Um atraso muito considerável.
A modernização integral da Linha da Beira Alta, integrada no Corredor Internacional Norte, reveste-se de elevada importância na requalificação da Rede Ferroviária Nacional, disponibilizando às empresas e passageiros um transporte ferroviário mais eficiente nas ligações ferroviárias inter-regionais, bem como na ligação a Espanha e restante Europa. Sabendo disso, alguns constrangimentos, embora fundamentais, têm estado a acontecer desde abril.
Na verdade, desde 19 de abril do ano passado que a Linha da Beira Alta está encerrada à circulação ferroviária. A interdição total em toda a extensão garante a segurança dos trabalhadores em obra e permite que as empreitadas decorram com maior eficiência, com importantes ganhos no encurtamento dos prazos de execução, poupanças ao nível dos encargos e forte mitigação dos transtornos provocados.
Ora, estava previsto que esta interdição no serviço ferroviário durasse cerca de nove meses, para que, no início de 2023, os utilizadores passassem a dispor de um serviço de transporte ferroviário de maior qualidade, conforto, segurança e ambientalmente sustentável. Mas a obra está atrasada.
Nos dias 24 e 25 de outubro de 2022, a Infraestruturas de Portugal reuniu-se com os Presidentes de Câmara de Mortágua, Mealhada, Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Nelas, Mangualde, Trancoso, Fornos de Algodres e Guarda, assim como com representantes de Gouveia, Pinhel e Celorico da Beira, para apresentar o atual ponto de situação das diversas empreitadas, revelando que seria necessário prolongar o período de encerramento à circulação ferroviária na Linha da Beira Alta.
Tal deve-se aos impactos decorrentes da pandemia de Covid-19, ao prolongar da guerra na Ucrânia, que tem afetado fortemente o mercado da construção, designadamente no tocante à disponibilidade e prazo de fornecimento de materiais de origem ferrosa, e às dificuldades sentidas pelos empreiteiros na contratação de subempreiteiros.
Realça-se que estava já previsto, para 2023, o encerramento à exploração no período noturno e nos fins de semana, face à complexidade dos trabalhos.
Já no decorrer da empreitada, em setembro de 2021, a IP foi confrontada com a Declaração de Impacto Ambiental relativa à Duplicação do IP3, Coimbra – Viseu, que não validou a nova Variante a Santa Comba Dão, tendo sido antes aprovada a solução de duplicação do atual troço do IP3. Esta decisão obriga à demolição da atual obra de arte (viaduto) da Linha da Beira Alta no cruzamento com o IP3. A IP, perante a necessidade de, num futuro próximo, se ver obrigada a voltar a ter que encerrar a Linha da Beira Alta para proceder à demolição da atual obra de arte e à construção de uma nova, decidiu avançar com a execução imediata destes novos trabalhos. Neste sentido, foi incluída a demolição da atual obra de arte e a construção de uma nova, já preparada para a duplicação do IP3, na empreitada em curso entre Santa Comba Dão e Mangualde. Esta intervenção iniciou-se no corrente mês de outubro, tendo um prazo total de execução de 270 dias.
Tal facto, associado aos constrangimentos referidos anteriormente, determina que não é possível reabrir o serviço em janeiro de 2023, sendo necessário prolongar a interdição do serviço ferroviário.
Para quando mesmo? De acordo com alguns órgãos de comunicação social, a reabertura da Linha da Beira está agora prevista para novembro, mais especificamente para 12 de novembro.
Ou seja, o troço Pampilhosa-Guarda, com 160 quilómetros, fechado desde abril de 2022 e que deveria reabrir em janeiro deste ano, somente volta a funcionar em novembro. Trata-se de um “apagão” de 19 meses, ou seja, cerca de ano e meio.