Afinal, podem ser precisos quase 8.000 trabalhadores para salvar hotelaria no Algarve

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Os salários, infelizmente, não são os melhores.

Sendo do conhecimento geral a dificuldade que se tem tido em contratar recursos humanos para o setor da hotelaria, a AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve foi convidada pela OIM – Organização Internacional das Migrações e pela RTA – Turismo do Algarve, para integrar duas comitivas que se deslocaram a Marrocos e Cabo Verde, com a finalidade de avaliar as possibilidades de recrutamento de recursos humanos, por um período temporário.

Após essas viagens, verificou-se a possibilidade de contratar funcionários desses países, sendo que o processo deveria ter início em outubro. À AHETA, caberá informar o IEFP sobre o número de funcionários a contratar e em que áreas. Já o IEFP, por sua vez, terá de contactar a sua congénere local, de modo a avançar com o recrutamento. O objetivo é que, no final de tudo, os trabalhadores selecionados possam vir para o Algarve em março ou abril de 2023.

“Temos cinco mil vagas para preencher imediatamente no turismo, no Algarve”, disse João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, aquando do regresso das viagens a Marrocos e a Cabo Verde, indicando que este último “tem uma população muito jovem, afetada por uma taxa de desemprego de 20%, sendo a geral de 15%”.

Ora, parece que, afinal, serão precisos ainda mais trabalhadores até finais de 2023. De acordo com o estudo “O capital humano na hotelaria e empreendimentos turísticos do Algarve”, encomendado pela AHETA à Universidade do Algarve através do Laboratório Colaborativo do Turismo e Inovação (KIPt COLAB), “as necessidades de recursos humanos variam entre 4.484 e 7.906 até finais de 2023, nas empresas inquiridas”. O estudo tem por base uma amostra que representa 54% da capacidade de alojamento no Algarve, 52% da procura turística e 34% do emprego na região.

De acordo com os números divulgados, os associados da AHETA têm atualmente cerca de 17.000 empregados, precisando de aumentar em cerca de 30% esse efetivo. “As dificuldades de contratação são evidentes, principalmente nas áreas mais operacionais, como sejam a alimentação e bebidas, o alojamento e a manutenção”, segundo a responsável pelo relatório, a professora Antónia Correia.

Mas para que, efetivamente, existam trabalhadores interessados em enveredar pelo ramo, é preciso que também os salários sejam minimamente bem remunerados. Em termos de valores, tem-se pago, em média, um salário bruto de cerca de 1.013€, número baixo é certo, mas 70% superior ao que era pago em 2015.

No entanto, este não deixa de ser um valor extremamente baixo para o setor. Para terem noção, a cadeia espanhola Mercadona vai pagar, e já a partir do início de 2023, um salário de entrada de 1.034€ brutos mensais. Os funcionários da empresa são ainda aumentados 11% ao ano, durante quatro anos, ficando a receber 1.414€ brutos mensais. E quando estamos a falar de um trabalho que, à partida, não requer tantas responsabilidades como no setor hoteleiro, então há sérias mudanças a levar a cabo no setor.

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