Luís Franco-Bastos abre o coração de forma cómica e partilha a vida em Diogo

- Publicidade -

O título deste artigo pode ser muito profundo, mas as gargalhadas estão garantidas em cerca de hora e meia de um texto bem construído e com bastante ritmo.

No passado sábado, 21 de janeiro, Luís Franco-Bastos passou por Torres Novas com a sua mais recente tour, Diogo, o seu quinto espetáculo a solo. O Teatro Virgínia esgotou para ouvir o humorista naquele a que chamou “o solo mais pessoal de sempre“, e o Echo Boomer esteve presente. Acompanhem-nos agora numa análise sem spoilers de Diogo.

Chegámos perto das 21h20, já não havia espaço para estacionar e quase não era possível respirar de tanta gente que aguardava a abertura das portas. Uma vez abertas, o público rapidamente escoou para dentro da sala, que se foi compondo até o apagar das luzes. Em cima do palco, uma imagem muito simplista: um banco e um painel de leds com a palavra “Diogo” suspenso no ar. Para o solo que prometia mexer com a vida de Luís Franco Bastos, o ambiente não podia ser mais acolhedor.

Foi Pedro Sousa quem deu as boas-vindas ao público. Para quem não conhece, o humorista de 28 anos fez parte do coletivo Roda Bota Fora, juntamente com outros cinco comediantes. Naquela que foi a sua primeira passagem por terras torrejanas, Pedro Sousa aproveitou para desabafar, numa espécie de consulta de psicologia invertida, como admitiu… Ao longo de cerca de 15 minutos de um texto facilmente relacionável e alguma interação com um rapaz da primeira fila, claramente envergonhado – se não querem ser incomodados pelo artista, não se sentem à frente… – o humorista conseguiu pôr o público a rir, aquecendo as hostes para o homem da noite. Amigos, bebés e amigos com bebés foram os temas principais de uma curta atuação que, facilmente, poderia fazer parte de um espetáculo em nome próprio.

Uma enorme salva de palmas recebeu Luís Franco-Bastos, que correu para o palco em êxtase, tais eram as saudades de estar em digressão pelo país. Não somos nós que o dizemos, é o próprio logo nos primeiros minutos. Ao longo de três extensos bits, o humorista aborda assuntos importantes da sua vida e abre o coração ao público que pagou bilhete para o ver. Cá está a consulta de psicologia invertida que Pedro Sousa falava.

Lavagem de automóveis que mais parecem lavagem de dinheiro, problemas repetitivos de saúde e a vida e morte dos pais, e o impacto destes na sua própria vida, são os principais temas que o humorista desenvolve em cerca de hora e meia. O solo mais pessoal de sempre – temos que reforçar esta característica pela sua importância – abrange temas que, usualmente, estão fora dos “limites do humor”, mas a questão é: quem define esses limites?

Luís Franco-Bastos admitiu recentemente no podcast Humor à Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, que na semana da morte dos pais já estava a fazer piadas sobre o assunto e que este solo é a maneira que teve de “abrir o coração de forma cómica”. A verdade é que algumas das piadas que disse acerca do assunto, por muito boas que fossem, deixaram um silêncio ensurdecedor no teatro. A culpa não é do artista, mas sim do público, que ainda não se sente preparado para lidar de uma maneira divertida com os assuntos mais pesados. Se estão à espera de mil e uma imitações, algo característico do comediante, desistam dessa ideia. A única participação especial é a de Andreia, personagem do podcast Hotel, e cremos que apenas os mais atentos a apanham… Se voltámos a ouvir o podcast passado na Marateca depois do espetáculo? Não podemos confirmar nem desmentir.

Ao longo do texto, Luís Franco-Bastos mantém sempre um ritmo incrível e não há qualquer momento morto. A interação com o público foi pouca, e claramente não estava planeada, ao ser despoletada pelo “contacto” inesperado de duas ou três pessoas. Uma coisa que deve ser apontada, para nós talvez a mais surpreendente, foi o crossover entre bits que lembrou imenso Dave Chappelle em Equanimity & The Bird Revelation. Quem conhece o special sabe que o humorista americano explica que escreve piadas de trás para a frente, e que termina o espetáculo com uma piada que disse no início. Apesar de parecido, em Diogo não é esse o caso. Luís Franco-Bastos incorpora em certos bits piadas e pedaços do texto de bits anteriores, o que revela um excelente trabalho de bastidores.

Resta-nos aguardar pelo próximo trabalho do comediante e terminar o podcast Hotel enquanto não surge o próximo solo. Enquanto isso, podem ver o seu espetáculo Consciente, de 2020, que está disponível no YouTube.

- Publicidade -

1 Comentário

  1. Excelente artigo! Não tive lá para ver, mas deu para perceber que foi um espetáculo há muito desejado!

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados