O novo inquérito surge num momento de descontentamento generalizado do uso dos Game Key Cards e como oportunidade para os jogadores se fazerem ouvir.
A Nintendo lançou um novo questionário dirigido aos jogadores da Nintendo Switch 2, pedindo feedback sobre as suas preferências no acesso aos jogos, entre formatos digitais e físicos. O inquérito surge dois meses após o lançamento da Switch 2, que ficou marcado com a confirmação (feita após uma transmissão anterior ao lançamento da consola) de que a Nintendo não tenciona recorrer aos chamados Game Key Cards nos jogos desenvolvidos internamente, deixando o formato reservado às editoras parceiras que operam na nova consola.
Os Game Key Cards são uma nova forma de distribuição física, já presente em vários títulos previstos para a Switch 2. Em que em vez de incluírem o jogo completo num cartucho tradicional, funcionam apenas como cartões de ativação, exigindo a instalação dos dados por via digital. Para muitas editoras, esta é uma solução que permite reduzir os custos de produção, mas do lado da comunidade tem sido alvo de fortes críticas, sobretudo por parte de quem valoriza o colecionismo e a preservação de jogos.
A Nintendo garantiu que não aplicará esta estratégia nos seus próprios jogos, o que deixa de fora nomes como Mario, Zelda ou Metroid. Ainda assim, quase todas as editoras externas, como a Capcom, a Konami ou a SEGA, já confirmaram que vão recorrer a este modelo, enquanto apenas CD Projekt, Marvelous e a própria Nintendo continuam, por agora, a lançar cartuchos com o jogo completo.
O debate tem sido particularmente intenso devido ao peso dos ficheiros. Jogos como Hitman, por exemplo, exigem 61 GB de espaço livre, num sistema que vem apenas com 256 GB de armazenamento interno, parte do qual já ocupado pelo software da consola. Para muitos jogadores, isto significa ter de apagar e reinstalar jogos constantemente, o que compromete a experiência portátil e levanta dúvidas quanto ao futuro do acesso offline.
É neste contexto que surge o novo inquérito oficial da Nintendo, uma oportunidade rara para os jogadores partilharem diretamente as suas preocupações. O questionário inclui perguntas sobre hábitos de compra, formatos preferidos e experiências recentes com jogos físicos ou digitais. Para muitos, trata-se de um momento-chave para fazer ouvir a voz da comunidade, especialmente numa altura em que o modelo tradicional está a perder força.
Apesar das críticas, algumas editoras elogiaram a decisão. Kaoko Kino, presidente da consultora japonesa Kyos Inc., em entrevista ao Bloomberg afirma que várias editoras estão “gratas à Nintendo”, uma vez que os Game Key Cards permitem aliviar os custos num mercado cada vez mais exigente. Mas nem todos concordam. Já Stephen Kicks, fundador da Nightdive Studios, desabafa ao GamesIndustry.biz que a abordagem é “desanimadora” e defende que a Nintendo deveria levar a sério o papel que tem na preservação de videojogos.