Resta saber se este Parque Cidades do Tejo sairá do papel…
Na passada sexta-feira, dia 28 de março, o Governo apresentou, aos presidentes dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML), bem como ao presidente da Câmara de Benavente, um ambicioso projeto de regeneração urbana que promete transformar radicalmente as margens do Tejo. Designado Parque Cidades do Tejo, este plano abrange os municípios de Lisboa, Oeiras, Loures, Almada, Barreiro, Seixal, Montijo e Benavente, e prevê a construção de 25.000 habitações, bem como a criação de 200.000 postos de trabalho. A iniciativa visa estabelecer uma grande metrópole interligada, onde o rio deixa de ser uma barreira para se tornar um elo de união entre os territórios.
Com uma área de intervenção de 4.500 hectares, 55 vezes superior à da Parque Expo 98, o projeto estruturar-se-á em quatro eixos principais: Arco Ribeirinho Sul (Almada, Seixal e Barreiro), Ocean Campus (Oeiras e Lisboa), Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa e Loures) e Cidade Aeroportuária (Benavente e Montijo). O plano contempla ainda a construção de duas novas travessias do Tejo: a Terceira Travessia Rodoviária (Chelas-Barreiro) e o túnel Algés-Trafaria, além de um novo aeroporto e investimentos substanciais na ferrovia de alta velocidade.
O Arco Ribeirinho Sul, com uma área de intervenção de 519 hectares ao longo de 15 quilómetros de frente ribeirinha, será um dos principais polos de transformação. Nesta zona, prevê-se a construção de 8.000 novas habitações e a criação de 94.000 empregos. Em Almada, nos antigos estaleiros da Lisnave, surgirá um novo espaço urbano que integrará habitação, comércio, serviços e equipamentos culturais, incluindo a Ópera do Tejo. No Barreiro, a antiga Quimiparque dará lugar a um centro de congressos internacional, enquanto no Seixal, na área da ex-Siderurgia Nacional, será desenvolvido um parque empresarial ecológico, com áreas de lazer e um forte enfoque no setor terciário.
No Ocean Campus, localizado entre Oeiras e Lisboa, está prevista a criação de um cluster de inovação e investigação, associado a um parque urbano e um espaço para grandes eventos. Este eixo, que ocupará 90 hectares, deverá gerar cerca de 15.000 postos de trabalho. Já no Aeroporto Humberto Delgado, que terá uma área de intervenção de 400 hectares, estima-se a construção de 9.800 novas habitações.
O eixo Cidade Aeroportuária, que se estenderá por mais de 3.000 hectares entre Benavente e Montijo, incluirá a criação de uma nova cidade aeroportuária, servida por ligações ferroviárias de alta velocidade e rodovias estratégicas. Este espaço será também dedicado ao desenvolvimento de polos de ciência e indústria náutica, impulsionando a economia da região.
O projeto contempla ainda um forte investimento na mobilidade sustentável, com a expansão das redes do Metropolitano de Lisboa e do Metro Sul do Tejo, a modernização da Transtejo/Soflusa e a criação de novas linhas intermodais. Destacam-se a Linha Intermodal Sustentável (LIOS), que ligará Oeiras, Lisboa e Loures, e o Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras (SATUO), que fará a ligação entre Paço de Arcos e Massamá. Adicionalmente, prevê-se um investimento de 3.000 milhões de euros na Terceira Travessia do Tejo e 1.500 milhões no túnel Algés-Trafaria.
Para gerir a implementação deste vasto plano, será criada a Sociedade Parque Cidades do Tejo, S.A., uma empresa detida a 100% pelo Estado, com uma dotação inicial de 26,5 milhões de euros. A sua gestão será baseada num modelo de participação equilibrada entre o Governo e os municípios envolvidos.