos e então conhecidos irmãos Tavares, que tomaram conta do negócio em 1823. Com uma história recheada de episódios — refúgio liberalista, foi obrigado a encerrar as portas em 1826 devido aos conflitos entre Miguelistas e Liberais —, é um ícone do Romantismo português, que marcou o século XIX e que ficou eternizado nas obras de Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, frequentadores assíduos.
No entanto, foram Vicente Marques Caldeira e o seu filho Manuel Caldeira que o transformaram num dos restaurantes mais exclusivos e luxuosos da Europa, em 1861. A talha dourada, os vitrais, os lustres de cristal, os motivos rococó, a elegância dos estilos belle époque e art nouveau, fizeram do Tavares Rico um lugar de culto. Este símbolo arquitetónico de Lisboa é um Imóvel Classificado e está integrado numa Zona Especial de Protecção.
Sob o comando do chef José Avillez, o Tavares recebeu a sua primeira estrela Michelin em 2009, que não seria revalidada em 2012.