Afinal, os novos navios elétricos da Transtejo somente devem começar a funcionar em 2024

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Tudo porque as estações de carregamento de baterias estão atrasadas.

Em 2019, o Conselho de Ministros autorizou a despesa relativa à renovação da frota da Transtejo, que contemplava a aquisição de 10 navios elétricos, até ao montante global de 57 milhões de euros para investimento e de 32,946 milhões de euros para manutenção, no período de 2020 a 2035. Dois anos depois, esses valores de investimento foram atualizados, passando de 57 milhões de euros para 62 milhões de euros.

Já em 2022, o Conselho de Ministros procedeu à reprogramação da autorização da despesa relativa ao Plano de Renovação da Frota da Transtejo, que passa a ser de um máximo global de 70.545.497€, referentes à componente de investimento, e até 28.800.505€, referentes à componente de manutenção. E deve-se tudo à aquisição e construção dos postos de carregamento.

“No âmbito dos procedimentos concursais levados a cabo pela Transtejo, S. A., para a aquisição e construção dos postos de carregamento, verificou-se terem sido apresentadas apenas candidaturas acima do preço-base, em virtude das características de inovação específicas deste projeto e dos impactes que a pandemia da doença Covid-19 teve no fornecimento de matérias-primas no mercado internacional”, lia-se em Diário da República.

O Governo considerava que o “interesse público e a urgência da concretização do Plano requerem que a empresa lance, de imediato, um novo concurso público para a aquisição e construção dos postos de carregamento ao abrigo da despesa autorizada, por forma a não comprometer o prazo final para a conclusão do Plano”.

“Tendo em conta a aceleração da execução na fase final do atual período de programação e a disponibilidade financeira do ‘Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos’, é possível prever o aumento da comparticipação deste programa operacional”, de acordo com o mesmo documento.

Ou seja, o Plano de Renovação da Frota da Transtejo passava a contemplar a aquisição de 10 novos navios, a aquisição e construção dos postos de carregamento e a respetiva manutenção dos navios e postos no período de 2022 a 2036, mais um ano que anteriormente previsto.

Até aqui, e já depois de termos tido um primeiro vislumbre do aspeto dos novos navios da Transtejo, que são 100% elétricos, já sabíamos que os navios iriam operar nas ligações fluviais de Cacilhas, Montijo e Seixal, no distrito de Setúbal. Foi também dito publicamente, em 2022, que o primeiro navio 100% elétrico, vindo dos estaleiros espanhóis Gondán, chegaria até ao final desse ano. Mas não foi isso que aconteceu.

De facto, foi somente em março deste ano que o primeiro navio 100% elétrico para a Transtejo chegou a Lisboa. No ano passado, o plano passava por receber quatro navio até junho de 2023, mas, estando nós já em agosto de 2023, sabe-se agora que as restantes três unidades só deverão chegar mais perto do final deste ano. Ou então só mesmo em 2024.

Cegonha-Branca é o nome deste primeiro navio, batizado com o nome de uma ave autóctone do estuário do Tejo. O mesmo acontecerá com os restantes navios.

Em comunicado, a Transtejo refere que o Cegonha-Branca “navegará em direção às instalações da empresa, em Cacilhas, onde fará a sua primeira ligação a terra para carregamento de energia”, ficando posteriormente disponível na próxima semana para “vistorias técnicas, por parte da DGRM – Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos”.

Quais as vantagens dos novos navios 100% elétricos da Transtejo?

De acordo com a empresa, “a nova frota permitirá melhorar a experiência da viagem fluvial, alcançar ganhos em eficiência energética, reduzir os atuais custos de manutenção e eliminar a emissão de CO2 no transporte público”, frota essa que “foi especificamente concebida para as necessidades de operação da Transtejo”.

“Os novos navios 100% elétricos, permitirão, ainda, uma operação fluvial isenta de ruído, vibrações e odores, pelo que o projeto constitui, de facto, um assinalável contributo para a promoção da mobilidade sustentável na AML – Área Metropolitana de Lisboa”, diz ainda a empresa em comunicado, reforçando que, devido ao “processo de descarbonização da atividade de transporte fluvial, a Transtejo contribuirá, também, para uma melhoria do ecossistema e da biodiversidade existentes no rio Tejo”.

Convém referir que o Cegonha Branca foi o único navio elétrico do lote dos 10 navios comprados a ser adquirido com bateria. Para a aquisição das restantes baterias, a Transtejo viu-se obrigada a lançar um concurso público, já depois de o Tribunal de Contas (TdC) ter chumbado, por ajuste direto, a compra de baterias para nove navios elétricos novos.

Entrega das estações de carregamento está muito atrasada

Ao bom estilo português, novamente as datas previstas nunca são cumpridas. Se se previa que as estações de carregamento já estivessem a ser instaladas nos principais cais da Transtejo, a verdade é que processo atrasou… para 2024.

De acordo com o Observador (acesso pago), deve-se tudo à falta das licenças necessárias para ligar à rede elétrica de média tensão e para certificar os pontões junto das autarquias e da Direção-Geral de Recursos Marinhos. Por outras palavras, “o cronograma de execução da empreitada de conceção/construção e fornecimento das estações de armazenamento de energia de terra foi objeto de revisão”, confirmou fonte oficial da Transtejo ao mesmo jornal.

Sabe-se agora, segundo o novo calendário de operações da Transtejo, que a primeira estação de carregamento, a ficar localizada no terminal fluvial do Seixal, deverá ser entregue em dezembro deste ano. As restantes? Só mesmo algures durante o primeiro semestre de 2024, isto é, até junho do próximo ano. E mesmo assim, nada garante que estas datas sejam cumpridas.

Alexandre Lopes
Alexandre Lopeshttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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1 Comentário

  1. É óbvio que, como tudo no nosso País,as estações de carregamento elétrico dos navios deveriam ser um assunto de lana caprina,mas alguém nas entidades intervenientes, alegadamente, também quer ganhar ” algum” ….., atrasando assim toda a operação!

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